𝐄𝐏Í𝐋𝐎𝐆𝐎

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O céu alaranjado se camuflava em meio as árvores laranjas e amarelas, que pareciam chorar lágrimas destonadas a cada vez que as folhas do outono caíam sobre o chão

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O céu alaranjado se camuflava em meio as árvores laranjas e amarelas, que pareciam chorar lágrimas destonadas a cada vez que as folhas do outono caíam sobre o chão. Nos últimos anos, a quantidade de árvores no jardim do castelo de Forte da Fenda se multiplicou. E naquele momento, centenas de cinamomos coloridos com cores quentes guiavam o caminho de ladrilhos no chão gramado.

A Rainha ouviu uma risada grave e alta, e olhou Dorian rodar uma criança em seus braços. A bruxinha sorria e gargalhava à medida que o pai intensificava a força dos giros, testando a força da gravidade enquanto a jogava nos ares.

Ela sentiu vontade de rir também, mas tudo que fez foi balançar a cabeça, como uma repreensão enquanto apoiava os pulsos e o corpo na toalha estendida sobre o gramado.

- Mãe!

Sua boca abriu um sorriso à contravontade, satisfeita em ver que a princesa já conseguia falar palavras curtas de forma compreensível. Ela era esperta, demoraria pouco tempo para que afiasse sua língua.

A Rainha das Bruxas mirou o céu e pôde jurar que, milhares de metros acima, havia uma serpente alada índigo transpassando nuvens e nuvens, carregando uma montadora loira que sorria e acenava em sua direção, como se estivesse ali apenas para se certificar de que estava tudo bem.

A Rainha não fez nada senão sorrir de volta, agradecendo pela última bisbilhotada.

- Mãe!

- Asterin, não corra.

Ela desviou o olhar para a bruxinha que corria em sua direção, com tal pressa que os cabelos pretos sacudiam a cada passo guiado pelas perninhas curtas.

Como se fosse possível, a cada dia o rosto delicado da princesa se parecia mais com o da mãe, afilando lentamente o nariz para aquela expressão esnobe e os lábios cheios que formavam um sorriso hipnotizante. E no fundo dos olhos dourados, não havia outro sentimento senão alegria pelo amor que recebia do Rei e da Rainha, seus protetores eternos.

Assim que ela pulou em seu colo, a abraçou, e se aconchegou em seu pescoço, Dorian apareceu logo atrás, enfiando as mãos nos bolsos e abrindo um sorriso terno no rosto.

Ele também olhou para o céu, procurando aquilo que a esposa estivera observando.

Depois de não encontrar nada senão um vasto horizonte azul repleto de nuvens, ele se sentou no chão ao seu lado, esticando as pernas para então depositar um longo beijo em seu pescoço.

Aquele toque amoroso nunca deixara de causar calafrios no corpo dela, nunca deixara de ter o efeito transformador em sua alma, mesmo com quase dois anos de casamento. E ela tinha a certeza de que nunca perderia efeito algum. Não enquanto ele estivesse ao seu lado.

Por uma última vez, ela levou seu olhar até a nuvem onde olhara a bruxa e a serpente alada os observando, mas não havia mais nada naquele lugar além de um mundo azul infinito e recheado de mistérios para os quais ninguém tinha respostas.

Ela encostou a lateral da cabeça no ombro do marido, afagando com carinho as costas de uma Asterin quietinha em seu ombro, quase na iminência do sono. Dorian também inclinou sua cabeça sobre a dela, logo depois de depositar um beijo no local próximo à orelha de Manon.

Juntos, o Rei e a Rainha encararam as pradarias eternas que se esvaíam com o anoitecer, agradecendo pela esperança, mas também pelos momentos de soledade. Pois ambos sabiam que, sem a escuridão, não existiriam estrelas no céu.

[✔] Manorian - Pós Guerra Where stories live. Discover now