04. mar, areia e sol

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Alia trocou um olhar curioso com o Sr. Henderson. A batida veio novamente, mais alta desta vez. Ele piscou quando uma terceira batida insistente surgiu. Outra brisa balançou as cortinas e, em silêncio, os dois esperaram.

— Abra a porcaria da porta, Colin!

Ela estava ouvindo coisas, ou aquela voz... Não. Não pode ser. Ele sorriu, mas as mãos dela começaram a suar. O Sr. Henderson correu à porta antes que a voz masculina chamasse outra vez.

— Talvez devêssemos deixá-los por um momento, querido. — Uma doce voz feminina murmurou no instante em que o Sr. Henderson girou a maçaneta. — Colin, querido. Estamos interrompendo?

Alia congelou quando William Sagger e Zelda Miller pisaram no quarto.

Ele usava uma camisa polo branca com as famosas letras WSZM bordadas no peito e calças de verão cor de marfim. Os cabelos louros de Sagger estavam meticulosamente penteados para trás no estilo slicked back, o que o deixava mais parecido com Leonardo DiCaprio do que o usual.

— Você realmente veio, seu filho da mãe. — Sagger sorriu, segurando o Sr. Henderson pelos ombros. — Essa festa vai ser muito interessante.

Ainda segurando o braço do marido, Zelda sorriu, revirando os olhos orientais — e muito bem maquiados — para o teto. Ela usava um vestido de linho branco, incríveis sapatos nudge — a cor da estação, pelo o que Alia ouvira —, uma pashmina azul-claro e, para completar o visual, Zelda segurava um leque.

Um leque. Quão absolutamente demais era aquilo?

— Não se preocupe, Colin. Você sabe como William adora uma fofoca. — Ela deu uma batidinha com o leque fechado no braço do marido, rindo. — Como estão as coisas, querido?

Alia não conseguia pensar com coerência. Ela estava no mesmo quarto que Zelda Miller e William Sagger e não era capaz de dizer uma só palavra. Os três conversavam, e Alia permaneceu à parte, observando o grupo e ouvindo suas vozes como se estivesse num sonho. Era como se eles fossem os garotos populares da escola, aqueles que todo mundo quer estar junto, dividir o almoço e as tarefas. Deus, se isto for um sonho, não me acorde agora.

Quando Alia voltou à Terra, os três a miravam como se esperassem uma resposta. A boca dela ficou seca.

— Sinto muito, eu... eu...

— Então você é a moça da fotografia. — Sagger riu, estendendo a mão. Alia o cumprimentou, sabendo que suas mãos estariam frias como o diabo. — Ainda não acreditamos que você decidiu fingir ser a namorada de Colin só para nos conhecer. É um sacrifício e tanto.

Se ela não estivesse tão nervosa, teria rido. O Sr. Henderson balançou a cabeça, apesar de ser evidente que se divertia.

— Não ligue para Will, querida. Ele gosta de brincar. — Zelda riu, cumprimentando Alia. O perfume de jasmim da estilista, fragrância criada por ela, era inebriante. Zelda sorriu e abriu o leque. — Colin nos contou que você tem algumas criações. Vestidos, não? Estou muito animada para...

— Ei, Zel — disse o Sr. Henderson, cruzando os braços. — Podemos fazer isso depois. A conversa sobre... moda. Assinamos um contrato, e vocês terão todo o tempo para discutir sobre isso quando... quando terminarmos o namoro.

— Nosso pequeno Colin. Sempre um homem de negócios. — Sagger revirou os olhos de uma maneira exagerada, fazendo Zelda sorrir. Ele se virou para Alia. — Como está indo o relacionamento até agora? Horrível? Doloroso? Medonho?

O Sr. Henderson riu, mas seus olhos se grudaram em Alia esperando pela resposta.

— Bem, ele parecia um robô na frente da família de Jane — disse ela. Um sorriso cresceu em seu rosto quando Zelda se abanou com o leque. — Por enquanto, estamos... indo.

Cláusula de Amor | ✓Where stories live. Discover now