— O que foi, Cris? Aconteceu alguma coisa? — perguntou Nelson, ficando nervoso enquanto via seu assistente vermelho e sem ar.
— Sim... e eu preciso... falar... com você — disse Cris enquanto tentava recuperar o ar.
Enquanto Nelson caminhava até o assistente para conferir como ele estava, escutou sussurros. Os outros nadadores no vestiário olhavam para o recém-chegado.
Levou mais tempo do que deveria para perceber o motivo dos rostos envergonhados dos outros.
Eles acham que o Cris é uma garota, pensou o atleta, sentindo vontade de rir enquanto olhava o arredor. Bom, não posso culpá-los... meu namorado é mais bonito que a maioria das garotas, e ele ainda chega do nada no vestiário masculino usando uma saia... qualquer rapaz ficaria com vergonha... Mas foi mal, pessoal. Ele é meu.
— Agora! — o assistente conseguiu gritar quando recuperou o fôlego.
Sob aqueles olhos preocupados, Nelson deixou que o namorado o arrastasse para fora do vestiário.
Apesar da urgência de Cris, o nadador só conseguia apreciar ser levado pela mão do namorado.
Antes que percebesse, ele apertou aquela mão pequena, sentindo o calor daqueles dedos magros.
Embora o assistente estivesse procurando freneticamente por um lugar para que pudessem conversar à sós, suas maçãs do rosto coraram enquanto ele também apertava a mão de Nelson.
— Ali — disse, caminhando o mais rápido que podia sem correr.
O assistente levou o nadador para uma grande árvore atrás de um prédio que parecia ser um ginásio. O homem delicado que usava uma saia colocou as mãos nos joelhos e tentou recuperar o fôlego.
Nelson colocou uma mão nas costas do namorado, tentando aliviar a dor.
— Ei, o que foi, Cris? — perguntou de novo, dessa vez com preocupação surgindo na voz.
Alguma coisa grande deve ter acontecido pra ter entrado daquele jeito no vestiário e me arrastar pra uma conversa antes da competição...
Cris respirou fundo e ergueu a cabeça. Ele abriu a boca, mas, no instante seguinte, mordeu seus lábios e desviou seu rosto.
Logo Nelson soube que seu namorado precisava dizer algo para ele.
Com um pequeno sorriso, ele colocou uma mecha do cabelo de Cris atrás de sua orelha.
O assistente olhou para ele de novo. Então corou e sorriu enquanto tocava os dedos de Nelson.
O atleta se inclinou para baixo e o beijou de leve.
Cris jogou os braços em volta do pescoço de Nelson e retribuiu o beijo.
Quando seus lábios se separaram, o assistente parecia menos afobado.
Ainda assim, Cris abraçou Nelson e apertou o máximo que os braços finos permitiam.
O nadador retribuiu o abraço.
— Não sei o que há de errado, mas você pode me contar. Pode me contar qualquer coisa — disse em voz baixa, sorrindo, enquanto acariciava o topo da cabeça do namorado. — É a melhor parte do nosso relacionamento.
Cris apertou pela última vez e soltou Nelson. Quando ele ergueu a cabeça, tinha um pequeno sorriso no rosto.
— Você sabe como deixar um cara ficar vermelho — disse, em voz baixa, fechando os olhos. Ao abri-los de novo, estavam cheios de determinação.
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O nadador e o assistente
RandomO clube Prado Maranhão de desportos aquáticos, um lugar onde aqueles que miram o topo dos esportes aquáticos se juntam. Nelson, chamado no passado de garoto prodígio da natação brasileira, está perto de se recuperar de um acidente sério que quase ti...