Capítulo 4

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Angie pegou seu cartão de crédito, as chaves do carrinho velho e saiu em direção ao shopping. Chegando lá começou a olhar, procurar, perguntar. Mas a verdade que não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Já era quase almoço quando ela entrou numa dessas lojas de cosméticos, perfumes e maquiagem.

_ Posso ajudar em alguma coisa? – perguntou uma vendedora.

_ Poder pode, eu só não sei no quê... Tô meio perdida...

_ O quê você está procurando?

_ Não tenho a mínima ideia...

Um riso um pouco histérico escapou da sua boca.

_ Calma, qual é o seu nome?

_ Angie, quer dizer, é Angelica, mas me chamam de Angie...

_ Tudo bem, Angie. Eu sou Leslie. Qual o seu problema?

_ Eu tenho uma festa hoje. Mas olha pra mim! Vê se eu tenho condições de ir numa festa! Eu não tenho roupa, não tenho sapato, não sei fazer maquiagem, meu cabelo tá uma droga e minhas unhas um horror. Desse jeito eu vou acabar fazendo o meu irmão passar vergonha mesmo! Droga! Eu quero mudar, mas eu não sei fazer isso! Tô desesperada! - ela despejou.

_ Calma, Angie. Vamos fazer assim: eu estou quase no meu horário de saída. Não tenho nada pra fazer, se você esperar uns dez minutos, eu vou com você e te ajudo a achar o que você precisa.

_ Nossa, você faria isso? Nem sei como agradecer...

_ Não precisa. Eu adoro fazer transformações, ainda mais em meninas como você, que têm um rosto tão bonito.

_ 'Brigada.

Pouco depois, elas saíram à procura. Entraram em várias lojas, viram vários vestidos e acabaram por escolher um. Depois foram procurar um sapato e não demoraram a encontrar um par que combinava perfeitamente com a roupa. Angie estava tão preocupada com a mudança que nem via direito o preço das coisas, ia passando o cartão.

_ E agora, Leslie?

_ Angie... Como é o nome dele?

_ Dele quem?

_ Do garoto que te deixou assim.

_ Não foi um garoto, eu sempre fui meio assim.

_ Meio. Quem foi o responsável pela outra metade?

_ Como você sabe que foi um menino?

_ Eu não sei... Só supus. Porque às vezes isso acontece. Aconteceu comigo. Um dia eu vi que tudo o que eu estava fazendo e o meu sofrimento não me levariam a lugar nenhum, então eu resolvi mudar...

_ Deu certo?

_ Uhum.

_ Que bom! É... Eu fiquei mal. Até um tempo atrás não comia, desmaiava, só chorava... Aí eu vi que tava tudo errado.

_ Ainda bem... – ela sorriu.

_ É Taylor, o nome dele. Ele é meu melhor amigo, a gente se conhece há anos.

_ Nossa! Ele vai na festa?

_ Vai.

_ Então, vamos à maquiagem pra você ficar irresistível pro Taylor. Você tem alguma maquiagem?

_ Minha mãe tem, mas eu nunca usei, nem sei usar, acho... Faz séculos que não passo nem um batom.

_ Sei... Vamos mudar isso. E não se preocupa que eu te ensino a fazer a maquiagem, tá?

Compraram maquiagem e até alguns produtos para limpar a pele e remover maquiagem. Depois disso, Leslie arrastou Angie para o salão de beleza.

Angie só chegou em casa no fim da tarde. Entrou cheia de sacolas, esforçando-se para não ser notada e subiu para o seu quarto.

Olhou-se no espelho. Agora sim! Bem melhor! Quando pusesse a roupa ficaria melhor ainda. Ela estava feliz. Taylor ligou e ela contou que ia à festa com uma coragem e uma confiança que até a assustaram.

Angie foi tomar seu banho e lavar o rosto com o sabonete novo. Depois aplicou uma espécie de máscara. Lavou novamente o rosto. Ela colocou os saltos e ficou andando em seu quarto até sentir que estava firme o bastante para não levar um tombo na frente de todo mundo. O tempo passava. Seu estômago se contorcia, mas era bom. Ela começou a se maquiar. Sorte que já tinha treinado passar rímel. A maquiagem ficou como Leslie a havia ensinado. Quando faltava porciúncula para as 19h, ela finalmente se vestiu, passou perfume e penteou o cabelo. Parou na frente do espelho. Nem acreditava que o reflexo era realmente seu.

Angie estava com um vestido dourado claro. Era curto e do tipo frente única. Usava sapatos
nude é uma maquiagem suave, mas que destacava os já expressivos olhos azuis. Seu cabelo, castanho claro e liso, que antes passava da cintura, agora parava levemente sobre os ombros e era ligeiramente repicado na frente.

Ela começou a escutar as vozes dos garotos na sala. Deu um frio na barriga, de pensar no que eles, principalmente Taylor, iam achar. Imaginou o quão bonito ele devia estar. Ela abriu a porta do quarto, foi até a escada. Respirou fundo, tremia um pouco. Parecia que o que vestia antes a protegia, ela sentia-se descoberta daquele jeito e isso a amedrontava um pouco.

_ Angie, desce logo! – gritou Alex, rindo só de imaginar como a irmã devia estar vestida.

Ela desceu os degraus, firmando-se nos saltos. Sentia agora seu coração palpitando mais forte que de costume. Os garotos estavam na sala. Ela dirigiu-se até lá firme e decidida. Parou na porta.

_ Pronto! Podemos ir, meninos!

Primeiro e Único [completa]Where stories live. Discover now