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Novembro, 14

Aparentemente, Genevieve Welch não voltaria ao Condado de Lockton naquele sábado. E como poderia? Eu e ela tínhamos uma reunião marcada no Grand Dith, um teatro na saída da cidade praticamente do tamanho de um palácio, e sabíamos que o assunto renderia. Não sairíamos da cidade nem mesmo se quiséssemos, porque o tempo não seria o suficiente para resolver as pendências.

Nós conheceríamos os outros membros daquela organização secreta e ridícula, mas que poderia me levar para dentro da Mansão Roux com um estalo de dados. Então chegamos no local mais cedo do que deveríamos e andamos em passos ainda mais rápidos, procurando pela saída de elevadores. 

— Eu não gosto disso — Genevieve disse.

— Em primeiro lugar, você quem disse que a culpa da minha matrícula ser suspensa era da Roux, não? — falei algo que já estava matutando. — Em segundo, nós estamos juntas aqui. Eu não queria que você viesse, entrasse de cabeça nas minhas coisas, mas estamos juntas.

— Eu gostaria que você não houvesse tido a ideia de entrar nesse meio. — Genevieve jogou na cara. Alcançamos um corredor muito parecido com todos os outros, as paredes vermelho-vinho e o carpete também, sobressaindo-se contra o metal da porta dos elevadores. — E aí eu não precisaria vir.

— Eu não preciso de babá.

Entramos no elevador de uma vez, sozinhas, enquanto Genevieve Welch me encarava com uma indignação palpável.

— Sério mesmo, Madison? Você implorou para que eu viesse e está agindo como uma cretina agora. — Genevieve elevou sua voz. Incrível como o som ressoava bem dentro daquele cubículo. 

— Eu não pensei que estaríamos entrando para uma organização ultra secreta e sei lá o quê mais — admiti, bufando. Apertei o botão do décimo segundo andar e aguardei que o elevador subisse. — Eu não quero te pôr em risco.

Eu não preciso de uma babá.

As portas laterais se abriram instantes depois. Genevieve Welch saiu na minha frente, completamente puta com o que eu estava insinuando, mas não tínhamos tempo para aquilo. Em outro momento tentaríamos resolver. Paramos de encontro à uma parede de vidro e meu queixo caiu pela décima vez só naqueles últimos dois dias.

— Deus! É o motorista. — Apontei para o homem careca de olhos esbugalhados que havia nos buscado na rodoviária primeiramente. Ele dissera que era italiano, mas eu duvidava da veracidade daquilo agora. — Viu só? Nós estávamos sendo perseguidas.

Genevieve abriu a boca para dizer algo, mas não teve como trazer em pauta, porque Stephen Gorst, quem me parecia ser o líder, puxava a porta para uma das salas e chamava nós duas com um aceno. Ele continuava com o mesmo sorriso tentador. Queria dar um soco em seu queixo para me certificar que sua pose era real.

— Boa tarde, madames. — Gorst piscou e estendeu o espaço.

Além do taxista, havia uma mulher ruiva de maquiagem leve sentada no horizonte da mesa retangular. Sua postura era tão perfeita que eu estava começando a sentir pontadas na minha coluna. Ela parecia ainda menos intensa do que os demais, porém sua pose não era muito transparente para que fizéssemos uma leitura aprofundada.

Aos tropeços, outro jovem apareceu. Ele não estava atrasado, pelo menos era o que eu achava, considerando o horário que marcaram comigo, mas ele agia como se o mundo estivesse prestes a acabar. Sua calça estava torta, mas, analisando pelo blazer exagerado, dava para ver que ele prezava por um estilo mais social. Talvez houvesse perdido seu tempo tentando encontrar a camisa perfeita para impressionar que esquecera da parte inferior.  

Carmesim | LésbicoWhere stories live. Discover now