CAPÍTULO III

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Karin Moore

Nova, sábado 
(11 de Janeiro de 2060)

— Atenção, façam fila única, iniciaremos com a verificação e armazenamento de dados! — grita um dos Sentinelas e como bons submissos do governo opressor todos obedecem a ordem.

A alta demanda de selecionados fez com que eu fosse a última na posição da fila e quando finalmente chegou a minha vez, eles pediram meu nome, o antigo endereço, minha data de nascimento e meu status civil atual.

Após responder as dúvidas fui enviada para uma área restrita onde fui revistada por outra mulher e só então fui liberada para entrar no ônibus que poucos minutos depois saiu rumo a Nova.

O nervosismo fez com que a viagem de minutos parecesse de horas e ao chegar diante da entrada fomos ordenados a descer do ônibus para prosseguir o restante do caminho a pé.

Uma espécie de posto de controle separava o mundo exterior do que seria o nosso futuro, era assustador a quantidade de seguranças que com muita cautela confirmava o que foi coletado antes de permitir a nossa entrada.

— Você, qual é o seu nome? — indaga o homem que eu deduzi ser um dos líderes devido ao bracelete militar presente no seu braço direito.

— Karin Moore. — respondo olhando em seus olhos.

— Certo, seu nome agora é 13, você viverá na casa de número 76, siga direto e vire a esquerda, não será tão difícil assim encontrar até porque é a rua dos crioulos. — diz o homem.

Porco. — sussurro para mim.

— O que foi que disse sua encardida? Repita. — ele se aproxima de forma que me sinto totalmente acuada ao ponto de perder a fala e quando ele percebe isso, o mesmo sorri com escárnio e sinaliza para que seu colega permita a minha ultrapassagem.

Ao seguir pelo caminho ordenado consigo ver a diferença entre Nova e Brigsfield, este lugar que agora se tratava do meu lar poderia ser facilmente confundido com um campo de concentração como aqueles que um dia vi nos livros de história cujo foram erguidos no período da segunda grande guerra.

Nova, era, a partir de agora, o epicentro da extrema pobreza com ruas de terra, barracos cujo eles chamavam ironicamente de casa e pequenos estabelecimentos para comércio de medicamentos, comidas e roupas. 

Devo admitir que não sei como irá funcionar a questão do trabalho e tampouco tenho esperança de que se caso eu consiga um novo emprego serei remunerada, acredito que não, a não ser que exista custo financeiro para continuar vivendo neste lugar.

E pela forma que fui recebida é possível deduzir que os próximos dias dos julgados imperfeitos será um verdadeiro inferno pois é evidente o ódio deles por nós. 

Confesso que ao seguir pela rua principal tentei ao máximo não encarar às outras pessoas, incluindo os guardas, apenas fiz o que foi me ordenado e ao chegar diante da rua que iria viver consegui sem muito esforço ver as outras pessoas que eram claramente como eu;

Pobres e pretas que foram obrigadas a deixar o próprio conforto para viver em uma cidade precária sendo monitorada todos os dias, vinte e quatro horas por dia.

No entanto, a minha maior preocupação no momento era não saber o que poderia vir a acontecer caso não seguíssemos de acordo com as regras impostas por Duran Cobain.

Ou então, o que aconteceria caso um dos guardas simplesmente não fosse com a nossa cara e decidisse que faria das nossas vidas um caos.

A verdade é uma só;

Agora, eles são a autoridade e nós, os objetos descartáveis.

Agora, eles são a autoridade e nós, os objetos descartáveis

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590 palavras

Histórico de revisões
-                  07.12.2022
-                  27.12.2022

NOVA: A CIDADE DOS IMPERFEITOS.Where stories live. Discover now