Pegue as lágrimas que ninguém chorou por você

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All I feel is peace, calm and grace
When you are here just by my side
And I pray

For your life, for your dreams, for your soul
You're indeed
My purest beautiful love

(Warm Wind - Edu Falaschi)

*****

"Eu... eu preciso ir embora...."

Essas foram as palavras de adeus de Xue Meng.

E era com essas palavras ecoando em sua cabeça que Mei HanXue estava trancado em seu quarto, tendo apenas Mei Hanxue como companhia.

Eles nunca foram companheiros de bebida porque Mei HanXue não gostava de beber, mas se havia um excelente dia para se embebedar era aquele.

Era triste pensar que Mei HanXue jamais conheceria a vida que sonhou, mas como ele poderia experimentar outra vida sem ser com a pessoa que iluminava sua alma?

Mei HanXue se lembra dos últimos dias e gestos trocados. Se lembra das visitas noturnas em que o amor que ele sentia, por mais desvairado que pudesse parecer era a verdadeira autoridade que regia suas ações.

Sempre mais comedido. Sempre mais afastado. Sempre mais isolado. Mas a razão não era outro se não o peso que sua mente doente provocava. Como ele podia depender tanto de uma pessoa e permitir que no silêncio de suas atitudes despercebidas roubasse cada vez mais um pouco de sua sanidade?

Mei HanXue sabe que existe um limite para tortura e era por isso que ele estava deixando-o ir.

O que adiantava manter um pássaro bonito e vistoso em uma gaiola? Uma hora as penas perdem o viço e a voz perde a força, enquanto a ave definha de tristeza. Se havia alguém que podia suportar grandes cargas de dor era Xue Meng, então era injusto tirar-lhe algo tão substancial quanto a liberdade.

Se alguém lhe perguntar, ele não se arrependia de tentar, mas se arrependia de não ter sido honesto com Xue Meng desde o princípio, mas o que adiantava honestidade agora?

Ele havia conhecido o sabor do beijo e a tinha se embriagado em seu corpo, e agora depois de viciado, sofria as crises de abstinência.

Xue Meng era como um livro de poesias que ele havia decorado, mas as vezes parecia que ele próprio se tornava um livro vazio, ansioso pelas palavras que completavam suas páginas em branco.

Será que era o tempo de tirar um tempo de reclusão para si novamente, silenciosamente dando folga ao seu coração, mesmo que fosse uma tentativa inútil?

Por que esmurrar continuamente pontas de espadas sem se preocupar que os punhos sangrassem após ter seus tendões cortados? Não era essa dor a grande prisão que o abraço de Ziming provocava sempre que correspondia ao seu toque com abandono?

Ziming nunca seria deles.

Nunca estaria com ele, nunca se sentaria ao seu lado no salão de sua seita e nunca usaria a coroa que ele preparou com tanto cuidado para o dia em que se casassem. Nunca usaria seu sino de prata como seu companheiro de cultivo ao longo da vida.

Quando ele e Mei Hanxue descobriram as memórias presas no miasma da floresta de ameixa, ficaram felizes que mesmo após tantas dores, suas outras versões conseguiram encontrar pelo menos algum resquício de felicidade.

Mas também eram o grande tormento que Mei HanXue nunca contava a ninguém. Ver, ouvir, sentir e invejar algo que ele desejava desesperadamente. Quantas vezes ele não pensou em apenas tirar seu sino e viver eternamente na ilusão em que Xue Meng sorria para ele e procurava por ele, aceitando sua presença em sua vida?

Minha sombra em suas mãosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora