Capítulo 7 - Veneno

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     Transportando uma delicada bolsa no ombro, a moça que naquele momento não usava mais o terninho verde musgo, uniforme do estabelecimento, acionou a campainha do quarto seis

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     Transportando uma delicada bolsa no ombro, a moça que naquele momento não usava mais o terninho verde musgo, uniforme do estabelecimento, acionou a campainha do quarto seis. O perfume doce, com discreto fundo ácido, pareceu ser borrifado em todos os cantos do quarto depois de a porta ser aberta, pois o cheiro se impregnou no ambiente sem pedir licença.

     — Deixe eu adivinhar, está indo embora — deduziu Saulo, após analisar a justa calça jeans acompanhada do cropped prateado. Cabelos escuros e ondulados, moldando aquele rosto, também ganharam a visita dos olhos amarelos de Saulo.

     — Sim, mas antes vim perguntar se está precisando de alguma coisa.

     — Nã-Sim! Preciso sim. Não sai daí. — Correu até o móvel ao lado da cama e tirou algo da pequena gaveta; movimento que fez o celular tremer sobre o móvel e sua tela se acender. 03:69. Confuso com o erro naquele horário, ele apanhou o aparelho, checando o visor mais de perto, o qual apagou e acendeu novamente, dando lugar aos dígitos: 15:03. "Eu, heim!" De volta à porta, Saulo estendeu a mão, oferecendo um bombom em embalagem azul à recepcionista. — Tá certo que acabei de chegar, mas você tem sido a única pessoa a me tratar bem por aqui.

     A mão carregando unhas bem pintadas não fez cerimônias, logo aceitando o bombom; nele, a figura em forma de lua dourada, na embalagem, parecia brilhar feito glitter.

     — Vi esse desenho de lua e lembrei de voc... Do seu nome!

     Ela apenas sorriu, pois, as palavras lhe abandonaram naquele segundo; estava travada; não havia se preparado para tal acontecimento e muito menos, para olhos âmbar tão inofensivos.

     — Obrigada! Faz tempo que não ganho chocolate.

     — Que pecado! — Riu, descontraído e sem querer, acabou a analisando de baixo para cima, encantado. — Oh, moça, não me leve a mal, não, mas... você é bonita pra cacete!

     Luana, a qual não esperava por aquele elogio, tornou a curvar os lábios, um tanto desconcertada.

     — Você é muito fofo, Saulo... é uma pena.

     Apesar de manter o sorriso, o estudante murchou um pouco.

     — O que é uma pena?

     — Eu quis dizer que... É uma pena eu ter que ir embora agora.

     Durante o reacender da empolgação, Saulo avançou um passo e apoiou meio que inconsciente, uma das mãos na maçaneta, ato que acabou abrindo ainda mais a porta.

     — Então não vai. — Tocou-a na mão, hesitante e sem desviar os olhos daquelas íris castanhas. E, devagarzinho, foi soltando seus dedos, até que tivesse apenas o mindinho em sua posse, o qual não tardou a também ser solto. — Não se esqueça que me prometeu um tour pela cidade.

Órbita do Destino - 2043 [COMPLETO]Where stories live. Discover now