07. Kiwi

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Neozelandesa

Sob o luar cândido, um automóvel comprido e animado deslizava em baixa velocidade pelas ruas de Nova Iorque. Com a música alta e beldades ora ou outra pipocando pelos vidros, o ônibus de alegrava mais e mais os passageiros, o que não tardava a semear a vontade de qualquer na cidade desejar estar lá dentro.

Diversos jovens moradores de diferentes pontos da "cidade que nunca para" compartilhavam a mesma energia contagiante. Frenesi. Euforia. Prazer. O único motivo para estarem ali era esquecer os problemas e aproveitar cada segundo, já que, na manhã seguinte, tudo seria esquecido. Ao menos, isso era o que os convidados acreditavam.

Muito comentado e comum nas noites nova-iorquinas, o agitado festbus seguia cumprindo seu papel naquela manhã: divertir os passageiros. Ninguém ali presente diria o contrário. Nem mesmo o grupo jovem de viajantes que extrapolou nas doses de álcool. Exaustos dos trabalhos diversos, permitiram-se de abrir mão dos limites e apagar os problemas da mente.

Dos seis pares de olhos embriagados, um estava sereno. Pleno e sóbrio, o rapaz com cabelos acastanhado arrumados para cima como uma completa bagunça e olhos num curioso tom de âmbar, Shawn Mendes, acompanhava as atitudes da amiga de infância, Juliet Moore, por quem sempre nutriu um carinho a mais.

Assim como o sexteto de homens ali apresentes, a estudante de direito ansiava por não se lembrar de nenhuma preocupação possível. Com o pequeno copo de licor na mão transbordando com o remexer inevitável do ônibus, a moça dos fios alourados trilhou os dedos ao maço de cigarros barato e fisgou um de lá, acendendo-o de mau jeito na chama pequenina de uma pessoa ao seu lado.

"Pouco intelecto misturado ao licor forte... tudo para dar errado.", julgou o aspirante a psicólogo quem a observava em meio ao silêncio de sua mente sob as batidas altas da música.

— Já esteve em um desses antes, Shawn? — a voz de Brandon despertou o garoto, quem, intrigado, vasculhou os próprios conhecimentos.

— Nunca, mas estou gostando. — confessou ele, segurando-se firmemente na barra, conforme o ônibus se locomovia.

— Ora, então, anime-se. Por que ainda está sóbrio? Beba mais, essa cerveja belga é incrível! — sugeriu Teller, o mais velho dos amigos. — Veja quantas garotas bonitas estão aqui, principalmente a sua amiguinha neozelandesa...

— Alguém precisa estar são para cuidar de vocês, não é? — ironizou. —E a Juliet não me parece querer ficar com ninguém hoje, olhe como ela está feliz sozinha. É, rapazes, sem kiwi para vocês.

Os garotos soltaram uma gargalhada coletiva. O tom grave das risadas preocupou Shawn, mas o rapaz os acompanhou em rir. Um brinde a mais e alguns shots. A distração breve foi suficiente para que o estudante de psicologia perdesse a amiga de vista. Pela idade, ela deveria saber cuidar de si mesma, contudo, seus limites eram facilmente alcançados. E ultrapassados. Isso era o que lhe preocupava.

Mesmo que o veículo estivesse abarrotado de gente, a loira se destacava entre os passageiros que cantavam ao mesmo tempo as músicas do momento. Não era sua notável beleza que o deixava embasbacado, porém, sim, o modo como ela se comportava. Despida de vergonha, ela fazia o que queria, quando e como desejasse.

Autoconfiança invejável para muitos.

Na mão esquerda da aspirante a juíza, entre os dedos finos, a moça equilibrava o cigarro já pela metade. Entorpecida pelos tragos e álcool, para ela, o mundo a sua volta parecia não existir. Em seu universo paralelo, era apenas ela, refém de suas próprias vontades.

"Espontaneidade" deveria ser o seu nome. Nos pensamentos ocultos, Shawn a chamava assim.

— Se você não atacar aquela garota agora, eu vou.

Ficstape - Harry StylesTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon