Capítulo 03.

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Paola.👸🏾

Complexo da Penha, Rio de Janeiro.

Sol hoje estava dando moca, que isso... Nunca vi um lugar tão quente como o Rio, papo reto mesmo cara. Não dá, muito calor.

Tinha acabado de sair de casa, voltando do curso né? Faço técnico radiologia, tô terminando já, na verdade. Falta menos de dois meses, graças a Deus. Eu não vejo a hora!

No momento, eu não trabalho. Mas assim, tenho minha mãe que nunca me deixou faltar nada, independente de qualquer coisa eu sempre tive de tudo mesmo. Tanto que como, eu sou e sempre fui chamada de metida em todo lugar que eu andava.

Fui criada por ela, somente. Meu pai se eu vi duas vezes na vida foi muito. Mora lá na Espanha, única coisa que ele faz mesmo é o mínimo, pagar pensão. E já avisou que quando eu completar 21, não vai me dever mais nada.

Mas graças a Deus, tenho minha mãe. Que não é das mas comuns, sabe??? Aquela lá, é demais! Eu cresci ouvindo história sobre como os homens não prestam e como eu deveria me aproveitar do fato de que todos eles no final, só querem se satisfazer.

Minha mãe teve diversas decepções amorosas e todas as vezes que ela terminava com um bofinho, largava tudo e se mudava para longe sem nem querer saber se eu ia ficar bem com isso, ou não. Ela não estava nem aí, para ser bem sincera. Só queria fugir mesmo!

Já morei em tanta comunidade que eu já até esqueci o nome da maioria pois a gente não ficava mais do que um ano. Era incrível. Ela terminava, chegava em casa já mandando eu arrumar minhas coisas e em menos de uma semana já estávamos em outro lugar. Até em outras cidades eu fui, pra ter um noção básica da situação.

Quando eu era mais nova, até gostava disso, mas na medida que fui crescendo e me apegando as pessoas, os lugares e todo resto ela sempre estragava tudo e nos fazia mudar de novo e de novo. Eu ficava tão mal, com tanto ódio, raiva e querendo largar tudo e ficar sozinha mas não dava né?

Até que finalmente, depois de anos vivendo dessa forma, ela encontrou um bofe que aguentava seus surtos, suas perseguições e todo drama que é se envolver com ela e aceitou levá-la pra morar lá com ele aqui na Penha.

Bofe é como, bandido né? Émerson o nome, mas o vulgo é Diablo. Gente boa, sempre me tratou bem, e agora a mesma cismou de ir morar com ele, acredita???

Viemos morar na Penha com ele. A casa é linda pra caralho cara. Papo dois andares, piscina e até banheira no meu quarto. Minha mãe reformou tudo mesmo, sabe? Pra ficar do jeitinho que ela sempre quis, pique as casas de rico lá da pista. Afinal, bofe tem cara... É de frente, sabe? Então tá tudo ótimo!

Sério, tô vivendo minha melhor fase! Aqui eu tenho de tudo, minha mesada é gordissima e eu posso comprar tudo que eu quero. Ele faz questão, todos os dias me perguntar se eu tô precisando de algo. Dinheiro pra ele é lixo né? E eu amo isso kkkk... Gasto horrores mesmo.

Nunca tive pai, e de todos os namorados da minha mãe ele é o que mais ajuda na questão financeira né? E na questão de presença mesmo... Bofe é super bonzinho, nem merece esse vulgo que tem, sério mesmo. Quem ver nem pensa que é bandido, cara.

Enfim, tem um mês que eu tô aqui né? E até agora, tô curtindo a Penha. Apesar de não gostar muito de sair por aqui, sou mais a pista, sabe? Mas até então, tô em paz.

Minha mãe abriu um bronze, e as vezes eu vou lá ajudá-la. Isso quanto tô afim, sabe? Até por causa de que, ela tem duas funcionárias fora a minha tia que também ajuda. Então tá tudo em casa... Ela mesmo nem faz questão que eu vá pra lá. Diz que eu sou insuportável, que fico encarando feio as pessoa. Aí, preguiça.

Fui pra casa, tava sozinha mesmo. Moça que trabalha aqui já tinha deixado meu almoço, então eu comi, e depois fui descansar. Tava morta e enterrada mesmo, passei o final de semana todo estudando para as provas e agora que acabou, tô aqui... Morrida.

[...]

Sete e meia e levantei, marquei a minha unha para as oito e já estava achando que ia me atrasar né? Não conheço nada por aqui direto, então já sabe, vou ficar perdida!!!

Levantei, tomei uma banho rápido e peguei o telefone pra mandar mensagem pra mona. Ela ainda fez o que? Demorou de me responder! Uó, cara. Fiquei logo nervosa.

Fazia tempo que eu procurava um studio por aqui. Fiquei louca pois eu gosto de fazer minha unha toda semana né? Quando eu não faço, eu não gosto nem de sair de casa.

Mas também, sou chatíssima! Não é em qualquer lugar não, sabe? Tem que ser no mínimo agradável e limpo. Vejo tudo pelo Instagram, até se a profissional usa luva ou não. Tem que ser tudo muito bem organizado.

Encontrei o insta do studio dela, vi as fotos, os stories e gostei... Aí eu marquei pra hoje, já que amanhã tenho um aniversário de uma colega pra ir, aí eu tenho que ficar belíssima né cara??? Já que o bofe que eu tô super afim, vai tá por lá e eu vou jogar avanço kkkk.

Mona disse que ia me buscar na ponta da rua né? Fiquei até sem graça de pedir isso pra ela, mas eu realmente não conheço nada por aqui. Tenho um mês só, pô. E por incrível que pareça que nunca tinha vindo pra cá.

Xxx: Oh colega, tu que é a Paola???? — confirmei com a cabeça.— Aí, pensei que não ia te achar... Vamos, o studio é lá em cima.

Quando olhei pra escadaria me arrependi no exato momento. Aí cara, sério??? Tava muito bom pra ser verdade, que isso. Mas tive que ir né? Rezando a Deus que acabasse logo pois eu paguei todos os meus pecado subindo. Na moral, eu mereço!

[...]

Inara: Então sua mãe é dona do bronze novo?

Paola: Sim, cara... Lá é perfeito, pode brotar que sua marquinha vai ficar aulas.— a encarei.— Caralho, esculachou! Amei a unha.

Inara: Tá linda mesmo, bem simples. Você não gosta de muita informação não, né?

Paola: Não cara, eu odeio. Gosto de uma coisa mais simples, sabe? Nada de muito chamativo!

Já tinha terminado a unha a uma cotinha, mas fiquei de papo com a mona que nem vi o tempo passar. Ela era super gente boa cara... Confesso que gostei da vibe dela, lembra bastante o meu jeito, fora que eu tenho a impressão de que na conheço ela, só não lembro de onde.

Ela tem dezenove igual a mim, novinha cara, e já conquistou várias paradas. Tem o studio dela, tá reformando a casa da mãe. Acho isso maneiro, quem correr atrás do seu independente de qualquer coisa. Sem pisar em ninguém, cara. Isso é maneirão, papo reto!

Conversamos sobre tudo, uma coisa por cima da outra. Parecia até que a gente era amigas a anos e agora não reencontramos. Maior loucura mesmo, conexão bateu real. Enfim, gostei demais dela.

Ela pediu pra me maquiar, tá fazendo o curso e quer treinar. Como eu não tinha nada melhor pra fazer, eu deixei. Custa nada ajudar ela né? Não vou sair mesmo, se ficar ruim, eu sou um sorriso falso, vou pra casa e tiro tudo.

Destino Implacável.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora