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N/DENISE:
oi. desculpem os erros. deu saudade de vocês e estou bem enferrujada.
enjoy it.
:)

           8. Inaudível

[SINOPSE]: Onde Harry tem as palavras, mas as perde quando conhece Louis.

[SINOPSE]:  Onde Harry tem as palavras, mas as perde quando conhece Louis

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...

Às vezes, me pergunto como funciona a vida de quem consegue falar. Consigo ouvi–las, consigo sentir o som de suas vozes vibrando em meu corpo, consigo entender cada palavra por detrás de seus tons.  Será que elas tem problemas em dizer algo errado? Será que se arrependem de não pensar muito? Será que elas possuem problemas em permanecer em uma conversa?

Eu estou pensando demais, eu sei.

Por muitas manhãs, eu fico por aqui, sentado no canto da biblioteca da universidade, rabiscando meu diário com desenhos aleatórios e ouvindo quem quer que esteja ao meu redor. Não existe nada de diferente hoje, nada além de uma luz amarelada que transpassa o vidro da janela, que me indica que já está no entardecer e que era uma boa hora de ir embora, porém, gosto do jeito que meu caderno se encontra agora, repleto de palavras aleatórias e frases retiradas dos livros que já li. Bebo um pouco do café que ainda resta do lado da mesa e continuo escrevendo, até que os dedos doam e cabeça rode, permaneço dentro dos meus rabiscos.

Tudo nesse lugar parece ser tão velho, marrom e antiquado. As cadeiras de madeiras estão todas riscadas por gilete velha, com frases estranhas e letras de música pop. Termino o dia aqui, pois é o lugar mais silencioso que existe no meu mundo. Não preciso lidar com a vontade de gritar ou de responder alguém. E muito melhor, aqui, não preciso lembrar que sou mudo.

– Ei. – alguém sussurra.

Sua voz é fina, até que um tanto melódica. Sinto como se algo estivesse retirando algo de importante dentro de mim quando o ouço falar.

– Você pode me emprestar um lápis? – se senta, do outro lado, e continua a falar. – Desculpa incomodar você, bonitão, mas é que meu lápis acabou de quebrar a ponta e se eu não terminar esses cálculos até as próximas duas horas o meu grupo vai acabar comigo.

Abro a mochila do meu lado com cuidado e tiro um dos lápis novos de dentro do estojo.

Ele tem olhos azuis.

Talvez seja estranho, mas sempre tive uma mania esquisita de tentar adivinhar rostos a partir de duas vozes, e a dele, com certeza, combinava com seu rosto.

Eu o entrego o lápis rapidamente, olhando para sua mão direita indo em direção a minha. E me senti como segundos atrás, quando o ouvi falar, algo estranho dentro do peito e uma vontade de sorrir emergindo quase como o sol nascente. Ele era como o sol.

– Obrigado. – ele agradece.

Se eu tivesse voz, talvez, ela se tornasse um pouco embargada no momento. Como na última vez que escutei um casal de meninas na lanchonete na semana passada. As duas estavam brigando sobre um passeio no parque durante um bom tempo, até que uma delas começou a falar de coisas que queriam que estivessem sido feitas e, por algum motivo, foram esquecidas. Tinha algo na voz dela que transmitia uma dor, algo totalmente tangível, que quis alcança–la quando saiu correndo pela porta, mas ela havia sumido.

short stories || l.sWhere stories live. Discover now