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                                                                    chapter 7                                                                     

O que mais me agradava em passar pelo meu café, era o facto de Luís olhar-me de olhos semicerrados como se eu tivesse ganho uma batalha contra o seu exército. O seu cabelo branco e os seus olhos verdes observavam-me pela grande janela do café enquanto passava por ele com a minha mala aos ombros. Eu dou-lhe um pequeno sorriso por eu ter finalmente o que eu queria. Um dia de folga. E a melhor parte a ser passado com a minha mãe. E o mais entusiasmante, é que a escola passou numa velocidade. Um dia normal como todos os outros mas só que desta vez com o Harry. Helen não parava de lhe dar vários olhares e sorrir demasiado para ele. Eu ignorava completamente nervosa por uma interação com um rapaz. E ele deixava-me estar no meu cantinho, não querendo pôr-me desconfortável.

 A minha mãe prometeu-me igualmente um almoço só mãe e filha para compensar os tempos perdidos, em que ela esteve a mergulhar-se em stress pelo trabalho todo em cima dos seus ombros. Eu mesma disse-lhe que nunca tinha visto tanta confusão num ficheiro do seu cliente, quando espreitei para a ajudar com o seu trabalho. Ela pareceu surpreendida pela minha curiosidade toda sobre o seu trabalho, observando-me a arrastar a cadeira mais para si e a tentar perceber qual era o caso que o cliente se tinha metido.

 Eu não aguentava. Eu sabia que não era a curiosidade que me puxava para o trabalho da minha mãe mas sim o facto de que nunca tive abraços dela ou algum tempo assim com ela. Mas decidi deixar essa informação para mim mesma, com medo de a assustar. Eu não a conheço muito bem, não sei quais são os seus medos e os seus estranhos fetiches e deixava-me ainda mais assustada, tentando ter cuidado com as minhas palavras para não a magoar em alguma forma.

O edifício do tribunal começava a aproximar-se e a minha adrenalina a mesma coisa. Sentia-me tão bem enquanto andava por aquelas ruas, sentindo-me confiante comigo mesma por alguma razão desconhecida. Eu sabia que tínhamos provas suficientes para que aquele cliente saísse inocente e o facto de que nós íamos ganhar dava-me uma felicidade. Bem, eu não sabia exatamente se íamos ganhar, mas a confiança que começava a aparecer dizia-me isso.

Assim que entro dentro do tribunal, muito surpreendentemente, o silêncio reinava só se ouvindo a caneta da senhora da receção a bater na mesa. Para um tribunal era um sítio mais calmo de sempre. Aproximo-me da mulher com um rabo-de-cavalo no alto da sua cabeça, dando visão à sua excessiva maquilhagem que transbordava da cara. Esta usava uma camisa branca e uma gravata desajeitada por pescoço abaixo. Ela estava atenta a qualquer coisa no computador, mexendo em papéis e canetas e tudo o que seja. Assim que me aproximo, a confiança que sentia começava a desaparecer por estar a ser completamente ignorada.

- Desculpe. - Sussurro. Ela olha-me de lado, como se fosse demasiado boa para virar-se mesmo de frente para mim.

- Perdeu-se no caminho? - Ela perguntou rudemente.

- Hm, não? - Respondo, rudemente de volta, confusa com a sua pergunta.

- Acho que a escola primária é por outro lado, pequena, aqui é um tribunal! - Ela cospe.

- O meu nome não é pequena e eu sou suficientemente esperta para saber o que isto é. - Cruzo os braços. 

- Que bom para ti que tens os neurónios! Mas agora sugiro que saias pela aquela porta até encontrares a tua mãezinha. - Ela sorri.

- Olhe, sua filha- fui interrompida.

- Lauren! - A voz da minha mãe soou atrás da senhora. Inclinando a cabeça, observo a cara de choque pela asneira que ia dizer. Eu encolho-me nos meus próprios braços não gostando de estar aqui. Lá se vai a minha confiança, eu penso. Só queria fugir dali a sete pés.  A senhora da receção olhou para a minha mãe dando-lhe um sorriso.

coffee notes || h.s [au]Where stories live. Discover now