Aeroporto

9.7K 529 53
                                    

[ ... ]

Se eu soubesse que escolher uma universidade longe de casa me traria tantos problemas assim, teria escolhido a da minha cidade, pelo menos todos que estudaram nela, tem um emprego de meio período.

Mas o que pesava em minha cabeça, não era  necessariamente minha culpa, mas sim dos meus pais, que desde pequena colocaram na minha cabeça que quando eu crescesse eu cursaria comércio exterior fora do país, eu nem tinha certeza se queria cursar esse curso mesmo e ainda mais fora do país.

Mas acredito que.. eu não queria decepcionar eles, mas era exatamente o que eu estava fazendo, estava de mudança para Madrid, tão em cima da hora, e eu não tinha totalmente noção do que fazer, estava sendo jogada nesse mundo novo, e sem nenhuma instrução de como agir, ou do que fazer.

Mas agora não tinha mais volta, eu precisava mostrar ao meu pai que eu já tinha idade o suficiente para cuidar de mim mesma, e nada melhor do que em um país diferente.

Não queria ir após uma discussão e sem se despedir, mas seria o melhor a se fazer no momento, talvez quando eu chegasse lá em Madrid, eu pudesse fazer uma chamada vídeo e conversar melhor sobre o que estava de fato acontecendo.

Nesse exato momento, me encontrava colocando minhas malas no táxi que minha mãe havia pedido.

Enquanto isso, meu pai dormia em sua cama, após as vinte e cinco gotas de calmante que minha mãe havia colocado em sua água.

Segundo ela, dormir o faria bem. Embora eu não gostasse dela se arriscar deste jeito.

_ Eu vou sentir sua falta, mãe. - Falei indo até ela e dando um abraço bem apertado, típico de toda despedida.

Se tinha uma coisa que eu odiava era ter que me despedir, nunca soube como agir, ou o que falar, preferia mil vezes que as pessoas sumissem da minha vida e não falassem nada, talvez seja por isso que sempre tive dificuldade em manter uma amizade, porque quando eu enjoava, eu me afastava sem dar nenhum tipo de detalhe do porque eu estava me afastando.

Sei que não é o certo a se fazer, mas assim eu evitava que as pessoas me machucassem, ou que eu as machucasse.

_ Não tanto quanto sua mãe, meu amor. Quero que me prometa que vai se cuidar e que se precisar de dinheiro vai me mandar mensagem, eu vou dar um jeito de conseguir e de te enviar.

_ Não se preocupe mãe, eu vou me virar por lá. A primeira coisa que vou fazer, vai ser arrumar um lugar para ficar e um emprego para me manter por lá, não deve ser tão difícil.

_ Minha garotinha cresceu tanto, estou muito orgulhosa de você meu amor, você tem um futuro brilhante pela frente, não deixe ninguém te dizer o contrário.

_ Obrigada mãe, devo tudo isso a senhora, que sempre fez de tudo por mim. Eu sou eternamente grata, por ter me dado a melhor educação e por ter cuidado de mim, sempre.

_ Não precisa me agradecer, meu amor. Ter tido você foi o melhor presente que eu poderia ter ganhado. Você com certeza é a melhor coisa que me aconteceu.

_ Owen mãe, eu não posso chorar. - Era tarde demais para isso, ambas já estávamos debrulhadas em tantas lágrimas, mas como toda a despedida, chega a hora de ir embora.

_ Agora vai, porque se não você vai perder o seu voo. Tem certeza que pegou tudo? - Perguntou abrindo a porta do carro para mim.

_ Sim. - Respondi pegando meu celular que estava dentro da bolsa.

_ Pegou sua escova de dente? - Perguntou e assenti me lembrando de ter colocado na bolsa na noite anterior.

_ Confere. - Respondi fazendo um joinha com as mãos.

Country on fire - Jude BellinghamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora