Epílogo - Nossos sonhos

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A lua cheia iluminava os jardins bem cuidados da casa da montanha, projetando sombras escuras sobre o gramado, enquanto uma coruja chirriava empoleirada na árvore mais próxima. Caitriona estava sentada numa cadeira confortável, a brisa noturna a fazendo se encolher enquanto levava a xícara de chá a boca, provando aquele sabor inconfundível de um bom earl grey.

Sam se aproximou silenciosamente, e ela só notou sua presença, num sobressalto, quando ele colocou a manta sobre seus ombros, dando-lhe um beijinho na nuca. Ele sentou-se na cadeira a seu lado e serviu-se do chá. Acariciou o dorso da mão dela, enquanto a encarava com aquele olhar apaixonado, aquele brilho nos olhos que ela vira desde o primeiro dia.

Era alto verão, e apesar do dia ter sido quente o suficiente para que as crianças brincassem no quintal, a noite era fria.

— Eu não me lembrava que ter um bebê em casa poderia ser tão cansativo — Sam disse, soltando a babá eletrônica sobre a mesinha em frente a eles e inspirando pesadamente em seguida.

— Nem eu... mas vamos nos acostumar rapidinho — ela disse, voltando a olhar para o horizonte.

O céu era lindo ali. Por ser tão isolado da cidade, não tinha nenhuma luz artificial em volta, e todas as luzes da casa deles estavam apagadas, então conseguiam ver as estrelas claramente, destacando-se naquele céu acinzentado, típico do verão escocês.

Ela sempre fora grata por Sam ter encontrado aquele lugar e ter proposto que fosse deles. Era um lugar de paz, um lugar deles e só deles. Seu refúgio e seu paraíso.

— O que está pensando? — Sam perguntou, e ela percebeu que ele ainda a encarava.

— Estou pensando no quanto amo esse lugar — sorriu, apertando a mão dele na sua — Já são cinco anos aqui e não me canso de admirar o céu, as montanhas em volta... continuo maravilhada.

— Cinco anos... — ele repetiu, se perdendo em pensamentos — Hoje de tarde, quando estávamos aqui fora, aquela hora que você trouxe a limonada... Eu estava correndo atrás de Vic...

— E então Louis estava desesperado fugindo de você e quase me fez derrubar Ellie e a limonada? — ela ergueu as sobrancelhas de forma irônica, lembrando daquele momento.

Sam perseguia Victoria pelo quintal, imitando o rugido de um leão. Vic segurava a mãozinha de Louis enquanto corria do pai, gargalhando alto. Então ela soltou a mão do irmão e gritou para que ele corresse para o sentido oposto, fazendo com que Sam tivesse que escolher qual dos dois perseguir. Louis, no alto de seus 3 anos, saiu correndo sem olhar para os lados, no exato momento em que Caitriona, segurando a bebê Ellie em um dos braços e a jarra de limonada no outro, saía de casa. Quando Louis viu a mãe, agarrou suas pernas, fazendo com que ela quase caísse, e gargalhou, observando enquanto Sam se aproximava, o cabelo bagunçado, como a juba de um leão, e rugia de forma teatral.

Ele pegou Louis pelas pernas e ergueu-o no ar, deixando-o de ponta cabeça enquanto fazia cócegas com a outra mão. Mesmo virado, o garoto sorria tanto que estava ficando sem ar quando Sam finalmente o soltou. Os dois deitaram-se lado a lado no gramado, ambos arquejando e tentando parar de rir. Victoria, satisfeita por Sam ter escolhido Louis como alvo de sua tortura, deitou-se ao lado dos dois.

Caitriona observava, sorrindo de orelha a orelha enquanto a pequena Ellie apenas arregalava os olhos diante de tanta algazarra. Apesar de ter pouco mais de 8 meses, ela se impulsionava do colo de Cait, querendo ir para o chão e participar da bagunça, as mãozinhas erguidas no ar.

Ela colocou Ellie sentada sobre o peito de Sam, que ainda estava deitado na grama com as crianças, e ele prontamente segurou a pequena. Vic e Louis se sentaram e começaram a brincar com a irmãzinha, arrancando uma gargalhada alta da menor.

Kiss meWhere stories live. Discover now