CAPÍTULO VI

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ATENÇÃO, ESSE CAPÍTULO CONTÉM GATILHO!

Desconhecida

Nova, quinta-feira
(16 de Janeiro de 2060)

Me sinto na beira do abismo.

Não consigo reagir, gritar ou impedir que esse homem imundo toque o meu corpo.

No chão úmido de um dos becos de Nova, estou sendo violentada brutalmente por um dos Sentinelas, ele se justificou dizendo que nós, mulheres negras, merecíamos isso e muito mais.

O homem de musculatura claramente sabotada por doses extras de hormônios artificiais está sobre mim colocando todo o seu peso e impedindo qualquer movimento meu, ele impulsiona para cima e para baixo enquanto que solta gemidos satisfatórios.

Foquei meu olhar na parede feita de tijolo desgastado, estávamos atrás da Mériuns Restaurante, um estabelecimento recém inaugurado para os soldados comerem a vontade, disseram que seria arriscado permitir que tomassemos conta da comida deles, afinal, um de nós poderia envenenar a comida de todo um batalhão.

Quando ele me levou estava a caminho da minha nova casa, resido no bairro dos negros junto com meus pais e meus irmãos, somos uma família grande, composta por seis pessoas no total e quando esbarrei nesse homem acidentalmente, ele inicialmente se mostrou prestativo e quando viu que não cederia as suas tentativas falhas de me encantar tomou de mim a única coisa que me restou;

Dignidade.

Uma palavra forte e com tantos significados ele arrancou de mim como se fosse um nada.

Sai do transe em que permanecia quando senti algo gosmento escorrendo da minha vagina, ele se levantou alguns segundos depois ajeitando sua roupa enquanto sorria.

— Até que você deu pro gasto vadia — ele cuspiu em mim — É uma pena você ser negra e antes que me esqueça, adorei saber que fui o seu primeiro.

Ele então começou a me espancar e enquanto implorava pela minha vida, o homem que me estuprou chutava múltiplas vezes a minha cabeça.

Não demorou muito para que eu desmaiasse, não sem antes ver o nome daquele que foi responsável pelo meu pior pesadelo.

[...]

— Não, por favor, não me mate, eu não quero morrer. — gritei me debatendo.

— Filha, meu amor, calma, estamos aqui, você está segura — escutei a voz de papai, ele era o único capaz de me passar segurança.

Abri meus olhos me deparando com a sala de uma enfermaria, o meu corpo doia bastante e minhas partes íntimas ardiam como se tivessem jogado pimenta nelas.

Meu pai estava de um lado da maca segurando minha mão enquanto que minha mãe chorava do outro lado, encarei a mão dele sobre a minha fazendo com que os flashes daquela noite retornasse com tudo, meus olhos encheram d'água e eu me livrei do seu toque.

Ele que pareceu entender a mensagem se afastou pedindo que minha mãe fosse chamar um médico ou enfermeiro disponível.

Encarei a paisagem que na verdade era o muro extremamente alto que cercava a cidade e pude sentir os olhares questionáveis de papai sobre mim.

Ao me ajeitar na tentativa de virar um pouco mais para o lado, a camisola do hospital cedeu um pouco mostrando as duas mordidas que eu tinha no seio esquerdo, àquilo ficaria para sempre ali e ele sabia pois antes de fazer disse que aquilo seria uma forma de me impedir de esquece-lo.

— O que fizeram com você? — ele indaga quebrando o silêncio assustador.

— Não quero falar sobre isso — digo e quando penso que o mesmo vai insistir a enfermeira entra na sala.

— Olá, meu nome é Carly e vim verificar o seu estado atual além de te fazer algumas perguntas, tudo bem por você? — concordei — Você tem que idade querida? — ela pergunta enquanto que verifica o soro.

— Tenho dezoito anos. — minha voz falha.

— Você se lembra do que aconteceu? — concordei — Você sabe quem lhe fez isso? — concordei novamente — Você pode nos dizer? — neguei.

— Vamos lá para fora querida, vamos. — papai arrastou minha mãe para o lado de fora da sala.

— O homem que fez isso com você é um morador de Nova? — neguei — Ele trabalha aqui? — assenti — Ele é um Sentinela?

— Sim e não quero falar sobre isso, na verdade, o que mais quero é esquecer tudo o que aconteceu naquele dia — desvio o olhar para a janela.

— Eu tenho uma amiga, ela é psicóloga mais no momento não atua em sua área de formação, ela reside no seu bairro, caso queira conversar a casa dela é a número 89. — concordei mesmo sabendo que jamais iria lá.

A enfermeira saiu do quarto e meus pais entraram novamente, o que deu a entender é que ninguém contou nada para eles sobre o que de fato aconteceu, sendo maior de idade, eles não são obrigados a contar.

No entanto, não foi preciso eles contarem para que meu pai descobrisse, ele é de fato muito inteligente e as mordidas em meus seios só serviram de confirmação.

No entanto, não foi preciso eles contarem para que meu pai descobrisse, ele é de fato muito inteligente e as mordidas em meus seios só serviram de confirmação

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NOVA: A CIDADE DOS IMPERFEITOS.Where stories live. Discover now