Capítulo 5

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Bella tinha visto Lúcio na noite passada, mas ele, mais uma vez, não falou com ela. Ele tinha que ser tão indiferente? Decidiu que, talvez, esse fosse o jeito dele e ela deveria falar. Então disse a si que, quando ele descesse pro jantar, ela puxaria assunto. Mas Lúcio não desceu naquela noite.

– Não, você não pode fazer isso, Bella. – Ela diz pra si mesma, mas, antes que pudesse pensar se era o certo ou errado, subiu e bateu na porta de Lúcio. Dessa vez, ele respondeu:

– Entre, Bella. – Sua voz saiu tremida. Bella entra e fecha a porta.

Lúcio estava deitado na cama, ele usava um short de algodão, azul-escuro, e uma blusa de manga longa, na mesma cor e no mesmo tecido. Quando se aproximou viu que estava tremendo.

– O quê... o que há de errado com você? – Ela senta ao lado da cama e coloca a mão na testa dele. – Você está ardendo em febre. – Ela, então, viu que a camisa dele estava suja de sangue. – Tira a camisa.

– Embora eu fosse adorar tirar a roupa para você, aquele seu discurso puritano me fez sentir meio depravado. Você realmente me mudou, então desculpe, não farei isso. – Bella já sabe, exatamente, o que aconteceu.

Sai do quarto de Lúcio, enfurecida, e desce até o porão/hospital. Pega uma bolsa e coloca tesoura, linha, remédios e alguns panos. Vai até a cozinha e, para sua sorte, Ruth estava lá.

– Vovozinha, a senhora poderia preparar um caldo para mim?

– Sim, claro. Algum problema?

– Sim, Lúcio piorou.

– Tudo bem. – Diz Ruth. – Deixarei pronto.

– Obrigada.

Bella enche uma vasilha, com água quente, e volta para o quarto.

– Pensei que não fosse voltar. – Ele parece aliviado. Ela coloca a vasilha com água na cabeceira da cama e a bolsa em suas pernas. – O que é isso? – Lúcio estende a mão para alcançar a bolsa, mas Bella lhe dá um tapinha que está mais para carinhoso do que para repreensivo. Ela pega tesoura e, antes que ele possa reagir, corta a camisa dele ao meio. Lúcio arregala os olhos, chocado. – Ótimo! Carlota vai incendiar minha casa quando souber que o pijama que ela me deu virou trapo.

– Não me importa! Você escolheu isso. – Bella diz, irritada, e corta o resto da camisa para ver o ferimento. Era o que ela esperava: Estava inflamado, inchado, ensanguentado e com os pontos praticamente desfeitos. – O que você fez?

– Eu bati em uma parede. – Responde, simplesmente.

– Não, isso não causaria esse estrago. A não ser que você tenha se jogado na parede.

– Nossa! Você é muito boa nisso. – Ele abre um sorriso, fraco. – Eu tentei levantar alguns pesos. Não gosto de me sentir um invalido.

– Eu disse para você não fazer esforços. – Bella repreende.

– É eu sei e, bem, depois me bati mesmo na parede. Levantei para ir tomar água e estava escuro. – Bella serra os olhos, incrédula. – É sério, tem até um galo na minha testa. – Ela não consegue segurar o riso, e Lúcio sorri também, mas de uma maneira fraca.

– Não sorri para mim. Ainda estou brava com você. – Ela diz, e ele faz um bico. O que a faz rir mais. – Quando?

– Hmm. – Ele hesita, prevendo a possível reação dela. – Ontem à noite.

– Ontem à noite? – Ela quase grita.

– Só inflamou hoje de manhã, se quer mesmo saber.

1 - Sobre Meninas e LobosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora