Capítulo 38

7 1 0
                                    

— O que foi, Cris? Aconteceu alguma coisa? — perguntou Nelson, ficando nervoso enquanto via seu assistente vermelho e sem ar.

— Sim... e eu preciso... falar... com você — disse Cris enquanto tentava recuperar o ar.

Enquanto Nelson caminhava até o assistente para conferir como ele estava, escutou sussurros. Os outros nadadores no vestiário olhavam para o recém-chegado.

Levou mais tempo do que deveria para perceber o motivo dos rostos envergonhados dos outros.

Eles acham que o Cris é uma garota, pensou o atleta, sentindo vontade de rir enquanto olhava o arredor. Bom, não posso culpá-los... meu namorado é mais bonito que a maioria das garotas, e ele ainda chega do nada no vestiário masculino usando uma saia... qualquer rapaz ficaria com vergonha... Mas foi mal, pessoal. Ele é meu.

— Agora! — o assistente conseguiu gritar quando recuperou o fôlego.

Sob aqueles olhos preocupados, Nelson deixou que o namorado o arrastasse para fora do vestiário.

Apesar da urgência de Cris, o nadador só conseguia apreciar ser levado pela mão do namorado.

Antes que percebesse, ele apertou aquela mão pequena, sentindo o calor daqueles dedos magros.

Embora o assistente estivesse procurando freneticamente por um lugar para que pudessem conversar à sós, suas maçãs do rosto coraram enquanto ele também apertava a mão de Nelson.

— Ali — disse, caminhando o mais rápido que podia sem correr.

O assistente levou o nadador para uma grande árvore atrás de um prédio que parecia ser um ginásio. O homem delicado que usava uma saia colocou as mãos nos joelhos e tentou recuperar o fôlego.

Nelson colocou uma mão nas costas do namorado, tentando aliviar a dor.

— Ei, o que foi, Cris? — perguntou de novo, dessa vez com preocupação surgindo na voz.

Alguma coisa grande deve ter acontecido pra ter entrado daquele jeito no vestiário e me arrastar pra uma conversa antes da competição...

Cris respirou fundo e ergueu a cabeça. Ele abriu a boca, mas, no instante seguinte, mordeu seus lábios e desviou seu rosto.

Logo Nelson soube que seu namorado precisava dizer algo para ele.

Com um pequeno sorriso, ele colocou uma mecha do cabelo de Cris atrás de sua orelha.

O assistente olhou para ele de novo. Então corou e sorriu enquanto tocava os dedos de Nelson.

O atleta se inclinou para baixo e o beijou de leve.

Cris jogou os braços em volta do pescoço de Nelson e retribuiu o beijo.

Quando seus lábios se separaram, o assistente parecia menos afobado.

Ainda assim, Cris abraçou Nelson e apertou o máximo que os braços finos permitiam.

O nadador retribuiu o abraço.

— Não sei o que há de errado, mas você pode me contar. Pode me contar qualquer coisa — disse em voz baixa, sorrindo, enquanto acariciava o topo da cabeça do namorado. — É a melhor parte do nosso relacionamento.

Cris apertou pela última vez e soltou Nelson. Quando ele ergueu a cabeça, tinha um pequeno sorriso no rosto.

— Você sabe como deixar um cara ficar vermelho — disse, em voz baixa, fechando os olhos. Ao abri-los de novo, estavam cheios de determinação.

O nadador e o assistenteWhere stories live. Discover now