Capítulo 4.1

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— Alisha! Você, é uma belezinha, menina! Pena acabar assim — Ruby falava em francês e sorria, enquanto aproximava o bisturi dos olhos da garota seminua, que estava deitada sobre alguns caixotes de madeira, cujos braços e pernas estavam amarrados, permitindo que se visse nitidamente a barriga saliente em um corpo extremamente magro.

O olhar suplicante da jovem demonstrava o seu desespero, o que só empolgava ainda mais a sua agressora. No meio da sua boca, Ruby enfiara um pedaço de pano que cortara do próprio vestido da garota, impedindo-a de gritar, mas permitindo-lhe um choramingo abafado. — Sabe que eu estava louca para vir à Chade? — indagou lançando um olhar para Vincent, que se mantinha afastado, sentado numa cadeira e atento ao show de horrores à sua frente.

— Sim, você me disse algumas vezes que queria vir, confesso que não entendia os seus motivos, já que como você mesma me disse, poderia obter melhores cargos facilmente, graças à influência dos seus pais, de forma que não precisaria se refugiar num fim de mundo como esse! — declarou Vincent.

— Imagino que agora entenda perfeitamente! — falou ela, enquanto riscava superficialmente a perna da garota, que se contorcia de dor.

— Sim, é pela facilidade de se obter carne humana! — Vincent respondeu debochado.

— É, podemos dizer que sim — falou deslizando o bisturi suavemente sobre a cocha da garota, que se contorcia pela dor provocada por sua carne ser rasgada. — Ah, como adoro esse tom de pele, o contraste com o sangue é perfeito! — declarou.

Enquanto os gritos de Alisha eram abafados, as lágrimas desciam abundantes em seu rosto, assim como o sangue que escorria da sua pele para os caixotes e em seguida para o chão.

— Sabe que Chade tem me lembrado minha vida no Japão! — Sorriu para Vincent.

— Hum, imagino que viver no Japão seja muito parecido com viver aqui! — Vincent debochou.

— Não me refiro a isso. — Ruby revirou os olhos. — São essas meninas, me trazem boas lembranças, eram bons tempos aqueles!

— Refere-se ao seu mentor Kioshi?

— Também, mas me referia à "carne", eram carnes jovens como essas!

— Ruby?

— Sim? — Ruby olhou para Vincent rapidamente, voltando sua atenção para a garota.

— Você nunca me disse como descobriu sobre... sobre o ceifador!

Ruby escorregou o bisturi pelo seio esquerdo de Alisha, perfurando-o a partir do mamilo, desceu devagar através de um corte diagonal, em seguida, fez o mesmo no seio direito, criando uma corrente de sangue em "x".

Alisha queria implorar para que ela parasse, para que não a torturasse mais, a dor parecia não ter fim.

— Digamos que eu não sabia, eu desconfiava, então precisei ter certeza!

— Charlote?

— Sim, o assassinato da inglesa confirmou minhas suspeitas! — declarou enquanto riscava com o bisturi o abdômen de Alisha, que finalmente dava sinais de que logo perderia a consciência, era seu cérebro reagindo à dor latente.

— Por que suspeitava de mim? — Vincent perguntou curioso.

— Sou bastante observadora, por assim dizer! Cruzamos algumas vezes no instituto, eu te analisava, algo que faço com cada pessoa que cruza o meu caminho, mas em geral, me deparo com pessoas sem graça, deprimentes demais! Agora você... seus sorrisos, suas falas e seus gestos tão bem ensaiados... — Sorriu maliciosa enquanto enchia um copo de água. — Percebi logo que seu excesso de simpatia é seu jeito educado de dizer que é superior aos demais, porque por detrás dessa sua máscara de bom sujeito, há um homem muito arrogante! — Jogou a água no rosto de Alisha, fazendo-a despertar sobressaltada.

— Ah, análise interessante! — respondeu sem demonstrar emoção.

— Enquanto um indivíduo comum não é capaz de disfarçar sua própria arrogância, você o faz, isso porque também consegue fingir os sentimentos que quiser, o sentimento que lhe convir! Você é charmoso, inteligente e manipulador, um verdadeiro ator na vida real, mas o restante do elenco nem sequer desconfia, a não seu eu!

— Você acha mesmo que sabe tudo a meu respeito! — observou ríspido.

— Tudo, talvez não, mas sei mais do que qualquer outra pessoa, mais até mesmo que sua ex-mulher, pois enquanto comigo você assume quem realmente é, com ela você se revestiu de sua melhor máscara, adequou sua personalidade e se tornou a pessoa que Donna queria que você fosse, assim, cativou-lhe um amor cego, tornou-a dependente dos seus cuidados e da sua falsa proteção! Você é um psicopata, Vincent, você não é o primeiro que vejo através das máscaras!

— Eu poderia aplaudir agora, mas soaria ensaiado demais — falou com ironia.

— Esteja certo que sim — respondeu ela no mesmo tom, enquanto fazia um corte profundo na bochecha de Alisha, que parecia alheia ao que acontecia, pois já estava cansada e ferida demais.

— Deveria ter feito psicologia e não biomedicina — declarou ele sorrindo.

— Não preciso entender de psicologia para reconhecer alguém como eu, querido! — falou cortando a outra bochecha. — Acho que essa inútil não aguenta mais!

— Ótimo, agora é comigo — falou Vincent se levantando da cadeira e se aproximando.

Ruby lhe entregou o bisturi, que ele apanhou já com a mão revestida pela luva azul, igual à que sua parceira usava.

— Em pensar que ela veio até aqui acreditando que ganharia uns trocados depois de te fazer alguns favores — observou maliciosa.

— Você tem se saído uma ótima cafetina — debochou ele enquanto limpava o sangue da barriga da garota, usando o que sobrou do seu vestido, para então poder fazer a incisão e finalmente extrair o pequeno anjo.

— Tenho me esforçado — respondeu no mesmo tom. — Fico feliz que ela não faça seu tipo!

— Você também não faz, então isso não quer dizer nada — respondeu sério, enquanto perfurava a pele de Alisha, cortando cada camada, fazendo-a desmaiar pela última vez.

O Ceifador de Anjos: A Última CeifaWhere stories live. Discover now