11. céu azul

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Então, querida, você conseguiu meu autógrafo da Gisele, ou...?

Dentro da velha casa de barcos, com a cópia surrada de Orgulho e Preconceito descansando no colo, Alia revirou os olhos e apertou o celular contra o ouvido. Raios de sol inundavam os barcos esburacados com uma luz amarelada. Tudo estaria em paz se não fossem os pensamentos que, vez ou outra, interrompiam a leitura de Alia. Ela descascou a pintura do barco em que estava sentada com a ponta da unha, dando de ombros.

— Ainda não, Nat. Só liguei para, você sabe, ouvir o som da sua bela voz.

Do outro lado da linha, Natalie ficou em silêncio. Alia quase conseguia imaginar sua expressão sarcástica gritando Fala sério, Nazario.

O que rolou? Onde está o Sr. H.?

Depois daquele momento esquisito que quase aconteceu entre eles na cama, Alia evitou o quanto pôde o Sr. Henderson, que foi convidado por Carol e Jane para provar alguns docinhos para o casamento. À mesa do café, todos pareciam excitados para ir à cidade, mas Alia sorriu sem vontade e educadamente declinou o convite, evitando o olhar embaraçado do Sr. Henderson.

Ela não bancaria a namorada apaixonada depois... daquilo. Com a casa só para ela, Alia decidiu se esconder na velha casa de barcos para ler e colocar os pensamentos em ordem.

— Ele saiu — disse ela. — E eu só queria conversar com você. Não posso?

— Você... transou como Sr. H.?

— É claro que não! — respondeu Alia. Se não fosse por um batida na porta... — Mas nós tivemos um... momento, e às vezes me sinto muito mal com tudo isso. Estamos enganando todo mundo, boas pessoas. Quer dizer, Colin é...

Merda. Ela se calou.

— Colin...? — perguntou a amiga, suas sobrancelhas possivelmente se levantando. Alia fez uma careta. — Bem, isso é novo.

— Vai ser difícil, Nat. — Ela suspirou. — Conheci um lado dele que...

Alia não terminou a frase. Nat não disse nada. O silêncio daquela ligação com a amiga era tudo o que ela precisava para ordenar os pensamentos e se acalmar.

Eu sei, querida, mas pense pelo lado positivo — disse Nat, tentando animá-la. — Quem sabe agora que você o Sr. H. estão se tornando amigos, podemos combinar de sair para tomar alguma coisa?

Certo. Nem em um bilhão de anos o Sr. Henderson sairia para beber com as próprias secretárias. Muito menos com Natalie, a alma da festa, que os deixaria sozinhos na primeira oportunidade mais divertida que aparecesse no bar.

Pelo menos a amiga estava tentando animá-la e, por consideração, Alia sorriu sem vontade.

— Pois é. Você é a melhor, Nat.

E é por isso que você vai me aceitar como sua colega de quarto, não?

— Ainda estou pensando. — Alia fez uma pausa misteriosa. — Se bem me lembro, você disse que me ajudaria com o aluguel e tudo...?

Por que acho que você só está me aceitando pelo dinheiro?

As duas riram, apesar de Alia não estar nem um pouco inclinada à felicidade. Na verdade, Nat era a única pessoa do mundo que conseguia arrancar uma ou duas risadas dela quando as coisas não iam bem.

— Assim que eu chegar, conversaremos sobre isso. — Alia sorriu. — Vai ser legal morar com você.

Pode apostar. Ah, e Alia?

Cláusula de Amor | ✓Where stories live. Discover now