– Queria me ver? – Christian pergunta, ao passar pela porta.
Joaquim levanta os olhos do livro e tira os óculos.
– Sente-se. – Ele diz, e Christian hesita, ainda não o perdoou completamente por não ter feito esforço para salvar Sophia.
– Não, aqui está bom.
– Sente-se. – Joaquim repete, mas sem alterar a voz. Christian nunca desafiou seu pai e não iria começar agora, sentou-se em uma cadeira de frente para ele, apenas uma mesa separava os dois. – Onde você passou a noite?
– Heitor não lhe disse?
– Gostaria que você me dissesse.
– Fui esfriar minha cabeça, sua atitude realmente me deixou magoado. – Ele diz, com uma falsa magoa na voz. – Depois encontrei uma taberna no bosque. – Christian se arrepende logo que as palavras saem, pois não lembrava se era mesmo uma taberna, mas resolveu continuar: – Heitor e alguns amigos me encontraram lá depois.
– Ele me disse, exatamente, isso. Porém, sabia que estava com raiva de mim e quis conversar com você depois do que aconteceu. Então, fui à taverna. – Christian não altera a expressão. – Como deve saber; Heitor estava lá, mas você não. Pode me explicar como isso aconteceu?
– Eu saí mais cedo. – Christian responde, calmo.
– Pare de mentir para mim. – Joaquim rosna. – Sei o que está fazendo. Sei que estava com ela. – Christian engole em seco e tenta disfarçar sua surpresa.
– Ela? – Ele se faz de desentendido.
– Luísa! Sei que está com Luísa. Eu a vi no Vale. – Joaquim diz com raiva.
Christian se contorce na cadeira.
– Luísa está no vale? – Christian pergunta, mas depois se arrepende, acabou de demonstrar que se importava com ela. Mas uma pontada de alegria o invade. Não havia sido totalmente sincero, na noite anterior para as meninas, quando deu a entender que era louco por ela. Christian não era louco por Luísa, mas ainda precisava dela, de uma forma que não conseguia explicar.
– Não sabia?
Christian balança a cabeça, voltando a se arruma na cadeira.
– Não, e nem sei o que eu tenho a ver com isso.
– Sou seu pai. – Joaquim rosna. – Sei que está com ela.
– Eu não estou...
– Só me ajude a entender, Christian. – Joaquim o interrompe. – Você é jovem, bonito e rico. Pode ter a garota que quiser. Por que escolher uma casada?
Christian desiste, não gostava de mentir para seu pai e estava cansado de negar isso. O que ele poderia fazer? Quando deveria ter interferido, não o fez, agora já não podia mudar nada.
– Eu poderia ter a maioria das garotas, mas pelo que tenho e não pelo que sou.
– É isso que você quer? Amor? – Joaquim pergunta. – Essa mulher não ama você, Christian.
– Eu não sei o que quero. – Christian mente.
– Não posso deixar você acabar com sua vida assim. Terei uma conversa com Luísa.
– Entendo que você esteja preocupado, mas, não quero que faça nada, é a minha vida.
– Ainda sou seu pai. – Diz Joaquim.
– Eu sei, e é seu dever ficar preocupado, mas também é seu dever aceitar minhas escolhas. – Diz Christian, mas seu pai não parece convencido. – Ela não me obrigou antes e também não está me obrigando agora.
YOU ARE READING
1 - Sobre Meninas e Lobos
AdventureLIVRO 1 Sinopse: "O Vale dos Lobos não era considerado perigoso, mas, segundo o que as pessoas diziam, a floresta era infestada por lobos assassinos e outros diversos tipos de monstros. Anabel nunca acreditou nessa lenda e junto com suas amigas, Be...