25 Adw

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Fico olhando enquanto Charlotte anda apressada em direção do seu quarto.

Ainda sinto sua pele macia entre meu toque. Estico minhas mãos tentando mandar a sensação embora, mesmo sendo tão boa. Ela está mexendo comigo e eu não gosto nada disso. Desde o dia em que conversei com ela quando chegou, não a tiro da cabeça. Mas que droga!

Acho que estamos falando demais sobre essa mulher. Ela é o assunto da casa, e Isobel fala dela o dia todo. Acho que me acostumei muito rápido com a presença dela, ela é muito agradável. Que idiotice a minha ficar com essa simples mulher na cabeça, ao menos se ela tivesse classe.

Entretanto, uma coisa tive que assumir, ela não era o que pensava, só depois de Nathan me assegurar dez vezes que ela era apenas uma garota normal que teve má sorte na vida, é que admiti que ela realmente ajudou minha filha, e se não fosse ela, Deus sabe quando poderia tê-la novamente, se a tivesse, arrepio só de pensar.

Além disso, eu que fui mal com ela, eu a despedi sem justa causa, a humilhei a acusei de sequestro. Ótimo pessoa eu sou.

Preciso descansar a cabeça e parar de pensar nela por um minuto sequer. Desligo o computador e volto para casa.

-E aí Andrew, que cara de 'eu vou te matar' você está hoje. Espero que não esteja dirigido a mim. – Adam diz descendo as escadas da casa.

-Talvez esteja. – digo seco. – Diga a Jonas que volto uma hora antes da sua maldita festa.

- vai sair? Me dá uma carona então? – ele implora.

- Por que não vai dirigindo?

- Ainda estou sem carro. Você vai me emprestar algum dos seus?

Ele pergunta já rindo e eu nem me presto em responder. Meus carros eram um limite que Adam ou qualquer um além de Toni ousaria chegar perto.

- Onde vai? – pergunto.

- Vou pro algum clube. A casa está insuportável hoje. – realmente está. Os preparativos de uma festa são mais barulhentos e tumultuados do que parece.

-Entra então. – digo finalmente.

-valeu. – vamos até a garagem e dou partida no meu carro.

-Então? Estefânia vai hoje? – Adam pergunta depois de dez minutos de silencio no carro.

- Ela ia depois do desfile, provavelmente chegará atrasada.

-Isaac está animado demais. Convidei Charlotte, espero que não se importe. – ele diz. –Ela parece uma boa moça, só se cuidar mais. Isaac gostou dela também, isso é estranho, ele nunca gosta de ninguém de primeira.

Eu sabia claramente que Adam nunca convidava alguma garota para festa alguma sem segundas intenções. Adam já teve mais namoradas do que eu consigo contar. Ele inclusive já pegou ex minhas. Ele tinha um charme diferente e eu sabia que para ele iludir Charlotte não seria nada difícil.

-Tá. – saí para parar de pensar nela, e aqui está o idiota do meu primo a invocando de novo na minha mente.

-Tá o que?

-tá, não ligo.

- Não liga pra que?

-Não ligo se vai levar Charlotte nessa merda de festa, Adam. – quase grito com ele.

-Caralho, essa foi a única coisa que ouviu?

-Não enche.

-Você tá gostando dela Andrew? Porque se tiver eu posso...

Pode o que? Desconvida-la para a festa? Parar de dar em cima dela? Só cale a boca, Adam, por favor.

-Porra Adam, dá para calar a boca, eu estou namorando com Estefânia, além disso, não tem nem comparação entre as duas.

Na verdade eu nem sei mais o que eu e Estefãnia estamos fazendo. Não nos vemos há mais de um mês e nenhum de nós fez muita questão de procurar o outro. No fundo algo me diz que ela gostou da ideia de Isobel ter sumido.

-É, realmente não tem comparação. – ele apenas diz, mas sei muito bem o que ele quis dizer.

-Então se ela está livre, creio que não se importe se eu investir. – ele diz com um sorriso no canto da boca.

-Não chegue perto dela. – Por que disse isso? Foi sem ver.

-O que? Por que? Você acabou de dizer que não está interessado.-Ele levanta a mão mostrando frustração.

-Não quero você se metendo com meus empregados, Adam, além disso, tem várias outras mulheres babando por você.

-Fora da sua mansão, meu querido primo, ela não é nada sua. E eu não quero essas mulheres babentas. Algo na inocência de Charlotte me atrai.

Ah claro. Dessa fonte Adam nunca tomou.

-Não ligo que a leve hoje, mas não vai se envolver com ela além disso.

-Você é muito egoísta, Andrew Crewe. Se contente só com a sua modelo perfeita.

-Vai se ferrar, estou me segurando para não te atacar da janela.

Meu tom de voz é claramente calmo e carregado de cinismo.

-Que stress, hoje à noite vai ser maravilhosa. – ele ri ironicamente.

-Você tem sorte de ser da família. Muita sorte.

O que diabos eu estou pensando? Charlotte é uma simples empregada que lava minhas roupas. Se ela fosse alguma modelo, atriz ou tivesse um pouco mais de beleza, meus pensamentos iriam se justificar e eu poderia pensar em algo a mais, mas só "pensar" nada além.

Mas o que eu estou precisando mesmo é da minha maravilhosa vida de solteiro, não estou suportando mais Estefânia, ela é linda e do meu nível social, porém não liga a mínima para mim, quando Isobel sumiu o maior apoio que ela me deu foi viajar por um longo tempo para bem longe dos meus problemas.

Tentei mesmo ter algum compromisso com alguém, esse com Estefânia foi a primeiro depois da morte da mãe de Isobel, mas nem com a mãe dela eu tive um relacionamento, foi algo passageiro que me deixou a coisa mais preciosa da minha vida, disso eu não ouso reclamar.

Quando Caroline engravidou, eu não queria compromisso com ninguém, a única coisa que me vinha na cabeça, era o quanto de pensão teria que pagar para que as duas sumissem. Ela também não queria o filho, porém foi se acostumando com o tempo. Já eu, demorei nove meses para aceitar a gravidez indesejada.

No dia que o pai de Caroline me ligou falando que ela tinha ganhado o bebe e falecido no parto, eu fui visitar minha filha a quem a mãe tinha colocado o nome de Isobel, estava muito relutante mas no momento em que coloquei meu olho naquele serzinho, que agora estaria sozinho, eu me apeguei por completo nela. Ela estava tão indefesa e uma sensação para que eu a protegesse me tomou.

Foi mais difícil do que eu pensei ganhar a guarda da minha filha, a família de Caroline entrou com todos os recursos que tinham contra mim, e usaram até o fim o meu desgosto passado sobre a gravidez. Depois de muita burocracia e advogados, eu consegui a guarda de Isobel.

Nos primeiro meses eu não me desgrudava dela, estava a todo momento em seu quarto e as vezes dormia junto com ela, dispensando Andreia que cuida dela desde o inicio. Entretanto eu assumo que acabei ficando sem tempo para ela, a empresa e os negócios me tomavam quase todo dia. Ela nunca foi de ter muitos amigos e eu a deixava muito só, ela acabou criando uma amiga imaginaria para suprir essa carência, isso me fazia repensar se foi o certo a tomar dos avos maternos.

Mas até que as coisas não estão tão ruins agora, Depois que ela sumiu por uma semana, eu sofri um baque e percebi que deveria dirigir mais atenção a ela, estou fazendo meu máximo, mesmo sabendo que não é o suficiente. Ela também esqueceu sua amiga imaginaria e estou torcendo para que ela não a ressuscite. E também claro, tem Charlotte, as duas são muito apegadas e ela faz muito bem para Isobel.

Mas que droga! Já estou pensando nessa mulher de novo, não está dando mais, preciso pensar em algum jeito de tirar ela da minha cabeça.


Meia Noite e Um - Completo ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora