🌹 X || Confidence 🌹

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Boa Leitura!

"Coincidência é apenas como chamamos algo que não queremos ou não podemos explicar."

~ Liu C. Bittencourt 

     Para quem vive constantemente preso a um inferno particular, é normal achar estranha a calmaria das últimas semanas. Desde que retornei para casa, Chowon diminuiu suas torturas psicológicas, talvez por me deixarem menos sozinho na presença dele. Temo que essa paz não dure por tanto tempo, afinal meu padrasto ainda acredita que existe uma competição absurda entre nós dois. 

     No fundo não faço questão de ter a atenção do meu pai, apesar de sentir falta dos inúmeros momentos que já tivemos. Prefiro ser ignorado a ter de lidar com os chiliques e ameaças do ômega mais velho, já que para ele sou adulto o bastante para não precisar contar com apoio do alfa. 

     Desde que me entendo por gente sou obrigado a me virar entre minhas próprias limitações, lidando com dores constantes e feridas causadas pelas lembranças que não dão trégua. Hoseok como sempre tem levado parte do meu mundo por sobre os ombros, por essa razão meu pai decidiu convidá-lo para passar o final de semana conosco em nossa casa de praia. 

     Essa é a única maneira que consigo presenteá-lo quanto aos meus cuidados, proporcionando um final de semana de feriado prolongado ao lado de seu noivo. Yoongi foi quem adorou a ideia, afinal seria isso ou lidar com horas de estrada para resolver problemas familiares causados por seu irmão mais velho e seu pai. 

     Hoseok ganhou o dia de folga para arrumar as malas, inclusive pegou o endereço da casa de praia para seguir direto até o destino. Já eu fiquei sob os cuidados de meu pai e senhora Cho, mas é a mais velha quem tem me dado um imenso apoio nos últimos dias. 

     Para ser honesto não me vi animado em passar pouco mais de seis horas preso em um carro com Chowon, isso porque meu padrasto achou conveniente me punir com tal viagem cansativa dizendo que seria melhor do que irmos de avião. Bom, o ômega está ciente do desconforto que um percurso assim pode causar em meus músculos, porém meu pai infelizmente aderiu sua boa ideia sem ao menos me consultar. 

     Passamos quase seis horas na estrada, fazendo algumas pausas prolongadas quando Chowon reclamava de enjoos. Em seu rosto era nítida a diversão em não poder me tirar do carro a cada parada, mas por sorte meu pai esteve atento em me buscar água e nos horários corretos de cada remédio. 

     Desde que retornei da casa de Hoseok, tenho me visto tentado a conversar com meu pai sobre a possibilidade de dividir o apartamento com meu amigo. Por isso sugeri o passeio, pois além de me fazer acabar com a imensa saudade que tenho do mar, o beta e eu iremos aproveitar a oportunidade para convencê-lo da mudança. 

     Já esperava que fossemos os primeiros a chegar, e enquanto Chowon caminhava no vasto jardim agradecendo por sua liberdade, tentei evitar a ajuda de meu pai ao sair do carro. O lado negativo é que me gerou algumas dores além do esperado, porém nada que um analgésico não tenha resolvido. 

     Tento evitar ao máximo tomar remédios além dos que eu já costumo consumir, mesmo que às vezes seja complicado ignorar alguns desconfortos. Meu terapeuta diz que parte dessas dores são psicológicas, parte delas herdadas do trauma causado pelo acidente, sintomas que ele jura que irá desaparecer com o tempo. 

     A cada ano que se passa após o terrível acidente, as consequências trazidas por ele apenas aumentam. 

     – Filho, quer ir para o quarto e descansar um pouco? – meu pai questionou enquanto empurrava minha cadeira até a imensa varanda que cerca a construção em todos os lados. 

Reasons To Believe 🌹 JIKOOK ABOWhere stories live. Discover now