🌹 VII || Reality 🌹

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Boa Leitura!

"Se você não contar a verdade sobre si mesmo, você não pode contar a verdade sobre as outras pessoas."

~ Virginia Woolf

     É inacreditável pensar que para ter paz, preciso ficar longe do lugar que praticamente nasci e fui criado. Minha casa era para ser sinônimo de porto-seguro para mim, no entanto, desde que meu pai se casou sinto que aquele lugar se tornou uma espécie de purgatório, uma prisão sem grades que me pune sem que eu saiba que pecado cometi.

     Eu era apenas uma criança aquela época, sequer sabia o que estava acontecendo a minha volta e por qual razão todos me encaravam com pena. Hoje sei porque a maioria se afastou, a razão pela qual as inúmeras amigas que minha mãe tinha não me visitam e tampouco me consideram seus sobrinhos. Sinto na pele o que é conviver longe de parte da família, meus avós maternos simplesmente não desejam mais me ver.

      Sei que não tenho culpa, acredito que a presença deles iria aliviar bastante todo o peso que tenho de carregar sozinho, mas preciso ter forças para suportar o fardo sem a ajuda de ninguém. Hoseok e senhora Cho tem sido meus anjos, lutam em minha defesa sem se importar com represálias, no entanto, sei que pegam para si uma carga desnecessária de ódio.

     Não gosto de ver pessoas sendo humilhadas por minha causa, mas eles parecem não se importar em dividir essa carga de ódio comigo. Muitos me acham forte por aturar tudo isso em silêncios, mas apenas eu sei os surtos que tenho internamente e a imensa vontade de acabar logo com isso.

     Talvez se eu estivesse de fato morto, todos a minha volta saberiam o que é ter uma vida cheia de paz.

     Meu pai jamais acreditaria em uma palavra minha, das inúmeras vezes que tentei dizer algo ou justificar os hematomas que misteriosamente apareciam após as visitas de Chowon ao meu quarto, o alfa dizia ser implicância de minha parte. As vezes tenho a certeza de que ele sabe o que está havendo, mas de alguma forma prefere se portar como um covarde ao tirar o próprio filho das garras de um demônio.

     A única culpa que carrego – e da qual tenho orgulho –, é me parecer com minha mãe. Os traços delicados do rosto, os olhos bem puxados e os lábios volumosos. Ela era linda, e mesmo que eu tenha herdado tudo isso, já não consigo mais enxergar em mim a mesma beleza que havia nela.

     O aroma de rosas sempre me conforta em momentos de dificuldade, esse claramente era o aroma da mais velha e que às vezes parece tocar minha pele como um suave abraço. No entanto, há meses me sinto impotente e cansado em meio a toda essa guerra, nem mesmo as aulas e meus alunos são o suficiente para me tirar do meio de todo esse caos.

     Depois que Hoseok me tirou de casa o alívio veio, foi como se todo o peso tivesse sido deixado naquela mansão, ainda que a angústia tenha me acompanhado. Não houve sequer uma ligação do meu pai após isso, acredito que ele nem saiba que deixei nosso lar e por qual motivo.

     Se eu disse exatamente as palavras que ChoWon e a senhora que o pariu me disseram, acredito que ele não irá acreditar em mim. Quem é seu amado filho, sangue do seu sangue, perto do ômega ao qual ele diz ser o grande amor de sua vida? Nessas circunstâncias é até difícil acreditar que meu pai tenha realmente amado minha mãe um dia, é por isso que me pergunto o porque ele não me abandonou naquele hospital.

     Perder os dois na mesma época teria sido menos sofrimento do que viver mais de quinze anos preso em um inferno com alguém que apenas destruiu meu psicológico já cheio de traumas. Vez ou outra algo me faz acreditar que meu pai esteja me punindo pela morte da minha mãe, por qual razão eu definitivamente não sei dizer.

Reasons To Believe 🌹 JIKOOK ABOWhere stories live. Discover now