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Trinta minutos para digerir a comida

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Trinta minutos para digerir a comida.

Depois de um almoço pesado, todos nós nos direcionávamos à sala do descanso, o lugar onde passávamos trinta minutos atoa, jogando alguma coisa, dormindo...

Eu costumava cochilar, mas naquele dia foi diferente.

Minha mente estava um turbilhão de preocupações: Margaret estava na vazia, o Zé parecia próximo de um surto psicótico, eu parecia próximo de um surto psicótico, sem contar a ameaça que o Ilineu era quando sentia raiva de alguém, ele podia não me matar, mas... Alguma coisa faria.

Relaxar não era uma opção.

Joguei Pac-Man, brinquei com um ukulele de brinquedo, testei minha resistência em quantos fios eu conseguia arrancar diretamente da raiz, cortei meu lábio inferior de tanto que o mordi...

E quando fui perceber faltavam vinte e cinco minutos.

Eu sabia do que precisava, aquela inquietude só passaria quando eu estivesse com, pelo menos, um cigarro na mão.

Não, eu não podia fazer aquilo comigo, com dona Glória... com minha mãe. Eu tinha de resistir!

Resistir é o caralho, pensei, eu vou surtar se continuar aqui! A vida é de quem, porra?! Minha ou dessas pessoas que por alguma razão apostam em mim?

Quis jogar tudo para o ar, droga... um cigarrinho...

Lembro de "acordar" no canto da sala, encolhido entre as paredes e tremendo. Estava completamente dividido entre dar um tapinha e tapar meus instintos.

É claro que a movimentação chamou a atenção das donas, mas elas não interferiram muito. Eu precisava fazer minha escolha.

— Vai passar, vai passar, se você ficar firme vai passar — eu dizia enquanto me abraçava.

Uma palpitação irritante, uma tremedeira chata. A ansiedade me consumia, eu precisava aliviar. Se eu tivesse um cigarro ou beck...

Era em momentos como aqueles que eu me arrependia amargamente de todas as vezes que ia para o lote do Dodô com Juninho e Barsa.

Tinha me acostumado a ter todos os dias um cigarro depois do almoço.

Bem, no início era apenas um.

Depois de um tempo, começamos a nos reunir no mesmo lugar, às noites das sextas feiras. Não nos contentamos com apenas os cigarros, também decidimos experimentar as cervejas e outras bebidas que nossos pais tinham.

Quando menos percebemos, tínhamos nos viciado.

Espelho, Espelho MeuWhere stories live. Discover now