13. você deve me permitir...

21.7K 2.9K 2.2K
                                    

Quando Alia acordou na manhã seguinte, com um raio de sol insistente batendo em seus olhos, ela ouviu o murmúrio de vozes atarefadas ao longe. Alia tateou o lado da cama, procurando pelo Sr. Henderson, mas não o encontrou. Sonolenta e sentindo o peso da noite insone em cada músculo de seu corpo cansado, Alia se arrastou para fora da cama, chegando à pequena sacada que dava para o gramado da casa.

Homens apressados ainda carregavam cadeiras, flores e tochas em direção à praia particular. Carol transferia rosas de um vaso a outro e estralava os dedos para os garçons, rapazes ainda sonolentos, para que endireitassem as gravatas e levassem mais taças à praia. Ela virou a cabeça e viu, próximo à mesa de bebidas improvisada, o Sr. Henderson e Jane conversando, sussurrando as palavras para que ninguém os ouvisse. Edward, como sempre, não estava prestando atenção, entretido pela conversa com os chefs do buffet, mas Alia percebeu.

O sorriso do Sr. Henderson para Jane era relaxado, e quando ele sussurrou outra coisa nos ouvidos dela, as mãos nos bolsos, Alia soube que estava terminado. Sentindo as orelhas pulsando, ela se afastou da sacada como a balaustrada estivesse repleta de aranhas. Ele deu uma resposta a ela.

Não precisava entender a teoria da física quântica para adivinhar qual havia sido.

Ignorando as lágrimas que ameaçavam descer, Alia vestiu a blusa solta e estampada, os shorts jeans e prendeu o cabelo num rabo de cavalo apressado, abrindo o zíper da mala com mais violência do que o necessário. Como você pôde ser tão idiota a ponto de se apaixonar pelo seu próprio chefe? A cabeça de Alia rodava e suas mãos tremiam a cada peça de roupa colocada dentro da mala.

Aquilo não era justo. Logo ela, que sempre soube o que fazer, que sempre distinguiu o certo do errado, agindo feito uma adolescente burra e apaixonada. Se Alia soubesse que um contrato de quatro dias geraria toda essa confusão, teria dado tudo para voltar no tempo e recusar a proposta do Sr. Henderson.

Alia faria qualquer coisa para ficar longe dele, mesmo desistir do encontro com Sagger e Zelda, dos seus sonhos de ser estilista e do emprego. Não trabalharia mais como secretária do Sr. Henderson nem por todo o dinheiro do mundo. Seria impossível olhar para ele sem pensar na porcaria de feriado de foi o suficiente para fazê-la sentir... coisas que não deveria sentir.

Ela fechou o zíper da mala, discando o número de Nat. A amiga, graças a Deus, respondeu no segundo toque.

— Estou voltando. Tentei, mas ele deu uma resposta a ela, e eu... — Alia engoliu em seco. — Eles são perfeitos um para o outro. Sinto muito, Nat.

Alia queria o perdão de Natalie porque não conseguia perdoar a si mesma. O problema, ela percebeu, era aquele queimor no fundo da garganta, o sentimento de vazio, estupidez. Alia fez a única coisa que jurou não fazer. Ela se apaixonou pelo Sr. Henderson.

A relutância em admitir que gostava de passar o tempo com ele, de ouvir suas opiniões extravagantes e conhecer seus gostos excêntricos por músicas que ninguém ouvia era a faísca necessária para desencadear todos aqueles sentimentos. Ela sabia o que estava acontecendo e como se sentia, só não queria admitir. Quem dera Alia tivesse percebido antes de ser tarde demais.

Tudo bem, Alia — respondeu Nat. — Você está... legal?

— Sim. Vou pegar um ônibus — disse Alia, equilibrando o celular entre o ombro e o ouvido enquanto escrevia um bilhete. — Você pode esperar por mim no meu... no nosso apartamento? A chave está debaixo da planta da vizinha.

Claro. Vou levar o vinho — respondeu Nat. — Me ligue quando chegar, certo?

— Certo. E, Nat... — As duas ficaram em silêncio na linha. — Me desculpe por não, você sabe, conseguir o autógrafo da Gisele...

Cláusula de Amor | ✓Where stories live. Discover now