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No fim da noite, tudo o que Kurt podia se lembrar era dos lábios de Nash, mas não do melhor jeito de se lembrar

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No fim da noite, tudo o que Kurt podia se lembrar era dos lábios de Nash, mas não do melhor jeito de se lembrar. Não por causa do beijo, nem do sabor que ele teve, nem da suave eletricidade provocada, mas sim pelas palavras que aquela boca formou logo depois, dizendo: Eu não devia ter feito isso. Não quero fazer isso com você.

Kurt se lembrava de ler as palavras nos lábios dele, mas o som viajara como o zumbido de um soco, distante e entorpecido. Seu rosto esquentou, como se tivesse de fato sido acertado.

Isso. Era assim que chamava o beijo? Era sua maneira de dizer que não iria acontecer de novo?

E, como se golpeando de volta depois de ser pego com a guarda baixa, Kurt devolveu com um: Não foi nada. Não importa.

Mas tinha sido alguma coisa. E importava muito. Não dava para passar indiferente ao que tinha acontecido, pelo menos não para Kurt. E esse era o maior problema de todos: não o beijo em si, mas as emoções que vieram com ele e o fato de que elas pareciam existir apenas dentro de sua cabeça.

Ele se deu conta disso quando separaram caminhos depois do drive-in. Nash se virou sem olhar para trás e foi. Já Kurt ficou, assistindo suas costas e ainda acalmando o fôlego da noite inteira.

O que aconteceu no drive-in não tinha sido nada para Nash, e não havia motivo para ser. Kurt já tinha visto como os rapazes do bando se relacionavam. Ele esteve lá em cada momento que eles tratavam um aperto de mão e um toque íntimo como se fossem exatamente a mesma coisa. Isso só foi para nos salvar, Kurt continuava tentando se convencer. Era fazer aquilo, ou eles teriam amanhecido dentro de uma cela da polícia.

Agora, voltando a pé e sozinho até seu carro, com as mãos vazias nos bolsos e sem a jaqueta de Nash para esquentar, Kurt se dava conta como a noite estava fria, de um jeito que não havia sentido antes. Seus lábios voltaram ao estado seco de sempre, e o alívio úmido que tinham provado desapareceu como se nunca tivesse existido.

Não pense nele. Seu próprio pensamento censurou. O que era difícil, porque a cada vez que esfregava os dedos ou umedecia a boca, seus nervos pelo corpo formigavam nos pontos onde tinham tocado Nash.

Quando ele encontrou o Camaro estacionado onde o havia deixado, estava tudo mais quieto e escuro. Mesmo depois do fim da ronda da polícia, ninguém quis ficar por perto do bar. Àquela altura, só tinha sobrado ele.

No meio do caminho, seu celular tocou de novo. A vibração insistente o impedia de simplesmente fingir que não estava acontecendo. Kurt poderia deixar cair na caixa postal mais uma vez, mas o arrancou do bolso para desligá-lo. Só quando viu o nome de quem chamava, resolveu dar uma chance e apertou a tecla verde.

— Meu Deus, Kurt! Onde você está? Dá um sinal de vida! — Jerome exclamou do outro lado da linha. — Você pelo menos está seguro?

— Me desculpa. Não precisa se preocupar. Eu consegui deixar o bar sem ser pego — Kurt abaixou o tom e tossiu antes de continuar. — Eu estava com o Nash.

Colisão [2ª edição 2023]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora