08. valse comigo

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Alia teve um pressentimento de que seus pés estariam destruídos após uma aula de dança com o Sr. Henderson. Era um fato, com aqueles ombros rígidos e silêncio profundo enquanto Carol falava sem parar sobre a professora e o estúdio, que o Sr. Henderson seria uma porcaria na pista de dança. Ela não podia culpá-lo.

Nas festas da empresa, ele sequer olhava para a pista de dança. Enquanto alguns colaboradores bêbados dançavam, riam e terminavam outra taça de champanhe, o Sr. Henderson ficava à margem, conversando em voz baixa com algum executivo sem expressão, assentindo e olhando de relance para seu Rolex vez ou outra, esperando pelo momento certo de sumir sem parecer tão desesperado para ir embora.

Era líquido e certo que ele não fazia o tipo de homem que dançava. Alia e seus pobres pés em breve confirmariam aquelas suspeitas.

Os dois entraram no estúdio e os olhos de Jane voaram para eles. Ela estava entre os braços fortes de Edward, e era desnecessário pontuar que eles pareciam duas estátuas gregas de tão lindos. Com um sorriso contido para os pais, ela comentou:

— Ah, vocês chegaram na hora! Já vamos começar.

— Sorte a nossa, querida — disse Rupert, recebendo um olhar repreensivo da esposa. — Sorte a nossa.

A professora, uma mulher russa de cabelos loiros pálidos e uma perpétua expressão de desagrado no rosto, sorriu sem vontade para os casais. Então, sem delongas, ela explicou que os movimentos de uma boa valsa deveriam ser graciosos e fluidos, que o casal deveria flutuar na pista, não dançar. Ao lado do Sr. Henderson, Alia respirou fundo.

Ouvindo às instruções da professora sobre postura, atitude e movimentos da porcaria da valsa, ela se sentiu idiota. Não havia maneira de replicar aquilo que ela fazia com o parceiro, um tipo esguio, meio latino e com um bigode engraçado, na pista de dança. De uma maneira nada engraçada, Alia também sentiu pena dos pés do Sr. Henderson.

Dylan, May, Rupert, Carol e Jane ouviam as instruções da professora com atenção total, assentindo aqui e ali. O Sr. Henderson não movia um músculo, observando a mulher com uma expressão compenetrada. O único que parecia irremediavelmente perdido, fora Alia, era o pobre Edward, que com sua boca semiaberta e cenho franzido se transformava no retrato da imbecilidade.

— Bem, agora que mostramos os movimentos básicos — disse a professora, sua expressão de desdém crescendo —, vocês dançarão e corrigiremos qualquer movimento errado na pista de dança.

Ela apertou um botão no controle remoto e os primeiros compassos de uma valsa encheram o estúdio. Alia engoliu em seco quando o Sr. Henderson a tomou pela mão e começaram a se mover pelo salão.

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— Jesus, você está massacrando meus pés!

Os outros casais viraram a cabeça novamente quando Jane reclamou pela quarta vez seguida. A expressão culpada de Edward seria engraçada se a noiva não estivesse tão furiosa com sua falta de habilidade.

— Sinto muito, amor — disse ele em voz baixa, fazendo uma careta de dor. — Você quer parar, ou...?

— Apenas... apenas seja cuidadoso, sim? — Irritada, Jane sorriu, descansando uma das mãos no ombro largo de Edward. — E pelo amor de Deus, não pise com tanta força.

Ele assentiu, corando e olhando para os próprios pés. Jane sorriu de maneira contida para Alia antes de valsar para longe com o noivo. Carol e Rupert se abraçavam na pista, balançando ao ritmo da música. Dylan e May, por sua vez, estavam colados um ao outro. A professora corrigiu a postura deles seis vezes antes de desistir e voltar suas atenções aos noivos.

Cláusula de Amor | ✓Where stories live. Discover now