15Ctt

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Já se passaram quase meia hora e Isobel está dormindo abraçada a mim no chão. Eu estou quase cochilando também quando escuto alguém.

- Senhorita, tenho que pedir que se retire da entrada, por favor encontre outro lugar para ficar. - Levanto meus olhos e encontro um homem me encarando. – Por mim até que não tem problema, mas meu patrão vai criar problemas para mim. Me desculpe.

- Oh, tudo bem, não quero problemas. - Balanço delicadamente Isobel para que ela acorde. – Venha Isobel, nós temos que ir.- Ela levanta a cabeça e limpa os olhos com seus dedinhos. Me levanto lentamente e a ajudo a ficar em pé também.

-Ai meu Deus, não pode ser, senhorita Isobel é você mesmo? Claro que é. – Senhorita? Isso é sério? o homem vem em nossa direção, mas Isobel se agarra em minha perna e não deixa que ele a toque. – Oh, não se lembra de mim? – ela não responde.

- Ela perdeu a memória, senhor. – Eu o aviso para que não a pressione.

- Oh meu Deus. Isso é horrível. Venham para dentro. - Ele retira algumas chaves do bolso para abrir o portão e nos da passagem logo em seguida para passarmos. Eu não queria entrar, mas Isobel se agarrou em mim e não quero deixa-la sozinha enquanto não encontrar sua família. Levando em conta que esse homem é apenas empregado da casa. - Quem é você? Você que acionou o interfone mais cedo? - Ele me pergunta enquanto andamos pela entrada enorme da casa, seu tom de voz demonstra claramente que ele tem receios sobre mim.

Precisamos dar a volta pelo lago para chegarmos a porta principal esse não parece ter fim, prolongando nossa conversa.

- Sim, fui eu.

- Oh, me desculpe senhorita, mas é que estamos recebendo tantos trotes que paramos de receber ligações sobre o desaparecimento. Estávamos optando por acionar mais detetives em vez de confiar na população. Não sabe o quanto estávamos desesperados, essa casa se revirou totalmente. Mas graças a Deus ela está de volta.

- Sim, realmente. – não consigo dizer mais nada, a cada passo que eu dou, meu coração aperta mais.

Chegamos a entrada da casa, depois de subir cerca de dez escadas passamos pela imensa porta de madeira e entramos em uma sala imensa, decorada luxuosamente. A cada passo que dou nesse lugar me sinto mais perdida.

- Espere aqui, vou chamar o patrão. - Ele sai e segue para um corredor a direita da sala imensa.

- Charlotte, não quero ficar aqui, quero ir embora. - Isobel choraminga.

-Oh meu bem, você já está em casa. – quando termino de falar outro homem aparece do corredor apressado.

-Isobel? não acredito!- Ele corre em direção dela e lhe dá um abraço a pegando no colo. Isobel fica sem reação e não retribui o abraço, ela apenas continua a me encarar com olhos confusos. – minha filha, não acredito que você voltou. Não sabe o quanto fiquei desesperado. Eu... eu... – ele está afobado.

Ele para um instante e percebe minha presença. - Andreia! – Ele grita e uma mulher aparece na mesma hora. Seu rosto cai quando foca em Isobel, mas continua calada. - Andreia leve Isobel para o quarto, já estou indo para lá.

Andreia caminha em direção deles, mas Isobel fecha a cara.

- Charlotte, por favor- ela estende a mão antes de espernear até se soltar de seu pai e corre em minha direção se agarrando em mim.

-Isobel, preciso conversar com a moça, vá com Andreia. –seu pai lhe pede. Mas ela o ignora

-Charlotte não me deixa sozinha, você vem comigo né? – ela começa a chorar e eu fico sem reação.

- Não meu bem, eu não posso. - lágrimas começam a formar em meus olhos. Eu as ignoro. Levanto minha mão e eu a passo por seu cabelo. - eu preciso voltar para meu lugar. Quando você recuperar a memória, vai me esquecer rapidinho, você vai ver.

-Não quero te esquecer, eu não vou. Fica comigo. - ela implora entre seu choro, seu rostinho está todo molhado.

- Eu queria, mas não posso, mas eu vou te visitar, nós vamos nos ver muito ainda.

- Me promete? Me promete que não vai me esquecer?

-claro, eu prometo, nunca vou esquecer de você. – sinto minhas lágrimas escorrerem pelo rosto. Abro minha bolsa e tiro o exemplar de O Jardim Secreto que estávamos lendo e a entrego. – Pronto, isso é para você não me esquecer. Quando crescer vai poder lê-lo sozinha.

-Eu vou esperar você para ler para mim.

-Já chega Isobel, Andreia leve-a. preciso conversar com a senhorita. - Seu pai nos corta.

-Sim senhor -Andreia pega Isobel, mas ela começa a chorar e a se debater.

-Isobel, não faça assim, vai ficar tudo bem. – Dou um sorriso forçado para ela que automaticamente para e Andreia a agarra.

-Charlotteee!! Não vai embora- ela me implora. - Eu te amo. - ela grita desesperada. Não respondo, fico imóvel, é a primeira vez que alguém me diz 'eu te amo'. Penso em responde-la, mas apenas fico observando enquanto ela desaparece pelo corredor. Limpo as lagrimas que escorreram no meu rosto e tento me recompor. Já me envergonhei o bastante chorando perto do pai dela.

- Venha até meu escritório. – o homem me chama e eu desperto dos meus pensamentos. Quando eu olho ele já está de costas caminhando pela casa. Eu o sigo e tento não esbarrar em nada pelo caminho. Chegamos até uma porta de madeira, mais cara que um rim meu, e entro atrás dele.

Percebi seu olhar sob mim. Ele desconfiava de mim e para meu azar, ele tinha motivos para isso... eu assumo que fui irresponsável.

- Feche a porta e sente-se- ele praticamente me ordena. Quem ele pensa que é para falar comigo assim? Só porque é pai dela pensa que manda em mim?. Mas como não quero discutir e só sair daqui o mais rápido possível apenas faço o que ele manda. – Ok. É Charlotte, não?

- Sim é isso mesmo- Estou olhando para minhas mãos, quando eu vejo que não tenho motivos para isso levanto meu olhar para encara-lo. Assim que meus olhos encontram os dele eu paraliso, assim como minha respiração.

Estava tão triste pela despedida de Isobel que nem reparei que seu pai era nada mais nada menos que Andrew Crewe, o mesmo Senhor Crewe que me despediu de sua loja de um jeito humilhante.

Meia Noite e Um - Completo ✔Where stories live. Discover now