Capítulo 10 - Brecha

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- Chaol!

O grito de Yrene reverberou pelas paredes do quarto, passando pela porta, pelo corredor, descendo as escadas da mansão até entrarem na sala onde o Lorde de Anielle estava trabalhando.

Não demorou muito para que ele abrisse a porta do quarto onde ela estava, sobre a cama, como se tivesse visto uma assombração e acabasse de correr alguns quilômetros.

- O que aconteceu? - ele perguntou, a voz saindo exasperada.

Yrene soltou uma gargalhada.

- Calma, ainda não. - ela disse, enxugando lágrimas de risada que caíam de seus olhos. A expressão do marido foi tão cômica quanto a situação. Era por volta do terceiro grito que dava que fazia Chaol achar que tinha entrado em trabalho de parto. E todas as vezes ele saíra frustrado.

Estava no início do oitavo mês de gestação. Sua barriga estava parecendo jogá-la para frente por conta do peso, e suas vontades cresciam cada dia mais. Por causa disso, Yrene passava a maior parte dos dias deitada em uma cama gigantesca, comendo chocolates e olhando para fora da janela, observando a vista que Anielle lhe proporcionava.

Sua Anielle.

Ela gostaria de sentar em uma cadeira em uma ponta da mesa e discutir com Chaol sobre pontos e mais pontos que eram da responsabilidade de um Lorde e uma Lady. Ela queria plantar o traseiro na cadeira e fazer tudo que era seu dever. Mas até mesmo ela sabia que, no seu estado atual, não era algo bom. Nem a ela e nem ao bebê.

- Diga, amor. ‐ ele falou, fechando a porta do quarto atrás de si.

Yrene se remexeu na cama, ficando mais sentada do que deitada, e encostando a coluna dolorida nos travesseiros.

- Você não está totalmente errado desta vez. - falou, pondo a mão sobre a barriga. - Não vai demorar.

Os olhos de Chaol brilharam ao ouvir a declaração.

Yrene não conseguia sentir quando nem como seria. Só sabia que seria logo. Seus poderes a mostravam isso toda vez que se concentrava naquela coisinha dentro de sua barriga.

Chaol se ajoelhou ao lado da cama.

- Isso significa que...

- Temos que voltar a Adarlan. - ela completou, sorrindo. As mãos de dele apertaram a sua enquanto ele beijava o dorso, depois a palma, então o punho e toda e extensão do antebraço, até chegar no pescoço e fazê-la gargalhar.

As curandeiras não haviam se instalado em Anielle ainda. Devido à maior estrutura da capital, o Rei havia oferecido o castelo e várias unidades para estudo da magia nas ruas de Forte da Fenda, assim como a Torre Cesme oferecia. Quando Anielle estivesse reformada, grande parte gostaria de sair da capital e ficar na tranquilidade de uma cidade menor.

Mas por enquanto, eles teriam que viajar até Forte da Fenda para que o bebê pudesse nascer. E finalmente, depois de dois meses, seu marido encontraria o amigo.

- Dorian vai morrer de felicidade. - ela falou.

Chaol sorriu à menção dele.

- Com certeza vai.

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Manon mergulhou o corpo para dentro da água morna.

Seu tronco nu vibrou contra o calor proveniente do sol escaldante. A água escura impossibilitou sua visão submersa, deixando apenas um nada profundo e infinito sob seus pés.

[✔] Manorian - Pós Guerra Where stories live. Discover now