Capítulo 71

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Cassandra estava acordada há uma hora.

Sabia que estava em velaris, na casa do vento.

Assim como sabia que havia inúmeros feitiços ao redor do quarto para que não saísse.

Ela estava presa.

Era uma prisão, mesmo que parecesse uma casa.

Ainda sim, mesmo que quisesse sair e lutar para fugir, mesmo que quisesse tentar usar a magia que ela sabia que não conseguiria usar, ela não conseguia se levantar.

Sua mente estava em branco, um completo vazio.

Assim como seu coração.

As lágrimas insistiam em descer por seu rosto sem sua permissão e as memórias insistiam em perseguir a fêmea.

Morto.

Kieran estava morto.

Essa frase se repetia em sua mente diversas vezes durante a hora em que acordou.

Ela não conseguia parar de pensar nisso, no momento em que seu corpo tombou e seus olhos se fecharam, no momento em que ela segurou o seu corpo já morto.

Ela não conseguia parar de pensar no momento em que sentiu o laço se desfazendo, até desaparecer como se nunca estivesse ali.

Seu parceiro...

Sua alma gêmea...

Seu igual de todas as formas.

E ele morreu na sua frente.

Ela sequer conseguiu impedir.

Sua família matou seu parceiro, aqueles que deveriam apoiar ela e Amélia.

Mesmo que não soubessem sobre a parceria com Kieran, isso não mudaria, eles sabiam sobre Amélia e Aleksander e ainda sim machucaram ele.

Ainda sim feriram sua prima da pior maneira possível.

Cassandra sentiu seu corpo doer, ela devia estar dormindo por no mínimo dois dias para seu corpo estar dolorido.

A fêmea fez força para se sentar, ignorando a pontada que sentiu em seu peito e que a fez lembrar daquele buraco que restou.

O vazio.

Onde antes estava o laço.

Agora não restava nada.

E ela nunca achou que pudesse doer tanto, ela dormiu por dias e ainda sim se sentia tão cansada...

Um soluço escapou de sua garganta, as lágrimas voltando a banhar seu rosto.

Céus...

Kieran morreu sem que ela ao menos pudesse dizer que o amava.

Ele morreu atendendo ao seu chamado, porque ela o distraiu.

E agora...

Ela nem sabia onde estava seu corpo.

Se tinham enterrado ele.

Ela precisava fazer isso.

Precisava enterrar ele, mesmo que odiasse ter que pedir para sair do quarto.

A fêmea cambaleou ao se erguer, mas forçou seus pés a caminharem até a porta.

- Mãe...- ela chamou, sabia que Nestha ouvia.

Ela não conseguia parar de chorar.

Ela não ouviria mais a risada dele.

Não sentiria mais seu cheiro.

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