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                                                                    chapter 8 ✎ 

 - Lauren! - O meu nome foi gritado por Harry. Foquei-me na rua há minha frente, nos passos que tinha de dar e nas respirações que precisava para não morrer no meio da rua. Era a única coisa em que eu me podia concentrar ou se não o rapaz moreno que gritava o meu nome, invadia-me a mente. 

Um dos aspetos que reparei foi que as  ruas estavam vazias como se todos soubessem que ia acontecer uma discussão, um drama e decidiram meter-se na sua vida. A voz esganiçada de Helen soava na minha mente, a voz que sempre me avisava  para não escolher rapazes esquisitos com problemas de comunicação. Eu pensava que Harry era um rapaz social. Pensava que ele era o rapaz ideal. Pensava que ele fosse diferente. Todos o pensamos. Mas, mais uma vez, a figura ilude. Um dos feitios que a minha querida mãe, sendo advogada, me deu, foi que odiava estar errada. Odiava quando alguém me contraria com alguma opinião ou realidade. Harry fez isso. Harry provou-me que eu estava errada. Talvez seja por isso que eu mal consigo olhar para ele sem fechar os punhos. 

Estes meus pensamentos que me permitiam eliminar o rapaz, foram interrompidos. Uma mão embrulhou o meu punho e puxou-me para trás. Fui ao encontro de um peito e uma camisola da Marvel com o Capitão América a olhar-me nos olhos. Não era uma má visão, deixam-me que vos diga. 

O rapaz há minha frente, estava a olhar para mim com um ar de pena, com um ar de tristeza, com um ar que me irritava. Como se eu fosse a culpada de tudo! Como se o que eu estava a fazer fosse errado! 

- Deixa-me em paz!- exclamo. 

- Porque é que estás tão zangada comigo? - ele pergunta, calmamente. 

- Porque é que achas? Mentiste este tempo todo!

- Eu não te menti! - o seu tom elevou-se. 

- Pois, peço desculpa, o mentiu-me! - Ele calou-se, finalmente, sentindo-se culpado.- Eu estava a começar a gostar de ti!

- O quê? - foi apanhado completamente desprevenido. Os seus olhos brilhavam, a sua boca elevava-se num sorriso e olhava-me com adoração. 

- É verdade, Harry - desisto, suspirando.- Eu não estou zangada contigo, só gostava que me dissesses a verdade.

- Confia em mim, Lauren. Perdoa-me e nunca mais vais ter de te preocupar comigo em mentir.

- Porque deveria confiar em ti? - questiono.

- Porque eu também gosto de ti. Deus, eu e o H, gostamos muito de ti- ele sorri. A sua mão escorregou para a minha, aperto-a e fez círculos na minha pele, carinhosamente.- Muito.

*                         *                           * 

Estava numa bolha. Estava realmente numa bolha. Era como todos os cientistas diziam. Quando acordas a meio da noite, quer dizer que estás a respirar mal. O problema era: não estava de noite e a voz esganiçada que eu conhecia de algum lado, ecoava nos meus ouvidos e abanava-me do escuro que via. Os meus olhos abriram repentinamente pelo volume da voz. 

- Lauren acorda! - a voz grita nos meus ouvidos.

O meu quarto começou a ficar focado, a bolha negra começava a desaparecer deixando o seu lugar pelo sol vindo das cortinas e pela claridade que ameaçavam os meus olhos. Emily e Helen estavam há minha frente. Confusa, relembro-me de minutos trás e do sucedido, fazendo-me levantar de repente e observar o meu quarto. Pouso as mãos na minha cabeça e tento organizar o que se estava a passar. 

- Que aconteceu? - questiono. 

- Dormiste estas horas todas, faltas às aulas todas, foi isso que aconteceu! Ligamos ao teu pai e ele, aflito, disse-nos que estavas a dormir! Estávamos muito preocupadas contigo - Helen explica. 

- Eu estive a dormir? Este tempo todo? - pergunto, assustada.- E o H? As mensagens? Os bilhetes? As suas mãos?

- Não fazemos a mais pequena ideia do que estás a dizer, Lauren. Estiveste na cama este tempo todo, pelo menos foi isso que a tua mãe e pai disseram. 

Arregalei os olhos, fugi para a casa de banho, sentindo-me tonta. Olho-me ao espelho e vejo-me a mim mesma. Uma rapariga com olheiras debaixo dos olhos, o seu cabelo numa confusão total e o seu hálito com cheiro a cão. O meu cérebro revistava todas as partes profundas da mente, tentando encontrar uma resposta.  Será que aconteceu? Será que depois do Harry ter dito aquilo eu ter enfiado na cama? Será que o bilhete ainda lá estava? Todas as soluções que me apareciam na mente não faziam sentido. A única que parecia realmente encaixar, era a única que eu não queria aceitar. 

Foi tudo um sonho.

*                        *                     * 

- Estás bem? - Emily pergunta, ao ver-me encostada no meu cacifo. O meus olhos estavam pesados e a minha cabeça amaldiçoava o meu humor.  Olho para ela e deito um sorriso como resposta. 

Eu não estava bem. Uma parte de mim desejava que o sonho fosse real. Apesar de ter havido aquela discussão com o Harry, eu desejava que tudo fosse verdade. A minha vida tinha-se tornado numa ação no meu sonho mas, logo que acordei, voltou a ser o mesmo aborrecimento e o mesmo peso nos ombros. 

- Pareces cansada - Emily comenta. 

Antes que pudesse dar uma resposta, a voz esganiçada soou. 

- Meninas! - Helen berra, correndo até nós. Nós olhamos para ela ao mesmo tempo, observando a sua cara entusiasmada.- Vocês nem sabem!

- Não, não sabemos - sussurro, sentindo o meu humor a descer. Estava com um desejo de fechar os olhos e voltar ao sonho, tirar-me desta realidade. 

- Há um rapaz mesmo muito giro que acabou de entrar na escola!

- Oh meu deus como se chama?! - Emily pergunta, igualmente, entusiasmada.

- Harry! O nome dele é Harry! 

Fim 




coffee notes || h.s [au]Where stories live. Discover now