Capítulo 7

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— Foi mais rápido do que pensei — disse Cris, pegando o assento ao lado de Nelson na sala de espera. — Achei que ia demorar um tempo até te chamarem.

— Sim — disse Nelson, distraído, encarando a porta dupla nos fundos.

— Vai ficar tudo bem.

— Sim.

— Você fez isso antes, né?

— Sim.

— Ótimo. É minha primeira vez fazendo algo assim, então tô um pouco nervoso.

— Sim.

— Você está me ouvindo?

— Sim.

— Meu oral não tem igual. Quer um? — Cris sussurrou no ouvido de Nelson.

— Sim — respondeu o nadador no mesmo tom distraído. Então ergueu os olhos e voltou-se para Cris. — Pera, o que você acabou de falar?

— Eu disse que você deveria comer isso — disse Cris lentamente, tirando uma banana do saco plástico com uma expressão séria.

— Não, não, não. Tenho uma forte impressão de que você não disse isso.

— Então o que eu disse? — Cris piscou com uma expressão confusa.

— Você disse algo sobre um oral... — Nelson arregalou os olhos e perdeu a voz, seu rosto queimando.

Cris mostrou um grande sorriso.

— Como? Termine a frase — pressionou ele, inclinando-se para mais perto de Nelson.

— Deixa pra lá — murmurou o nadador, virando seu rosto para longe, as bochechas ainda vermelhas.

Cris riu enquanto Nelson levava a mão ao rosto e cobria sua boca, tentando esconder o sorriso envergonhado.

— Isso me deixou melhor.

— Estou feliz por você — disse Nelson com a voz seca.

— Qual é, não fique com raiva e coma isso. — Cris, ainda sorrindo, empurrou a banana para Nelson.

Ele olhou para a banana.

— Tô com fome não — disse, com teimosia na voz.

— Você mal tomou café da manhã. Até onde sei, vai levar um tempo até o exame, por isso você precisa comer alguma coisa. — Quando Nelson ainda recusou a comida, Cris suspirou e descascou metade da banana. — Você vai comer isso de um jeito ou de outro. Como acha que vai ficar se as pessoas me verem dando a minha banana pra um cara? Normalmente é o contrário.

Nelson balançou a cabeça e soltou uma risada curta apesar de tudo. Então olhou em volta discretamente. Havia algumas pessoas na sala dando um olhar torto pra eles, alguns encarando eles sem qualquer discrição. Mas, quando notaram que o nadador as olhava de volta, elas desviaram o olhar ou voltaram-se para os celulares, fingindo não estavam olhando.

— Viu só? Eu tenho uma fama. Se as pessoas verem você comendo minha banana, uns boatos nada legais vão começar a correr — disse Cris, assentindo lentamente, como se tivesse dito algo inteligente. Nelson não conteve a risada. Isso fez Cris mostrar um sorriso fofo. — Ah! Você finalmente riu!

— É complicado ficar de cara fechada se você fica falando essas coisas.

— Então, se você quer que eu pare de falar coisas perfeitamente normais, coma a minha banana sozinho. Em vez de, sabe, eu precisar te dar na boquinha. — Nelson olhou entre a fruta e o jovem sorridente. — Não sabe como comer uma banana? Posso ensinar, mas não aqui. Vai ficar visual demais.

O nadador e o assistenteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora