Capítulo 11 - Deus deve estar me punindo

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– Ele fez de novo né? – Maril cochichou para Mat, rindo abertamente.

– Sim, vamos ter que repetir – ele respondeu, chamando o diretor do episódio e pedindo que repetisse a cena.

– Tá ficando mais frequente agora – a colega comentou, enquanto contava mentalmente quantas vezes tinha ouvido Sam chamar por "Cait" ao invés de "Claire" numa cena de sexo nos últimos dias – Eu tenho certeza que eles estão juntos. É a única explicação pra isso.

– Concordo – disse distraidamente, enquanto saía da sala em que estavam e caminhava até o set – Vamos fazer uma pausa e depois rodamos essa cena novamente – anunciou.

*

Eles caminhavam lado a lado até seus camarins, Sam a abraçando por trás como sempre fazia. Cait tinha um copo térmico cheio de café na mão, o quarto do dia. O camarim de Sam era uma porta antes do seu, no corredor. Quando ele entrou, deu uma piscadinha safada pra ela, fechando a porta atrás de si. Cinco minutos depois ela ouviu uma batidinha discreta na porta de seu próprio camarim.

– Entre – abriu a porta, dando uma espiada no corredor, que estava deserto. Trancou a porta e puxou Sam para si.

Ambos vestiam as roupas dos personagens, com direito a espartilho, perucas e muita maquiagem, mas isso só tornava a experiência mais divertida

– Temos quinze minutos – Sam falou entre beijos, erguendo-a no colo e depositando-a em seguida em cima da bancada onde ficava a maquiagem, de costas para o espelho do camarim. A altura era perfeita.

Ele segurou-a pelas costas, enquanto erguia a barra do vestido, enfiando sua mão direita sobre as anáguas, abrindo as pernas dela e procurando seu ponto de prazer. Após alguns segundos, ouviu o primeiro arquejo e teve certeza de que tinha encontrado. Continuou a estimulando com os dedos enquanto seus lábios estavam colados. Ela gemia de prazer em poucos segundos, então ele ergueu de vez as pesadas saias, abaixou suas calças e penetrou-a com força, as pernas dela envolta de seu quadril.

Estava muito excitado, por conta das cenas que estavam gravando nas últimas horas e mesmo com toda concentração e autocontrole do mundo, não conseguia fazer com que seu pau parasse de ficar duro toda hora. Sem contar que tiveram que gravar a mesma cena pelo menos três vezes porque ele insistia em chamar por Cait ao invés de Claire. Graças a Deus que ela tinha a presença de espírito de gargalhar quando isso acontecia, distraindo o resto da equipe do fato de que ele não conseguia se concentrar em seu personagem porque a desejava demais.

– Sam – ela arquejou alto, fazendo com que ele cobrisse sua boca com a mão, murmurando um "shiii" enquanto continuava com os movimentos de vai-vem, ouvindo os objetos de cima da bancada batendo e caindo no chão com o balanço.

Ela estava tão linda, com os olhos fechados e um sorriso de prazer em seus lábios, algumas gotículas de suor molhando sua testa. Ele queria agarrar seus seios, colocá-los na boca e chupar os mamilos, mas o espartilho dificultava o acesso e eles não teriam tempo de colocar de volta, caso resolvessem tirar, então se contentou e enfiar uma das mãos sobre ela, apertando suas nádegas quentes. Ela agarrou seus braços com força, as juntas dos dedos ficando brancas com o aperto, enquanto tremia e convulsionava, num gemido mudo, levando-o ao próprio clímax de uma vez.

Segurou-a contra o peito, ela ainda tinha as pernas em volta dele, como um gancho e desse jeito mesmo foi até o pequeno sofá do camarim, sentando-se com ela sobre si. Ficaram assim, abraçados por um tempo, esperando que suas respirações se normalizassem, ambos os corações no mesmo compasso.

– Eu preciso te contar uma coisa – ela falou sério, a cabeça deitada em seu peito.

