PRÓLOGO/ PERSONAGENS PRINCIPAL

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FRANÇA - PARIS



Eloise Alencastro

Minha percepção do mundo era extremamente negativa. Eu me via presa numa sensação desgraçada de desamparo. Minha respiração estava acelerada, a falta de ar estava obstinada a me levar para um inferno abrasador. Sentada e sem escapatória, senti o início da minha humilhação a cada pontada aguda em meu coração suplicando para continuar batendo.

Iriam me matar.

Mas eu sabia que antes iriam me devastar.

Foram dois... dois homens.

Ainda posso ouvir as palavras deles ressoando em minha cabeça enquanto me arrastavam feito um lixo até o maldito carro, roubando-me da minha vida de merda, raptando-me e assustando-me por tamanha violência.

"A deficiente é linda, nós vamos nos divertir horrores com ela até a decisão."

"Ele foi muito burro de não tê-la possuído ainda. Foda-se o que eles são. Ela é gostosinha."

O amargor do asco desprezível fez-me engolir o vômito que sobe por entre minha garganta. Eu preciso me manter hidratada. Estou sem comer e beber a não sei quanto tempo exato. Não sei para onde me trouxeram, menos o que vão fazer comigo.

Eu estremeço imaginando as perversidades que meu corpo vai levar consigo para debaixo da terra. As manchas da falta de remorso. As manchas da falta de empatia. As manchas do pecado. Se me sequestraram era nítido que iriam brincar com o meu corpo. Criminosos malignos se importam com alguma coisa?

O poder deles consiste em obter da vítima a vergonha e a degradação e se negarmos a eles é mil vezes pior. Não da para lutar. Você é a vítima. Eles te estragam.

Minha bunda dormente, e nas minhas pernas a dificultade da circulação sanguínea que fazia com que houvesse um acúmulo de sangue e líquidos na parte inferior delas e nos meus pés. Eu sentia como se minhas pernas fossem explodir a qualquer momento de tão inchadas, cansadas e doloridas.

Eram horas sofrível naquela cadeira, sozinha, não sei onde estou, com quem estou. Isso me causava uma severa dor de impotência. Eu não conseguia mais sequer me mexer pela dor agonizante. Eles estão me definhando viva. Meus tornozelos já ficavam esfolados de tanto que eu tentei de todas as formas me livrar das correntes. Minhas mãos amarradas com cordas atrás do encosto da cadeira pareciam abarcar o peso do mundo. Meus ossos doíam tanto que os gemindos de lamúria chegava ao ponto de me acalentar.

O choro quando veio era miseravelmente eminente. Minha cabeça parecia que estava estrondando, não existia uma única parte ali em meu cérebro que não estivesse doendo gradativamente ao ter as horas passando. Era uma luta contra o tempo.

— S.SOCORRO... POR FAVOR???

Gritei com aquilo que eu ainda possuía, o pingo de voz e que logo fecharia minha garganta de tanto que eu a forcei a esganiçar-se e esgoelar-se.

Aperto meus olhos que só enxergam escuridão e busco concentrar-se em meu sentido auditivo, tento ouvir algo, alguém, alguma pisada, algum som, algo que denunciasse que um anjo poderia se compadecer e entrar no caminho do meu e ajudar-me já que o meu estava acorrentado com as asas cortadas aqui comigo preso. Mas eu não ouvi nada. Nada... e nada. Um vazio oco. Era só a escuridão agarrada a minha pele e me fazendo companhia.

O MaculadoWhere stories live. Discover now