A Mata dos Ventos - parte 2

252 35 23
                                    

Hevan, mais uma vez tomando a liderança, escolheu o caminho do meio para continuar. Eles andaram por quase quatro quilômetros, até que a trilha começou a ficar mais estreita e íngreme. Alguns galhos estavam mais baixos, dificultando que avançassem. Hevan se questionava se havia feito o certo ao escolher aquele caminho, mas estava destinado a seguir em frente. Após continuarem por mais um tempo, o elfo percebeu que a estrada tendia a rumar para oeste, caminho contrário ao que deveriam ir. Então parou e decidiu pedir a opinião de suas companheiras.

– O caminho está nos direcionando para o lado errado. O que acham que devemos fazer? Continuar por aqui ou voltar até onde os trajetos se dividiam?

– Há uma chance dessa trilha voltar a rumar para norte, não? – perguntou Alana.

– Talvez, mas é difícil prever, pois a mata é muito fechada – respondeu o elfo.

– Creio que, caso estejamos errados, acabaremos muito longe do caminho correto. Suponho que é mais sábio voltar ao menos ao ponto que conhecemos – sugeriu Sarah.

Resolveram, então, seguir o conselho da clériga. Mais uma hora de caminhada e chegaram novamente ao local onde os trajetos se dividiam.

– Se a trilha do meio seguiu para oeste, provavelmente o caminho da esquerda irá, em algum ponto, encontrar-se com este – concluiu Hevan, apontando para o trajeto do qual vieram.

– Bem observado, Hevan – disse Sarah, com a mão no queixo. – Por mais que nada pareça fazer sentido nessa floresta, vamos buscar usar a razão.

– Por exclusão, só nos sobra o caminho da direita – complementou Alana, já se encaminhando para a trilha e logo sendo seguida por seus companheiros.

Caminharam algumas centenas de metros até chegarem em uma bifurcação, com caminhos distintos, em forma de "V". Fizeram uma votação, e como Hevan e Alana votaram para a direita, enquanto Sarah votou pela trilha da esquerda, continuaram seguindo cada vez mais para leste.

 Fizeram uma votação, e como Hevan e Alana votaram para a direita, enquanto Sarah votou pela trilha da esquerda, continuaram seguindo cada vez mais para leste

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Hevan, pelos olhos de Alana


Essa caminhada durou até o entardecer. Começaram a ficar preocupados, já que o duque havia alertado sobre as criaturas notívagas que moravam na floresta.

– Está ficando difícil de enxergar através da mata sem a luz do sol – comentou Sarah, com o semblante tenso. O tom avermelhado do céu, visto apenas de relance por entre a folhagem alta das copas das árvores, tornou sua visão levemente enegrecida.

– Tem razão. Vamos encontrar uma clareira para passarmos a noite – respondeu Hevan, com um leve pesar, mas crente que era a melhor ideia.

Não demorou muito até conseguirem encontrar uma área larga o suficiente para estenderem uma tenda. Entretanto, já era possível enxergar no céu o desenho translúcido da lua em quarto-crescente. Decidiram se apressar.

Hevan começou a montar a tenda que carregara na mochila, ao passo que Sarah recolhia gravetos para fazer uma fogueira. Alana limpava o centro da clareira a fim de arrumar um bom local para o fogo. Durante sua tarefa, sentiu o chão começar a tremer.

– Hevan! Está sentindo isso?

Hevan se concentrou e sinalizou com a cabeça, confirmando. Sarah, atenta à conversa dos dois, soltou os gravetos que tinha conseguido acumular e sacou sua clava, esperando pelo pior. Alana puxou o punhal, enquanto Hevan, surpreendentemente, preferiu pegar o arco à espada.

O tremor aumentou e eles se juntaram no centro, formando um triângulo, dando as costas um para o outro. Alana percebeu que um buraco parecia se abrir perto de onde Hevan estava montando sua barraca. Logo após, mais sete buracos se abriram e de cada abertura saiu um escaravelho gigante.

A aparência era de um besouro do tamanho de um javali, com grandes mandíbulas e um corpo ovalado, alaranjado e brilhante como a luz de um lampião. Os escaravelhos batiam as presas e raspavam as patas dianteiras umas nas outras, fazendo um rangido horrível, à medida que cercavam cautelosamente os três.

Hevan apontou o arco para um deles e atirou uma flecha contra a dura carapaça da criatura. O projétil ricocheteou e caiu na mata. O escaravelho atingido abriu as asas e começou a batê-las com força, fazendo um barulho ensurdecedor, como o de dezenas de cigarras. Os outros insetos repetiram a ação e partiram em direção ao grupo.

– Protejam-se! – exclamou Sarah, tirando o escudo de suas costas, antes de descer sua clava com toda a força contra a cabeça do bicho que estava mais próximo dela. Alana pisou na carapaça de um deles e pulou por cima, tentando um ataque pelas costas, mas apesar de grandes e robustos, os escaravelhos eram rápidos, e ele logo se virou contra a ladra.

Hevan guardou o arco e sacou a Mordaz, tentando golpear dois dos monstros mais próximos, mas um deles agarrou uma de suas pernas com suas presas e o derrubou. O elfo, com muita destreza, girou no chão e levantou-se, golpeando outro besouro de baixo para cima com sua espada, fazendo-o virar de ponta cabeça. Sarah aproveitou o ataque de seu amigo e desferiu um belo golpe no abdômen do mesmo inseto gigante, que soltou um som terrível de dor. Outros dois escaravelhos se direcionaram à clériga em velocidade e a acertaram com força, como dois touros bravos, fazendo-a cair e bater a cabeça em uma pedra, deixando-a inconsciente.

Alana, que estava lutando sozinha com um dos monstros, viu a cena e correu para acudir sua nova amiga, desviando de dois escaravelhos à sua frente e acertando com seu punhal o olho direito daquele que estava mais próximo de Sarah. Ele se afastou ao sentir a dor da apunhalada e fugiu, entrando em um dos buracos.

Hevan também foi acudir a clériga, mas um dos escaravelhos, em um movimento rápido, envolveu o tórax do elfo com as mandíbulas e começou a espremê-lo, deixando-o sem ar. Outro conseguiu fazer o mesmo com Alana, que lutava para sair, sem sucesso. Hevan viu a jovem perder o ar e desmaiar pouco antes do mesmo acontecer com ele. A última coisa que ele ouviu foi o som de algo caindo sobre um dos escaravelhos e o berro hediondo de dor da fera.

...

Obrigado por ler esse capítulo! Se possível, deixe sua opinião a respeito da obra e, caso esteja gostando, por favor, recomende a seus amigos! Um abraço!

Arlock - um conto de Ellora [Degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora