Capítulo 2

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— Estou morta — disse Mari, sentando no sofá ao lado de Cris. Ela soltou um grande suspiro e se encostou.

— O que foi? — perguntou Cris sem tirar os olhos do celular.

— Nada, só esse trabalho monstro. — Ela esfregou os olhos. — Pensei que as Olimpíadas seriam tipo férias pra quem não foi.

— Se a vovó te ouvir, você vai levar um sermão sem fim — riu Cris.

— Cala a boca — disse ela, empurrando Cris com a perna. — Tá fazendo o que aqui, priminho?

— Espero painho me trazer um arquivo.

— Ah é mesmo. Eles tão te passando um novo atleta. Qual o nome?

— Nelson — respondeu Cris. Ele procurou o nome na internet e mostrou uma notícia com foto. — Não sei nada do cara, mas é desse aqui que vou cuidar.

No que pareceu ser um grande esforço, Mari moveu-se para perto do primo. Quando viu a foto, ela pegou o telefone das mãos dele.

— Eita porra, que gato!

— Não dá pra negar — disse Cris, pegando o celular de volta com um sorriso.

— Ah, ah — suspirou Mari e inclinou-se de volta no sofá. — Que inveja. Quando eu trabalhei de assistente, nunca cuidei de um cara gostoso. A mais memorável foi uma garota que podia me partir no meio como um graveto.

— Ah, eu lembro dela. — Cris riu e guardou o celular. — De todo jeito, pelo que fiquei sabendo, ele é boa gente. Eu mereço um cara desses depois daquela garota. E painho já me avisou pra não exagerar. Especialmente depois aquele cara...

— Ele ficou preocupado com você. Todos ficamos, mas o tio... Nunca vi ele tão furioso...

— É mesmo? — Cris tentou manter sua expressão neutra, mas era difícil conter o sorriso.

— Ei, me mostra a foto de novo. — Quando seu primo pegou o celular e mostrou pra ela, Mari arregalou os olhos. — É o Nelson do acidente de carro? — Cris assentiu e Mari assoviou. — Te passaram alguém que não entrou na piscina faz tanto tempo...

— Pois é... Sem pressão alguma na gente — disse Cris com uma risada fraca e vazia.

— Deve ser coisa da vovó. Aposto que ela espera que você ajude o cara.

— Sabe do quê? É incrível que você consiga falar isso com tanta sinceridade. Por um instante, quase acreditei.

— Você me conhece. Sinceridade sempre — sorriu Mari.

— Tá mais pra sempre deixar os outros desconfortáveis.

Mari abriu a boca para responder, mas, antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, uma voz ecoou pela sala de estar.

— Mas, vovó! Não é justo! — A voz da prima deles ecoou pelo corredor.

— Falando no diabo — murmurou Cris enquanto uma garota seguia atrás da avó deles. Mari riu e tentou cobrir com uma tossida.

— Não vou mudar minha decisão — disse a senhora de modo digno para a garota. Ela correu e parou na frente da avó.

— Por favor, me escuta! Não foi minha culpa! Não pode só...

— Eu a avisei. Mais de uma vez — interrompeu a avó com uma voz gélida. Ela parou, erguendo-se acima da altura da neta com a ajuda de seus saltos. — Seu desempenho foi medíocre, para não dizer pior, e nunca escutou o conselho de seus superiores. Chegou atrasada várias vezes e até ignorou quando seu pai mandou não ir à festa ontem.

O nadador e o assistenteWhere stories live. Discover now