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                                                                    chapter 2 

 Adeus, Anna! - Exclamo quando estou perto da porta da loja. 

O meu turno estava feito e agora era hora de ir para casa. O meu pai provavelmente já estaria há minha espera, e tenho a certeza que vai ficar feliz por ter companhia quando chegar. A minha mãe já devia estar deitada a dormir por um longo dia de trabalho no tribunal. Ela tem tido muitos casos recentemente, tornando-a uma advogada mais popular daqui.

Anna acena com um sorriso do balcão, e logo a seguir eu saio da loja. A tarde estava a desaparecer e o Sol a mesma coisa, fazendo o céu laranja. Sempre gostei deste tipo de céus, faz-me sempre querer tirar uma fotografia do momento com medo que nunca mais possa ver este céu nunca mais. Fecho o casaco pelo frio que da rua. A Lua ponha-se e eu sei que me tinha de despachar para casa, que ainda ficava um pouco longe. Aumento a velocidade, sentindo de repente alguém atrás de mim. 

Digo a mim própria que era uma pessoa como todas as outras, querendo ir para casa normalmente. Mas um pressentimento dizia-me que aquela pessoa não estava lá por isso. As ruas estavam desertas só os carros que passavam davam um pouco de som e barulho. Acelero o passo só desejando ver a minha casa. O barulho dos sapatos do desconhecido atrás de mim também aumentam, e eu olho para trás já farta. A sua cara estava tapada por um capucho preto e com o escuro que fazia, pouco conseguia ver o seu aspeto. Fiquei com mais medo quando ele baixou a cabeça, só me dando visão de caracóis a caírem para a frente. 

- O que é que queres? - Grito, não prestando atenção ao caminho que estava a fazer. Quando olho para frente, um poste de eletricidade calha bem na minha cabeça pondo-me tonta. Desequilibro-me para trás, tentando arranjar o equilíbrio de novo. Resmungo pela dor que tinha na testa, dando um pontapé no poste logo de seguida.- Porra, não vês por onde andas!- exclamo para o objeto.

Quando voltei aos meus sentidos, olho para trás à espera de ver o desconhecido escuro e assustador. Mas a rua estava vazia, deixando-me ainda mais assustada. Viro-me de novo para a frente, pronta para continuar a andar, quando vejo o individuo mesmo há minha frente, com as mãos nos bolsos. Quase dei um berro quando ele ajeitou-se no seu casaco. Ele levantou um pouco a cabeça, como se quisesse ver-me melhor. Dou um pequeno passo atrás, com o meu olhar fixo nele. Tentei dar a volta a ele, mas bloqueou-me a única saída que eu tinha. Agarrou-me nos braços e tentou alcançar o bolso do meu casaco. Eu quase gritei claramente assustada, pensando que era um ladrão prestes a roubar-me tudo. 

Quando ele tentou pôr-me qualquer coisa dentro do bolso do meu casaco, eu dou-lhe uma estalada como autodefesa. Podem chamar-me maluca, mas tenho um maior que eu mesmo há minha frente. A sua dor saiu com um gemido, e pela primeira vez ouvi a sua voz, que já agora, era bastante rouca. Dou-lhe um pontapé na zona sensível, pondo o individuo de joelhos no chão. As suas mãos foram descobertas, acabando por um pequeno cadeado como tatuagem. Com esta descoberta, eu começo a correr antes que ele voltasse ao normal e me seguisse. 

Suspiro de alívio quando vejo-me dentro da minha quente e acolhedora casa vendo-me livre do pedófilo lá de fora. 

* * *

- Desculpa, eu claramente ia atrás dele! - Helen exclama, quando me aproximo.

Só consigo perceber essa parte quando me aproximo delas, sentando no habitual banco. Os meus olhos ardiam visto que não dormi nada esta noite. Só conseguia pensar no que me aconteceu ontem e o quanto assustada estava. Hoje de manhã quase me ia esquecendo de me calçar para ir para a escola pela quantidade de sono que tinha. Ia pondo a caixa do iogurte dentro do lavatório e a colher no lixo. E tudo o que desejava era uma cama para me deitar e enterrar. 

O meu pai ficou muito desconfiado pelas minhas distrações todas, mas eu assegurei-lhe que tudo estava bem. Ele concordou não querendo discutir este assunto. Quase adormeci no caminho para cá e agora só penso em dormir nas aulas. 

- Bom dia! - Helen sorri.

- Bom dia. - Bocejo.

- Noite agitada?- Emily pergunta.

- Não dormi nada. - Respondi.

- Que aconteceu?

- Bem, nada, era só eu. - Minto.

Porque o fiz? Não faço a mais pequena ideia. Já não sei o que faço desde que acordei, é só sintomas de não dormir nada. 

- Bem, anima-te porque um borracho acabou de chegar à escola! - Helen diz, entusiasmada.

- Ai sim? - Pergunto.- Quem?

- Ele! - Emily aponta para um moreno à porta do pavilhão. Estava sozinho agarrado ao telemóvel. Eu franzo as sobrancelhas pelos caracóis que ele tinha, fazendo-me lembrar de ontem. Tento focar as suas mãos à procura de alguma tatuagem mas a sua camisola tapava. 

- Meu deus, o que eu lhe fazia! - Helen ri-se pela sua declaração.

- Como se chama?- pergunto.

- Harry. - Helen responde.

coffee notes || h.s [au]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora