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Assim que chego a pensão descrita pelo relatório de Charlotte fico surpreso com o tamanho minúsculo dela. Mas me surpreende mais ainda que seja perto do local onde perdi minha filha. Esse é mais um motivo que tento agarrar para me convencer que não foi intenção dela a encontrar.

Estou a alguns minutos esperando uma mulher que se apresentou como dona do local chamar Charlotte para mim. O lugar é bem escuro, então resolvo esperar perto da porta.

-Pois não? - uma voz me tira dos meus pensamentos. Eu me viro e a encontro.

-Preciso falar com você. - Sou direto.

Charlotte me encara como se eu fosse louco por alguns instantes, mas sua feição muda e ela parece que viu um fantasma.

-Aconteceu alguma coisa com Isobel? Ela... ela está bem? - Ela pergunta rápida demais. Parece nervosa.

-Não, ela está bem, que dizer... mais ou menos. - Digo.

- O que quer dizer com isso?

-Vamos conversar, precisamos resolver um assunto.

-Não significa que você é pai dela que devo confiar em você. Como você me achou aqui?

-Olha, não sabe o quanto me custa vir aqui. Não viria se não fosse realmente necessário.

Ela me encara alguns segundos, parece pensativa.

-Está bem-ela bufa- Mas não posso agora.

-Por que? – o que mais essa garota teria para fazer?

-Acabei de chegar do trabalho e estou com visita.

-Vinte minutos então. Estou te esperando em um carro preto do outro lado da rua. – Me viro e antes que ela me negue. Se ela realmente gosta de Isobel, ela vai vir.

Desarmo o alarme do meu carro e entro, não vim com Toni, eu gosto de dirigir e hoje estava sentindo falta disso.

Vinte e oito minutos se foram. Olho para o teto e me pergunto se ela realmente virá. Acho que ela não virá. Olho para janela pela última vez só para certificar, mas não preciso dar partida no carro pois ela já está descendo os degraus da pensão. Saio do carro para que ela me veja, quando me avista caminha em minha direção apressada.

-E então? –ela me fuzila com olhar.

-Queria me falar algo. Pois diga. – Dou a volta até o seu lado e abro a porta.

-Não vamos falar no meio da rua. – Digo. Ela me olha por uns instantes mas se rende e entra no carro. Fecho sua porta e dou a volta entrando e dando a partida no carro.

Observo-a enquanto ela se embola com o cinto de segurança, ela leva alguns segundos para colocá-lo devidamente em sua volta e encaixa-lo. Que tipo de pessoa não sabe colocar um cinto de segurança? Solto uma risada baixa.

-O que foi? – ela me pergunta.

-Nada, só estava me perguntando se nunca andou de carro.

Ela fica pensativa. –Não no banco da frente. – ela diz baixinho.

-O que? – pergunto só por mania.

-Nada, Como está Isobel? me disse que ela não está bem. – ela parece preocupada, será que está mesmo?

Não me culpe por querer ter certeza se ela é uma pessoa boa ou não antes de fazer o que está em minha mente.

-Já jantou hoje Charlotte? – corto seu assunto.

-Jantar? – ela pergunta. – Não respondeu minha pergunta, ela está bem? – ela insiste.

-Sim, deixei ela dormindo com Andreia. Agora me responda a minha pergunta.

Meia Noite e Um - Completo ✔Where stories live. Discover now