Erik I

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17 de maio (2018)

É quinta o segundo pior dia da semana tirando segunda, é claro. Não aguentava mais esperar para chegar no maldito fim de semana. Cada segundo que eu ficava ali, naquela sala de aula, dedurava meu recente termino com a Mari.

Não que eu me importasse mais. Acredito que toda a escola, incluindo os professores, sabiam o fim do nosso grande romance de colégio. Tenho minhas dúvidas, mas acho que o Sr. Collins apostou com alguns professores que ficaríamos juntos após saímos da escola, isso foi quando tínhamos 11 anos.

Bem, poderia ser pior. Poderiam estar perguntando o motivo do nosso término, porém eu espero que isso morra com a gente. Não é nada de mais, além de eu ser péssimo namorado. Faltam 10 minutos para o alarme tocar. Eu sei que não é a melhor coisa do mundo ficar encarando o relógio, mas é isso, a única coisa que sobrou para fazer nessa entediante e chata aula de história.

Quando eu olho para a minha mesa vejo um bilhete com um papel que deve ser de alguma garota, suas linhas são de um tom fraco de rosa e parece ter umas flores genéricas estampadas em suas bordas. Quantos anos essa garota tem? Dez? De uma forma estranha me sinto novamente no primário. Abro com mais cuidado do que realmente precisa.

"Oi, lembra de mim? Sou eu a Isa, a amiga da Mari. Eu sei que as coisas estão muito complicadas entre você e a Mari ultimamente, mas o que você acha de passamos no Ice Hearts? Ouvi dizer que lá tem uma ótima cascata de chocolate para corações partidos. Não precisa se sentir obrigado, apenas pensei que seria legal ter alguém com que conversar."

Olha não é todo dia que me convidam para uma soverteria, muito menos logo em um momento tão frágil. Isso é uma péssima ideia, não? Ser visto com outra garota com todo esse drama entre a Mari e eu. É melhor recusar.

Eu olho para os lados tentando encontrar a Isabell, mas tudo que vejo é uma confusão coletiva. Toda a sala parece estranhamente alegre, demoro alguns até perceber que o Sr. Collins caiu no sono, é claro. A quinta série que habita em todos nós estava lá. Era legal participar dessas brincadeiras, mas quando você olha de fora perceber o quão estúpida são essas coisas.

- Qual sua resposta, Erik? - Isabell, uma garota de longos cabelos castanhos ondulados e olhos verdes aparece ao meu lado. Eu tento manter a postura, apesar do susto. - Ai, me desculpa. Não queria te assustar.

- Não que isso. Eu não me assusto fácil, principalmente se for com garotas bonitas. - Ao dizer isso me arrependo instantaneamente, seu rosto se fecha e seus olhos me encaram como se analisassem cada molécula da minha cara. - Bem, quer dizer...

- Quer ir? - Um sorriso gentil se abre em seu rosto, fazendo sua expressão parece mais simpática.

- Sim, eu só vou guardar minhas coisas.

- Certo. - Ela solta um leve suspiro e o sinal toca.

Tirando o quão caro era o sorvete. Nosso encontro foi bem tranquilo, fazia um tempo em que eu não me divertia tanto com alguém. Mesmo estando com a Mari, parecia que na maioria das vezes não era mais real, como se nenhum de nós dois realmente quisesse estar ali. Minha mãe dizia que isso era o que construía uma relação, a proximidade, sem isso era apenas mais uma maneira estúpida e um tanto egoísta de se prender a outra pessoa.

O tempo passou tão rápido que quando notamos já era de noite, e só havia ela e eu andando no meio da rua praticamente deserta, a não ser por alguns gatos que nos olhavam desconfiados. A lua cheia e as luzes amarelas dos postes meio que deixavam tudo tão, sei lá, romântico? Ou eramos nós rindo de situações constrangedoras que nos metemos sem perceber.

- Então, agora você vai ter um novo irmão?

Eu demorei um pouco para processar aquela pergunta. A Mari sabia que meu pai estava se casando com outra mulher, mas nunca achei que ela sairia espalhando por aí. Ela deve esta com muita raiva de mim mesmo.

O Garoto De MaréWhere stories live. Discover now