Capítulo 22 (especial)

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Sebastian  yatra: only one.

Explosão. Fogo. Estilhaços de vidros. Gritaria.

Pessoas que passavam ali por perto paravam para ver o que acabava de acontecer.

Eu ainda olhava para o que uma vez havia sido um trem.

Queria correr até lá, deveria ter salvo o meu pai. Ou ter morrido com ele. Eu tentava ir, tentava chegar próximo ao trem, mas havia sido impedido várias vezes.

--Frank...- outra vez aquela sensação de perda, de dor e culpa.

Eu tinha perdido toda a minha família.

***

Passado

Eu tinha dezessete anos e acabava de chegar da escola, Frank não estava em casa, como de costume.

Joguei minha bolsa ao lado do sofá e corri para a cozinha. Maria sempre deixava a minha comida preparada antes de ir embora. Ela era a funcionária mais nova da família, estando conosco desde que Teddy havia nascido.

Maria era baixinha, sua pele escura como uma noite, seu sorriso era um dos mais bonitos que eu já havia visto. Seus cabelos pareciam molinhas e eram macios e cheirosos. Estava na casa dos trinta e seis anos. Mesmo que não parecesse! Ela era linda e bondosa. Mamãe precisava de ajuda para cuidar de duas crianças, mesmo que eu fosse dois anos mais velho que Teddy.

Ela era a melhor pessoa depois da mamãe.

As vezes meu coração acelerava ao ver aquela mulher. Ela havia cuidado de mim mesmo após a morte da minha mãe. Por muito tempo eu tive Maria como minha guardiã, mas nunca como mãe. Meus sentimentos ficaram confusos depois de uma certa idade.

"--Ryan, vamos fazer um bolo para  Teddy? Eu deixo você colocar o granulado- meus olhos brilhavam enquanto ela sorria fazendo carinho em meus cabelos."

As vezes depois da escola, quando eu chegava em casa, ela já havia ido embora, Maria costumava deixar alguns bilhetes pela casa...

"Boa tarde, meu queridoo... Como foi a escola hoje?"

"Tem alguns lanches na geladeira, coma bem. Gosto de vê-lo saudável."

"Seu pai vai chegar muito tarde, podemos ver um filme antes de eu ir para casa."

"Amanhã eu irei fazer panquecas!"

"Estude muito, vá bem nas provas e torne-se um ótimo rapaz"

Naquele dia não havia nenhum bilhete na geladeira, ou em qualquer outro lugar da casa...

--Maria...-- chamei na esperança de encontrá-la ainda ali. --Maria, eu cheguei! Ainda podemos assistir...- falo enquanto caminho até a cozinha, o lugar onde ela costumava ficar.-- Maria! Maria!-- lá estava o seu pequeno corpo dentro de uma poça de sangue. Maria estava agonizando. Ela parecia estar sufocada com o próprio sangue. Ela tentava respirar, mas engasgava cada vez que tentava.-- o que aconteceu, Maria? Fala comigo!--  vou até lá, sentado perto dela eu a pego  colocando em meus braços, estancando o sangue que teimava em sair do seu abdômen. Seus olhos já estavam ficando sem vida, mas ela sorria para mim, ainda com lágrimas em seus olhos.

--Vai ficar tudo bem, Ryan. Não chore. - ela diz com dificuldade.- por favor... Tire a mão, tire a mão daí...

Nego com a cabeça, seguro as lágrimas e tiro o celular do bolso.

Meu Querido Bad BoyWhere stories live. Discover now