Capítulo 13 | Me Trocar Diversas Vezes Por Você

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Oie, como cês tão?

Infelizmente estamos chegando nos últimos capítulo, mas espero que gostem dos próximos capítulos❤️

Boa leitura!

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Não vejo mais você faz tanto tempo

Que vontade que eu sinto

De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços

É verdade, eu não minto

E nesse desespero em que me vejo

Já cheguei a tal ponto

De me trocar diversas vezes por você

Só pra ver se te encontro


[...]

Perdido no vazio de outros passos

Do abismo em que você se retirou

E me atirou e me deixou aqui sozinho

Você Não Me Ensinou a Te Esquecer | Caetano Veloso



Durante os dias que se seguiram ao passeio com sua namorada, a conversa sobre a relação entre ela e a mãe ecoou insistentemente pela mente de Carolina. E a partir disso, algumas lembranças ambivalentes de quando a mãe ainda era presente em sua vida surgiram em sua memória.

Se lembrou do dia em que os colegas de classe passaram o dia sem dirigir uma palavra sequer a ela e ao chegar em casa com o rosto avermelhado, assim como sempre que chorava, Ester fez mais um de seus bolos de chocolate com brigadeiro sem perguntar o motivo de Carolina parecer tão abatida.

Relembrou também das vezes em que foi toda animada contar para mãe os acontecimentos de alguma história em quadrinho ou desenho que gostava e Ester nem fingiu interesse. Bem como quando encontrou algum desenho que fez para mãe e tempos depois o encontrava no lixo aos pedaços. A professora recordou como se sentia boba nessas situações por tentar compartilhar algo com a mãe.

A professora passou boa parte da vida sentindo o peso emocional de diversas memórias como essas ou não, mas estando mais velha, principalmente depois de acompanhar Ísis crescendo, se pegou inúmeras vezes se perguntando o que faria se ela tivesse sido mãe na adolescência como a mãe ou no início da vida adulta como Adriana.

Apesar de conseguir fazer o exercício de tentar se colocar no lugar de Ester, Carolina ainda se sentia meio perdida na tentativa de deixar a busca pela racionalidade e de alguma lógica no meio da imensidão de sentimentos confusos que nutriu pela mãe em mais de duas décadas, entretanto, chegou a decisão de que estava mais do que na hora de tentar curar essa ferida.

Com muito incentivo de Natália, Adriana e uma taça bem cheia de vinho a professora enviou mensagem convidando Ester para jantar com ela e a namorada em seu apartamento. Carol também queria a presença da melhor amiga, mas a veterinária achou melhor não estar ali, sabia que não conseguiria evitar a própria boca de soltar algum comentário que fosse estragar o clima de reconciliação que as Soffredinis precisavam.

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Ao ouvir a campainha tocar Carolina correu até o espelho para ajeitar a franja mais uma vez e respirou profundamente antes de abrir a porta.

– Oi, Ester. – Carol comprimentou ao abrir a porta e se deixou ser envolvida por um abraço caloroso que correspondeu meio incerta. – Vem entra. – Abriu passagem para a mulher mais velha. – O jantar já está pronto, espero que ainda goste de risoto de palmito com gorgonzola.

– Fico feliz que ainda lembre da minha comida preferida, filha. – Sorriu contente. – Cadê a minha nora? Achei que ela iria jantar conosco.

– Natália deve estar saindo do banho. – Explicou começando a sentir certo nervosismo surgir em seu âmago.

– Nossa, faz pouco tempo que vim aqui, mas estou sentindo tudo meio diferente. – Passou os olhos pela sala. – Está com uma energia diferente, mais carinha de lar.

– Devem ser as novas moradoras daqui. – Apontou para os vasos de zamioculca em seu home office e o de costela de adão ao lado da televisão.

– Viu, amor. – A fotógrafa comentou saindo do quarto. – Falei que as plantinhas iam dar uma diferença no ambiente.

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Jantaram entre conversas triviais e goles das taças de um vinho branco caro que Natália havia escolhido na adega de sua família.

– Esse risoto está uma maravilha. – Ester elogiou. – Vou até dar uma repetidinha, licença.

– Fica a vontade. – Carol falou deixando contentamento estampar seu rosto. – Quando você aceitou vir, esse foi o primeiro prato que pensei em fazer.

– A escolha foi certeira, isso aqui está divino, amor. – A fotógrafa elogiou a namorada sorrindo apaixonadamente. – Olha que não sou muito fã de palmito.

– Fico feliz que tenha gostado, amor. – Acariciou de lado os braços definidos. – É uma receita de família, tinha tudo haver com a proposta do jantar.

– Admito que fiquei surpresa com o convite, mas agora posso estar ficando meio confusa. – Comentou Ester entre garfadas. – Mas a confusão pode ser por conta do vinho.

– Te convidei porque tive uma conversa profunda com a Natália esses dias. – Apertou a mão da namorada que repousava sobre a mesa ao lado da sua em um misto de agradecimento e busca de encorajamento. – Que me fez repensar nossa relação.

– Já passamos muito tempo distantes, não é? – Um sorriso carinhoso, o mesmo que por tanto tempo doeu em Carol ao lembrar, enfeitava o rosto de Ester.

– Acho que sim, mas felizmente não é tarde demais para arranjarmos isso. – Não tem nada que eu que me faria mais feliz que isso, Carolitoca. – Os olhos da mulher se encheram de água. – Desculpa não ter sido uma mãe convencional. Quis evitar reproduzir a rigidez maluca da sua avó na sua criação. Tentei te dar liberdade para você ser quem e como quisesse ser, mas acho que acabei te deixando desamparada.

– Não vou negar que em muitos momentos me senti sozinha e sem apoio. Mesmo quando ainda era criança, muitas vezes senti como se a mãe da casa fosse eu. – Suspirou profundamente sentindo como se um peso saísse de suas costas. – Mas agora, adulta, consigo imaginar com mais carinho como deve ter sido difícil para você cuidar de mim sozinha. Eu mesma não tenho ideia de como lidar ao descobrir uma gravidez hoje em dia. Mesmo não tendo sido uma mãe nada ortodoxa foi graças a você que cheguei onde cheguei e sou bem grata a isso. Sou feliz com a pessoa que eu sou e com quem tenho ao meu lado e quero você de volta a minha vida com regularidade, mãe. – A professora sentiu certa inquietude no peito ao proferir a última palavra.

– Não que minha palavra tenha muito crédito com você no momento, mas prometo que vou fazer tudo para não te decepcionar de novo.

– Acho bom sogrinha, porque eu vou cobrar. – Se fez presente na conversa desde que as trivialidades foram deixadas de lado. – Cuidado que eu sou meio maluca. – Natália alertou em um tom comicamente ameaçador caindo na risada com as outras duas mulheres em seguida, mas Carol sabia que aquele comentário não havia sido mera piada.

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O que acharam?

Até o próximo ❤️

Deixa Eu Ficar Na Tua Vida | NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora