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Existem duas possibilidades quando se passa por um momento de abstinência, seja de drogas, bebidas e até hábitos não saudáveis: você resiste e recebe vários aplausos em sua mente, incentivos de você mesmo e para si; ou você se rende e passa por um...

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Existem duas possibilidades quando se passa por um momento de abstinência, seja de drogas, bebidas e até hábitos não saudáveis: você resiste e recebe vários aplausos em sua mente, incentivos de você mesmo e para si; ou você se rende e passa por uma série de acusações e justificativas internas.

É como se a mente se dividisse em duas partes, uma sã e completamente rígida, outra deplorável e doente, buscando em situações supérfluas as razões de suas atitudes.

Naquele dia, em específico, eu tive o grande prazer de ser aplaudido por esse lado consciente, mas me lembrava com todos os detalhes de seu nascimento.

Eu estava de recuperação em praticamente todas as matérias, os professores não entendiam o que estava acontecendo. Enquanto isso, minha rotina se adaptava cada vez mais à quantidade de cigarros que eu consumia.

Sr. Adilson Batista, meu antigo professor de História, conversava comigo numa sala reservada e via mais do que eu mostrava.

— Eu sei como é — disse —, às vezes nós somos levados a esconder nossas dores num pequeno papel queimado.

Eu o respeitava, e muito, mas me senti ameaçado com seu intrometimento.

— Vou recuperar no próximo bimestre, professor.

— Escute, João, não estou falando de notas aqui, eu só quero te ajudar...

— Mas eu estou! — Quando percebi, estava gritando. Minha cabeça latejava, a situação era estressante, confrontadora. Queria fumar, precisava de um trago. — Sei cuidar de mim, não preciso da ajuda do senhor.

Mentira.

Eu sabia de porra nenhuma, não conseguia ajudar nem a desgraça da minha família. Já era uma grande merdinha naquela idade.

Na realidade, eu sabia que estava me viciando, que trilhava o mesmo caminho de meu... não!

Não.

Eu fumava um pouco, bebia um pouco. Qual era o problema? Nenhum. Eu vivia uma droga de vida, não era? Estava mais do que justificado, eu merecia um descanso.

Saí da sala do professor como um furacão, louco para dar um trago.

Corri até o lote e acendi o cigarro pouco antes de achar nossos lugares, a grama já estava morta pelas pisadas em excesso.

Quando senti meu corpo relaxar, a culpa me envolveu como uma luva, causando o nascimento de uma voz irritante que me acompanharia até o final: a desgraçada da consciência.

Diante de suas acusações ridículas, rebati com meu lado doente e viciado que não era minha responsabilidade.

Foi culpa do meu pai. Sim, dele. Ele que não me criou direito, porque eu levaria a carga do erro dele?

Ainda assim, eu sabia que, no fundo, eu só estava naquele estágio por minha causa.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 26, 2023 ⏰

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