Capítulo Quatro - Parte 4

63 12 3
                                    

Derrubo mais dois wyverns antes de pararem de mandar cavaleiros nessa direção. Não sei se o que eu fiz é o suficiente para dividir o grupo que entrou à pé, se é que eles têm alguma forma de saber que alguém está se aproximando por trás deles, mas pelo menos os ataques sem sentido pararam, o que quer dizer que a pressão nas defesas de Raivenera diminuiu.

Alguma coisa explode. Me abaixo um instante antes da onda de choque me alcançar. Todo o céu mais à frente está brilhando com poder, mas nada está passando. Natasha. Ela deve ter mexido nos escudos de novo.

A maioria dos wyverns está aqui - tanto de Zeli-Amare quanto nossos. É uma batalha no ar, com poder acertando os escudos e até mesmo o castelo às vezes. Ou melhor, estão daqui para a frente, sem ficar exatamente sobre o castelo e indo até a entrada principal. Parte das explosões provavelmente são os mísseis sendo lançados contra os wyverns, mas com tantos dos nossos cavaleiros no ar eles não são muito úteis.

Respiro fundo e aperto meu bastão antes de continuar andando, encostada na parede do castelo. O que quer que esteja acontecendo, está perto. E se o grupo que entrou na área do castelo ainda estiver camuflado com o que quer que estejam usando, não tenho nenhuma forma de saber onde estão.

Dou mais um passo para a frente e alguma coisa segura minha mochila. Levanto os ombros e me viro depressa, já com o bastão na minha frente.

A força que estava me segurando desaparece. Igor está parado alguns passos para trás, com as duas mãos à mostra e uma feiticeira familiar. Estreito os olhos. A mesma que estava comigo duas semanas atrás. Claro que tinha que ser ela. E Igor está todo sujo de poeira, com rasgo na sua calça, perto do joelho, que me deixa ver um corte não muito fundo.

Ele gesticula e se vira, indo na direção oposta. Ainda olho para trás - para onde estava planejando ir - antes de seguir os dois. Imagino que eles saibam mais do que eu sobre o que está acontecendo tão perto do castelo.

Igor continua andando, acompanhando a parede do castelo na direção oposta de onde o barulho de luta está vindo. Eu realmente espero que ele saiba o que está fazendo, mas ele não me deu motivo nenhum para desconfiar nesse tempo, então...

Ele para exatamente onde a parede vira e faz uma reentrância. Eu nem me lembrava disso aqui, mas agora, estando aqui, faz sentido.

Nem me surpreendo quando a feiticeira espalha seu poder ao nosso redor. Tentando disfarçar nossa presença, se alguém estiver olhando. Não que o poder de uma feiticeira chegue perto de fazer isso tão bem quanto o de Kauã, mas é melhor que nada. Igor se abaixa perto da parede e conta os tijolos e pedras ali antes de apertar alguma coisa. Uma passagem se abre.

Me abaixo ao lado dele e passo pela abertura na parede. As linhas na minha mão ainda estão brilhando o suficiente para iluminar o corredor estreito, mas não o suficiente para ficar óbvio que é minha mão e não o bastão. Ótimo. Me afasto da entrada o suficiente para a feiticeira e depois Igor entrarem. Ele trava a passagem por dentro e a feiticeira coloca mais lacres por cima de tudo, com uma familiaridade que deixa claro que não é a primeira vez que está fazendo isso.

Igor olha para mim e assente. Certo. Continuar andando, porque não o corredor é estreito demais para ele passar na minha frente ou qualquer coisa assim. Sigo pelo corredor, puxando minha blusa até ela tampar meu nariz. Eu já vi essa passagem antes e ela era uma das que eu podia usar, quando era mais nova e andava com os ninguém. Mas ela nunca foi muito usada e, pelo visto, nos últimos anos foi menos usada ainda, porque cada passo está levantando uma nuvem de poeira.

E já estamos longe o bastante da parede para não sermos ouvidos se alguém estiver passando por lá.

Paro e olho para a feiticeira.

Marcas de Sangue (Draconem 3) - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora