1 - Sobre Meninas e Lobos

Capítulo 17

Christian entra, ao lado de seu pai, na reunião dos representantes. Apenas Heitor e General Carlos Lutero haviam chegado. Eles não se falam e nem se cumprimentam. Ângela e seu filho Luke chegam alguns minutos depois acompanhados por Atílio e Acrecia. Por último chega Carlito.

- Vamos dar início a reunião para discutir o futuro da Competição Vale5. - Diz Carlos. - Nem deveria ter discursão, na minha opinião.

- Odeio dizer isso, mas concordo com Carlos. - Diz Joaquim. - Foi muito tempo e dinheiro investidos nessa competição para a cancelarmos agora. Tão perto do fim.

- Uma garota foi sequestrada! - Exclama Ângela. - Isso não é motivo suficiente?

- Concordo com você, Ângela. - Diz Heitor. - Não podemos continuar com isso sabendo que estamos colocando a vida de pessoas inocentes em risco.

- Heitor, não me mate de vergonha. - Diz General Carlos, fingindo desapontamento.

- Se ao menos soubéssemos o que esses homens querem. - Diz Heitor, ignorando seu pai. - Poderíamos tentar negociar.

- Eu sei o que eles querem. - Christian se manifesta. - Não tem negociação!

- O que quer dizer? - Pergunta Heitor.

- Eles só querem guerra, apenas isso. Querem tomar o vale para eles, e não querem isso sem derramamento de sangue. - Responde Christian.

- Por quê? - Pergunta Heitor, perplexo.

- Esse povo diz que o Vale dos Lobos pertence a eles, que esse lugar foi tomado por meio de muito derramamento de sangue e o querem de volta, pagando com a mesma moeda. Ao que parece, o ódio por nós foi passado de geração em geração para que, quando eles estivessem fortes o suficiente, tomassem o vale de volta. - Carlos e Joaquim um olhar rápido, e apenas Heitor percebe.

- Isso é verdade? - Pergunta Heitor.

- Claro que não! - Responde Carlos, e Joaquim fica em silêncio.

- Pai? - Insiste Christian.

- Tem uma história... - Começa Ângela.

- Não se atreva, Jackies. - Rosna Carlos.

- Diga Ângela. - Christian incentiva.

- O Vale dos Lobos é muito diferente de nós. - Diz Ângela. - Começando pelo nome, a população aqui é a mais mestiça e também é o mais afastado de nós, tanto pela distância quanto pela influência que exerce sobre nós.

- Significa que ele nem sempre fez parte de nós. - Heitor deduz, e Ângela assente.

- Meu pai me contou, antes de morrer que, no início, existiam apenas quatro vales. Um pouco distante mais distante, vivia um outro povo que, mesmo com as diversas tentativas de integração por parte dos quatro vales, não se considerava parte de nós. - Ela engole em seco.

- E o que aconteceu? - Pergunta Heitor.

- Eles eram um povo poderoso. Conheciam a floresta como ninguém e dominavam os lobos. Na verdade, eles tratavam os lobos como irmãos. Era permitido que eles vivessem em paz, sem nos incomodar, mas os representantes começaram a ficar preocupados porque esse povo estava com uma população muito grande, além de dominar os lobos, foi descoberto que eles dominavam todo tipo de planta, as que curavam e as que matavam, e também eram guerreiros. - Christian sente sua boca ficar seca. Ele passa os olhos pela sala e, aparentemente, essa história só era nova para os herdeiros. Os representantes estavam cientes dela. - Se a população continuasse a crescer daquela forma e eles, por acaso, se rebelassem, nós seriamos dizimados. Então foi lhes dado um ultimato: - Ângela continua. - Ou eles se aliavam a nós ou estariam contra nós.