– Fale, meu amor – Sam respondeu, acariciando sua nuca.

– No dia em que começamos a namorar e também naquele dia nas montanhas – começou, tomando coragem – você disse que gostaria de ter filhos comigo.

– Ah sim, claro – ele sorriu, imaginando uma casa cheia de mini-Caitrionas e mini-Sams.

– Eu-e...– gaguejou, sentindo os olhos queimarem, as lágrimas prontamente escorrendo por sua face e caindo no peito de Sam. Ela não conseguia olhar pra ele – eu acho que não posso mais ter filhos, Sam.

Ele parou imediatamente as carícias, ficando paralisado. Ela continuava deitada sobre seu peito, esperando por alguma reação quando ouviram uma batida na porta.

– Cinco minutos, Caitriona – o assistente de produção anunciou, e ela ouviu que ele batia na porta do camarim de Sam em seguida.

– Sam, me desculpe – ela chorou, abraçando-o forte e ensaiando um olhar para sua cara. Ele estava consternado, notou.

Após alguns segundos ele pareceu sair do transe e murmurou um fraco "temos que ir" enquanto a empurrava delicadamente de cima de si, levantando-se em seguida e puxando as calças. Saiu sem dizer mais nenhuma palavra e o resto do dia foi frio com ela, fazendo estritamente o que estava no script. Nenhuma risadinha, nenhum comentário brincalhão, nenhuma palavra. Nada.

No caminho para casa, tampouco falou algo. Ela também não sabia o que poderia dizer e apenas chorou o caminho todo, as lágrimas molhando sua camiseta e os soluços a chacoalhando.

Quando ele finalmente estacionou na garagem do prédio, tirou o cinto e puxou-a contra seu peito, num abraço apertado. Ela sentiu que ele também chorava.

– Me desculpe – ele disse finalmente – E-eu preciso entender, Cait...

– Piérre... – ela sussurrou, esperando encontrar forças em seu abraço pra contar a história inteira – E-eu engravidei dele – respirou fundo e então falou tudo de uma vez – e eu era tão jovem, estava apenas no começo da minha carreira como modelo. Éramos só eu e Hannah quando descobri, já estávamos em Nova Iorque, na época. E então eu... Ah, como me arrependo disso!

Ela soltou-se de seu abraço e encarou-o, sabendo que deveria dizer aquelas palavras, por mais que pudesse doer.

– Eu abortei – falou por fim – E desde então, eu engravidei outras duas vezes, de um antigo namorado, Sam, e eu perdi as duas vezes. Eu perdi.

Sam a ouviu com atenção, sentindo a dor dela ao ter que admitir aquelas coisas. Por mais que fossem amigos muito próximos antes, há coisas que você não conta para amigos mas deve contar ao seu namorado e essa era uma delas. Ele só podia imaginá-la, em Nova Iorque, assustada por ter fugido do maldito francês, tentando uma carreira naquela selva de pedra e descobrindo que carregava um filho no ventre. Como iria sustentá-lo? Teria que desistir da carreira e voltar para casa dos pais, ou ainda procurar Piérre e pedir ajuda. Não, ela não poderia fazer isso, pensou.

– Oh Cait, querida – ele falou, secando as lágrimas dela carinhosamente com a mão direita enquanto tentava encontrar as palavras corretas dentro de si.

– Deus deve estar me punindo – ela disse – por ter abortado.

– Meu amor, venha aqui, está bem? – puxou-a novamente para si, apoiando o queixo em sua cabeça – Eu já sou o homem mais feliz do mundo por ter você.

– Mas você sempre disse que queria ter filhos – ela continuou dando vazão às lágrimas, dessa vez sentindo-se segura dentro do abraço dele.

– Podemos adotar, querida – ele disse simplesmente.

Então ficaram ali, um consolando ao outro por um tempo, procurando naquele abraço as palavras que não conseguiam pronunciar. 

Kiss meWhere stories live. Discover now