— Esse é o lugar certo? — perguntou Mari quando estacionou o carro no estacionamento da escola.
— É sim — respondeu Cris, sem conferir nada. Ele já decorara o endereço.
Apesar da falta de uma atmosfera digna de uma competição oficial na escola, o assistente sentiu o estômago apertar. Estou tão nervoso, pensou, tentando ignorar a sensação.
Era mais complicado com a prima ao lado dele. Cris não conseguia deixar de perceber que as pernas dela não paravam de mexer.
— Para com isso — disse, segurando o joelho dela para impedir. — Tá me deixando nervoso.
— Não dá. Estou muito ansiosa — disse ela, movendo a perna apesar da mão do primo.
Cris desistiu e suspirou enquanto tirava a mão do joelho dela. Ele olhou na direção do prédio que parecia uma quadra esportiva e respirou fundo. Por que estou tão nervoso? Hoje vai ser fácil pro Nelson... É, deve ser... Não tem com o que me preocupar...
Apesar da ansiedade, Mari percebeu a mudança de humor de Cris.
— Ah, vai, priminho. Não precisa ficar assim. Melhor, me imite! Estou muito excitada pra essa competição! — disse ela, com um grande sorriso no rosto.
O assistente sabia. Não eram só as pernas que estavam inquietas, as mãos também não paravam.
Apesar de tudo, Cris não teve como escapar da influência daquele sorriso.
— É... Você tá certa! — disse o assistente, sorrindo também.
— Não devia estar surpreso com isso a essa altura, priminho. Mas, em vez de pensar em quão nervoso tá, pense no que o Nelson está sentindo.
— Como assim?
— Digo, ele tá acostumado a piscinas internas com arquibancadas e uma torcida imensa. Ir disso pra uma piscina de colégio é bem... uma queda e tanto, sendo honesta. Pode afetá-lo psicologicamente mais do que você imagina.
Cris ficou quieto por um instante.
— É verdade... mas ele vai superar isso. Tenho certeza.
— Mesmo, priminho? Apesar de ser uma competição local, é a primeira dele. Pode colocar mais pressão do que ele pensa. Especialmente se ele achar que vai ser como tirar doce de criança.
— Desde quando você é uma especialista em competições? Quando foi a última vez que você veio ver uma competição de natação? — perguntou Cris, a descrença no rosto crescendo enquanto encarava sua prima.
Mari murmurou, tentando se lembrar.
— Não faço ideia. Acho que provavelmente foi quando meu irmão ainda nadava.
— Três anos atrás? Sério? — Cris ergueu uma sobrancelha. — Então por que tá agindo como se fosse uma especialista do nada?
— Porque tem muita coisa envolvida — disse ela, com uma expressão estranhamente séria enquanto saía do carro.
Cris sabia que algo idiota estava por vir, portanto ficou quieto.
— Depois disso, espero que meu querido priminho seja atacado por trás com tanta força que nem consiga andar no dia seguinte — disse Mari com um rosto sério enquanto ele saía do carro.
— Como você consegue falar as coisas com essa cara? — perguntou Cris, sem expressão.
— Porque é meu maior desejo no momento. Ah, qual é, primo. Vai mesmo me dizer que não espera o mesmo?
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O nadador e o assistente
RandomO clube Prado Maranhão de desportos aquáticos, um lugar onde aqueles que miram o topo dos esportes aquáticos se juntam. Nelson, chamado no passado de garoto prodígio da natação brasileira, está perto de se recuperar de um acidente sério que quase ti...