A Fênix de Fabergé

Capítulo 3

A Fênix de Fabergé está te esperando na amazon. 

Aleksei e Kenya estão doidos para te encantar. 

Enjoy.

— Não acredito que eles não aceitaram os termos do contrato!

A ideia de não a ter no meu circo depois de assistir, pela terceira vez, ao melhor show de contorcionismo que já vi não me agrada. Minha motivação primária, sem dúvida, é satisfazer a minha sede de vingança contra Adrik Vladmirovich. Eu o quero na miséria e que pague pelo mal que fez.

Mesmo sabendo da possibilidade de ele não poder ser condenado legalmente pelo incêndio no circo e suas consequências, por já ter passado tempo demais, é possível fazer justiça de outra forma. Ele pode ser condenado por outro crime, mas, na verdade, eu saberei que estará pagando pelo que fez ao meu pai, que acabou falecendo quando a coluna de madeira em chamas caiu sobre o local em que estávamos.

Fecho os olhos e a imagem me vêm à mente...

Foi angustiante ver meu pai agonizar nos meus braços. Saí desse acontecimento marcado física e psicologicamente para o resto da vida, até hoje carregando as cicatrizes na alma e no corpo.

Nunca me sai da lembrança meu pai revelando que levou um golpe na cabeça de Adrik Vladmirovich e só pôde assisti-lo, impotente, pegar todo o dinheiro arrecadado naquela noite. Ele é o único culpado pela morte de meu pai, pelas queimaduras graves sofridas por várias pessoas e animais do circo, bem como pelo abandono e miséria a que condenou a todos! Foi desesperador não conseguir tirar meu pai de dentro da bilheteria a tempo e o ver gemendo de dor. Naquele caos, era impossível alguém conseguir ouvir meus pedidos de socorro e nos ajudar. A mesquinharia de Adrik foi responsável pela morte dele e pela minha deformação permanente.

Quando tive condições de telefonar para a minha mãe para lhe contar tudo e dar a notícia da morte de meu pai, fui obrigado a ouvi-la falar alegremente do quanto estava perto de conseguir comprar uma casa no Canadá para que pudéssemos juntar nossa família novamente.

Lembro-me como se fosse hoje.

— Mama, sei que está animada por estar conseguindo realizar nosso sonho, mas tenho algo para lhe dizer. Por favor, me escute um pouco.

— Moy mailenkiy syn, só aceitei nos separarmos quando saímos da Rússia porque não podíamos correr o risco de escolhermos mal nosso novo país de moradia, para evitar ficarmos todos numa situação difícil ao mesmo tempo...

Eu a cortei antes que continuasse, porque eles foram bem claros em sua preocupação, inclusive levando em conta minha segurança emocional.

— Mama, ouça, sou muito feliz por vocês terem pensado primeiro em mim quando decidiram que eu e papa viríamos para o Brasil, em que haveria uma rede familiar de russos para dar suporte a mim, enquanto você aceitaria o convite do Circo de Soleil e iria sozinha para o Canadá...

— Dá, moy syn — ela igualmente me interrompeu, tornando ainda mais difícil lhe contar que nunca poderíamos voltar a ficar todos juntos —, mas conforme combinamos, quem ficasse em melhor situação primeiro, juntaria a família de novo! Sei que você e seu papa, assim como eu, trabalharam muito e devem ter estabelecido muitos laços aí, mas não aguento mais ficar sem vocês e a situação minha aqui e as possibilidades de emprego para vocês são muito melhores do que aí...

Não aguentei mais, porque continuar prolongava meu sofrimento e eu tinha que ser forte por nós dois. Eu ainda estava no hospital e sentindo muitas dores das graves queimaduras.