Pétalas de bem-me-quer(arranque pedaços de mim)

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Liberte minha mente, cure minhas cicatrizes, apague o passado

Dias sombrios para esquecer e memórias para durar

No meu coração ... Liberte-me agora ...

(Chasing the dragon - Ad Sluijter / Mark Jansen /

Simone Simons / Yves Huts)

***

Xue Meng estava vivo. O barulho ao seu redor era estridente, mas ele não se importava. Não cabia em si de tanta felicidade. Havia tantas pessoas ali, tantos poderosos cultivadores, todos prestando atenção nele.

No meio de tantos rostos, conhecidos ou não, ele podia identificar facilmente o rosto de seus pais e seu shizun brilhando de orgulho dele, e Shi Mei acenando discretamente, mas genuinamente radiante.

Era a competição da Montanha Espiritual. Mas era diferente de como Xue Meng se lembrava. Ou como de fato tinha acontecido. Quem estava a seu lado era Mo Ran e não Shi Mei. E em seu sonho ele segurava uma espada diferente de seu LongCheng. Mas isso não importava, ele estava feliz por ter acabado de conseguir o primeiro lugar.

Ao seu lado, pétalas de flores ondulavam, levadas pelo vento, como se dançassem ao seu redor e ele ouviu claramente sinos tilintando junto com uma música suave de instrumentos de corda.

Sorrindo feliz, não notou que sorrateiramente, um homem de cabelos claros se aproximava dele, passando a mão delicadamente por sua cintura em um gesto possessivo.

O susto que Xue Meng levou foi o bastante para que ele pulasse, completamente exaltado com a surpresa, mas principalmente com a ousadia.

"Rufião insolente, você ousa me tocar?"

Ao se virar e encontrar Mei Hanxue sorrindo para ele, Xue Meng sentiu a memória se dissolver e as vozes ao redor dele sumirem junto com os rostos de Mo Ran, de seus pais, Shi Mei e seu shizun.

Havia apenas Mei Hanxue olhando para ele com um sorriso gentil enquanto oferecia a mão a ele, para que Xue Meng a segurasse. As pétalas de flores eram de uma ameixeira alta que ao balançar do vento, fazia as flores se desprenderem, deixando o cenário bonito.

Embaixo da árvore, Mei HanXue estava sentando enquanto tocava uma pipa, com um olhar enigmático direcionado a Xue Meng.

Xue Meng percebeu que estava sonhando. Como ele sabia? Porque muitos anos antes, esses era o mesmo sonho doce que ele teve no lago JinCheng, quando Mo Ran ativou as técnicas de ZhaiXin Liu e foi usado como uma ampulheta de sangue. A diferença é que na época, Xue Meng acordou quando se virava para ver a pessoa que teve a audácia de lhe tocar de forma inconveniente.

Xue Meng não conseguiu ver o rosto, apenas que a pessoa tinha uma mão com dedos finos, com a pele suave como a neve, como se fossem feitos de jade. O cheiro de madeiras e flores misturados com incenso de âmbar-gris chegava até ele através dos cabelos longos e claros que o vento fazia esvoaçar junto com a manga longa de onde saía aquela mão perfeita.

Xue Meng sabia se tratar de Mei Hanxue, mas isso não servia de consolo. Naquele tempo, Xue Meng, Shi Mei e Chu Wanning ficariam preso em um sonho maravilhoso que representava o seu desejo mais profundo. Xue Meng tinha um grande desejo de ganhar a competição entre as seitas, deixar seus pais e seu mestre orgulhosos, mas nunca entendeu o que significava aquela mão atrevida que apareceu na hora que Mo Ran e Shi Mei o acordaram.

Agora ele enfrentava a lembrança do sonho completo, mas seu coração parecia relutante em aceitar a mão estendida insistentemente em sua direção. Não havia nenhum tipo de ressentimento naquela época, nem perdas e nem mesmo certezas quanto ao futuro, mas por que os olhos deles pareciam tão famintos e porque, de todas as pessoas, eles estariam no seu sonho de mundo ideal?

Minha sombra em suas mãosWhere stories live. Discover now