Angie desceu as escadas da árvore e entrou na casa. Zac estava na cozinha.
_ Ainda bem que você apareceu! – ele falou. – Eu queria mesmo falar com você!
_ Pode falar. – ela sorriu e era impossível entender se Angie estava prestes a rir ou a chorar.
_ Você também!
_ Eu também o quê?
_ Tá com essa cara!
_ Que cara?
_ A mesma que o Taylor.
_ Não, Zac, o Taylor devia estar com cara de desesperado quando entrou aqui...
_ Não...
_ Não?
_ Não...
_ Tá, tá! Ele estava com cara do quê então?
_ Essa aí sua!
_ Caramba, Zac! E eu tô com cara de quê?
_ Fui até as nuvens, mas caí de cara!
_ Sério? Bem óbvio, então.
_ O quê?
_ Nada... – ela sorriu.
_ Dona Angelica, pode falar! – ele disse pegando um banquinho e sentando. – Senta aí e conta!
_ Contar o que, Zac?
_ Não se faz de desentendida porque o Taylor acabou de fazer a mesma coisa. Vai, desembucha!
_ Quer ouvir mesmo?
_ Não. Claro que eu quero!
_ Bom, me deu uma sensação insuportável de vazio, aí eu fui pra casa da árvore.
_ Certo.
_ Então, aí eu tava lá e o Tay chegou... E falou pra eu não chorar e blá, blá, blá.
_ Hum.
_ Aí ele me abraçou.
_ Só?
_ Calma, Zac, não acabou...
_ Ah...
_ Então, né? A gente tava abraçado, aí a gente começou a se abraçar mais forte e ele começou a beijar o meu pescoço e...
_ Ele fez o quê?
_ É isso aí que você ouviu.
_ Tá bom. – ele arregalou os olhos.
_ Aí ele mordeu a carninha da minha orelha.
_ O lóbulo...
_ É.
_ E?
_ E aí ele veio me beijando o rosto...
_ Peraí, você não tá inventando isso, não, né?
_ Ah, é, tô!
_ Tá, continua. – ele fez cara de atencioso.
_ Ele chegou no cantinho da minha boca, aí os lábios dele encostaram nos meus....
_ Eeeeeeee?
_ E ele perguntou o que que a gente tava fazendo. Foi aí que ele ficou desesperado. – ela acabou de falar e pôs uma azeitona na boca.
_ E você tá nessa calma??? Tem certeza que foi só isso?
_ Tenho. Acho que eu tô meio anestesiada...
_ Quando meu irmão te beijar de verdade. você desmaia!
_ SE ele me beijar, né?
_ E você acha que não vai? Não dou dois dias pra isso acontecer! Parabéns, Angie!
_ Que parabéns, Zac! Ele mesmo me pediu pra esquecer tudo!
_ Como se você fosse, né?
_ É, não... Mas sei lá, ele deve ter agido por impulso...
_ Putz, o Taylor é MESMO uma besta!
_ Não é, não!
_ Ah, é!
Ela riu.
_ Angie, eu juro que não estou entendendo essa sua calma!
_ É porque não tem por que ficar eufórica!
_ Ah, tá...- ele ironizou.
_ Bom, Zac, eu vou lá comer bolo.
_ Ah, sim, o bolo! Angie!
_ Quê?
Ele queria chacoalhar a amiga. Chacoalhar Taylor. Botar os dois juntos no liquidificador e chacoalhar mais um pouco. Mas desistiu.
_ Nada, deixa pra lá!
Ela sorriu e levantou.
Lá dentro, Angie procurou por Taylor. O encontrou sentado na escada, de cabeça baixa.
_ Taylor...?
_ Ah, Angie, por favor... Eu não quero te ver agora...
_ Não quer?
_ Eu tô com vergonha do que eu fiz....
_ Vergonha? Por quê?
_ Porque você é minha melhor amiga e quase que eu estrago tudo.
_ Nada ia estragar nossa sólida amizade. – ela disse um pouco irônica, um pouco triste. – E também, não tem por que ficar com vergonha... Se você fez foi porque...
_ Porque eu sou um descontrolado.
_ Porque eu deixei.
Ele olhou para ela com uma carinha estranha.
Ela deu um meio sorriso.
_ Angie, eu tava te segurando tão forte... – ele começou a gesticular, e quando ele fazia isso era porque estava bem nervoso. – Eu te...ah...eu te beijei toda....
_ Magina.... – ela sorriu. – Não foi toda. Foi só por aqui. – ela apontou para o pescoço.
_ Ah, Angie... Eu não queria...
_ Não? – ela entristeceu-se de verdade.
_ Não... O que você vai pensar?
_ Nada, só que você é o Taylor e que eu vou continuar te amando e que você é o meu melhor amigo.
_ Mesmo?
_ Uhum. – ela sentou-se do lado dele. – E se você quiser a gente pode fingir que nunca aconteceu.
_ Você faria isso? Acho que eu ia me sentir melhor...
_ Tudo bem... – ela deu-lhe um beijo no rosto.
_ Que bom...
Ela sorriu triste, mas ele nem percebeu.
_ Então... – ele falou.
_ Taylor, você mordeu a minha orelha! – ela riu.
_ Doeu?
_ É... Não, né?
Ele riu também.
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Primeiro e Único [completa]
ChickLitAngie é uma adolescente que acaba se apaixonando pelo seu melhor amigo, Taylor. A dificuldade de lidar com o sentimento coloca a menina em uma espiral de sofrimento. História de 2001. Levemente editada.