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                                                                    chapter 4  

O café estava cheio e isso, logicamente, dificultava o meu trabalho e a minha conversa com Emily que estava atenta aos trabalhos de matemáticos postos à sua frente. O prometido de irmos estudar estava fora de questão, por agora. Só tinha de acabar de atender esta rapariga e dar-lhe o pedido e depois posso conversar com Emily tudo. Ela foi minha amiga desde sempre e isso nunca vai mudar. Conheço-a demasiado bem para saber que ela não ia gostar se nos separássemos. E eu, igualmente, não ia gostar. Emily partilhamos tudo uma com a outra. Segredos, acontecimentos embaraçosos, tudo. E acho que é justo, eu contar-lhe sobre as mensagens que eu estava a receber e do tal anónimo, que de certa forma eu penso que esteja relacionado com o pedófilo. Helen talvez mais tarde. Só a conheci o ano passado e para arranjar a minha confiança é preciso muito.

- Boa tarde, já sabe o que vai desejar? - Pergunto, com a forma mais simpática que conseguia com um sorriso aberto espalhado pela minha face, enquanto por dentro só queria que ela se despachasse.

- Cappuccino e uma fatia daquele bolo - Respondeu, apontando para a montra ao seu lado. 

- O seu pedido vai estar aqui o mais rápido possível! - Informo, pegando no menu que ela estendia. Ela agradeceu enquanto dou o melhor sorriso que conseguia antes de me afastar e gritar ao cozinheiro qual era o pedido.

O papel onde eu tinha posto o pedido foi deitado ao lixo quando o cozinheiro leu-o e começou a fazer o cappuccino. Espero pelo pedido com paciência, arranjando os menus numa pilha e lavando a loiça logo a seguir. Quando o pedido da rapariga estava feito, ele grita pelo meu nome enquanto eu vou até ele. Ponho o prato no meu braço, tentando não verter ao mesmo tempo o cappuccino acabado de fazer. Com muito cuidado, eu pouso a caneca em cima da mesa e agarro na fatia de bolo posta num prato e pouso tudo com organização e coordenação na mesa da rapariga. Esta sorri para mim, agradecendo logo a seguir.

- Se precisar de alguma coisa, não hesite em chamar. - Eu sorrio.- Bom apetite.

Afasto-me limpando as minhas mãos no avental preto, agarrado na minha cintura. Afasto o meu cabelo, agarrado pelo elástico, quando um fio dele caiu para os meus olhos. Estava exausta, deixa-me que te diga. E só de pensar que ainda tenho trabalhos de matemática para fazer, faz-me mais exausta. Sento-me à frente de Emily que escrevia no caderno, o número do exercício e começava a fazê-lo. 

- Já atendeste toda a gente? - Ela pergunta, com um sorriso divertido.

- Yhap! - Respondo.- Qual é que estás a fazer?

- 4. - Respondeu, apontando para o exercício no livro.

- Vais ter de me explicar porque eu não percebo a ponta de um corno do que está para aqui escrito. - Ela riu-se.

- Eu sei disso. -Eela informa, sorrindo logo a seguir.

- Emily, eu tenho de te dizer uma coisa. - Começo. 

- Sim? - Ela incentiva-me franzindo as sobrancelhas.

- Empregada! - Uma voz gritou do outro lado do café, enquanto eu suspiro.

Anna estava de folga hoje, e era eu por agora. O meu turno estaria a acabar daqui a umas horas e mal podia esperar por sair daqui. Eu amo o meu trabalho mas às vezes estou nuns dias em que não me apetece fazer absolutamente nada. Oh, o quanto eu amo esses dias. Onde eu posso sentar-me no sofá sem me preocupar com a vida real a decorrer lá fora. Beber um chocolate quente enquanto vejo a minha série favorita e deliro sobre os meus atores preferidos. Arranjo o avental na minha cintura enquanto aproximava-me do senhor já com o valor que ele tinha de me dar em dinheiro. Eu espero pacientemente, pelo dinheiro que ele tinha de me dar. E assim que ele me dá, dou-lhe um sorriso e dizendo volte sempre enquanto ponha o dinheiro dentro da máquina registadora. 

Assim que o café voltou ao modo silencioso, volto para a mesa onde Emily estava. Mas desta vez, ela não estava sozinha. Um bilhete estava no meu lugar, enquanto Emily não se importava muito com isso, atenta em matemática. Assim que me aproximei, sem me sentar, pego no bilhete amarelo olhando para Emily com um ar interrogador.

- Quem deu isto? - Pergunto.

- Um rapaz vestido de preto pouso isso em cima. - Ela respondeu, franzindo as sobrancelhas por o meu humor ter mudado de bom para assustada.- Está tudo bem?

- Viste quem foi? - Pergunto.

- Não, ele tinha a cara tapada e quando pousou isso, saiu do café disparado. - Ela responde.

O que ela disse a seguir eu não ouvi, pois sai do café disparada olhando de um lado para o outro. Um rapaz vestido todo de preto estava no fim da rua a andar calmamente com a cabeça baixa. Eu franzo as sobrancelhas começando a correr até lá, o mais sorrateira possível. Ele provavelmente deve ter ouvido os meus passos pois virou-se para trás enquanto eu me escondia rapidamente na parede de um prédio. Seria uma oportunidade para ver a sua cara, mas quando ia pronta para sair de trás da parede, a rua estava vazia. Sem sinal dele. Eu suspiro frustrada pela rua vazia, e olho para o papel na minha mão. Abro devagar, assustada para o que estava prestes a vir.

Esse avental assenta-te que nem uma luva - H

coffee notes || h.s [au]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora