Capítulo 29

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Pesado... meu corpo está... pesado, foi a primeira coisa que Nelson pensou ao acordar.

Ele estremeceu e se esforçou para ficar consciente por alguns segundos antes de abrir os olhos, mas desistiu no instante seguinte. O nadador se sentia pesado demais para fazer algo tão bobo quanto abrir os olhos.

Ainda assim, Nelson tentou se virar na cama para se livrar do peso extra. Descobriu que não podia fazer isso. Então percebeu que a sensação pesada não vinha de si.

Vinha de algo deitado em cima dele. E o que quer que fosse, tinha uma pulsação. De início foi fraca, mas agora que Nelson estava ciente, não podia deixar de ouvi-la.

E não foi somente as batidas rítmicas. Ele sentia o calor vindo daquele coração envolvê-lo, tudo vindo do peso extra acima de si. Era tão agradável que fez Nelson sorrir sem motivo ou ver o que era.

Com a mente mais desperta, o nadador conseguiu vencer a sonolência e forçou seus olhos a abrirem... e deu de cara com uma cabeleira preta alguns centímetros do rosto. Demorou mais do que deveria, mas ele finalmente reconheceu o que era. Cris?

A sonolência se foi e Nelson ficou alerta. Por que ele está aqui? Por que ele está dormindo em cima de mim? Como a gente acabou assim? A gente... Não... Eu lembraria... né? Ele balançou a cabeça para se impedir de imaginar como ambos acabaram juntos na cama dele.

Mas essa balançada fez o assistente grunhir e remexer um pouco. O nadador parou de se mover na hora. Não tenho ideia de como acabamos assim, mas não posso acordá-lo... olhe para esse rosto fofo e pacífico... provavelmente é um crime acordar alguém tão lindo assim.

Cris dormia com a boca levemente aberta. Parecia, de algum jeito, como se ele sorrisse no seu sonho. Havia uma pequena mancha no canto do lábio inferior.

Ele baba enquanto dorme... Vou zoar ele por isso com toda certeza, pensou Nelson, sorrindo antes que percebesse. Espera! Se eu fizer isso, ele vai ficar me enchendo sobre termos "dormido juntinhos" nos braços um do outro... sem parar... claro que ele vai... senão não seria o Cris que amo, me importo e... por quem me apaixonei...

O nadador arregalou os olhos e corou. É a primeira vez que estou admitindo isso... até para mim mesmo... Apenas dei o dinheiro pro Marcelo e fiz ele prometer que não diria nada... até então, tentei não admitir meus sentimentos tão abertamente... Mas não tem nada que eu possa fazer. Me apaixonei pelo Cris...

De repente, Nelson sentiu vontade de abraçar o assistente. Ele ergueu as mãos, mas depois hesitou por um segundo. Não daria problema? Tipo, não é como se nunca nos abraçamos... Convencendo a si mesmo, ele envolveu Cris em seus braços.

Na sala fria, aquele calor vindo do pequenino corpo era mais que bem-vindo. Nunca pensei que um abraço pudesse me fazer tão feliz. Nelson sorriu e fechou os olhos, sentindo o coração bater tão forte que ficou com medo de que isso acordaria o adorável assistente quem ele abraçara.

O que aconteceu ontem? Lembro de assistir ao Cris e Marcelo jogarem videogame até tarde, e aí... me lembro vagamente de terem me colocado na cama... e aí eles foram embora... né?

Como é que eu acordei com meu assistente em cima de mim?

Não importa o quanto tentasse se lembrar, Nelson não fazia ideia de como ele e Cris acabaram dormindo naquela situação. Mas sei que nada rolou entre a gente ainda... não tem como eu esquecer algo tão importante como ficar com o Cris...

Antes que percebesse, ele acariciava o homem por quem se apaixonara. Demorou muito para despertar dessa situação saída de um sonho.

Com cuidado para não se mexer demais e acordar o assistente, Nelson tirou um braço do homem e pegou o celular no criado-mudo. Sete horas, hã? Bem mais tarde do que estou acostumado... Mas, já que o treinador me proibiu de fazer minha corrida matinal ou praticar um pouco antes da competição, acho que está tudo bem.

O nadador e o assistenteWhere stories live. Discover now