QUARENTA E TRÊS

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Paro em frente ao espelho e analiso meu reflexo depois de colocar o que decidi usar para essa noite

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Paro em frente ao espelho e analiso meu reflexo depois de colocar o que decidi usar para essa noite.

Escolhi um vestido midi, vermelho vinho e com uma delicada estampa floral. Seu detalhe mais especial é a fenda que vai até metade da coxa — junto com os mesmos saltos que usei nas bodas dos meus pais, o conjunto traz uma atenção especial às minhas pernas e cintura.

No entanto, apesar de estar bonita, não há um traço de emoção no meu rosto. Sinto-me um pedaço de papel em branco.

Escolhi aquele vestido porque sabia que Aidan o adoraria. Estava animada para usá-lo apenas esperando contemplar a expressão dele quando pousasse os olhos em mim. Eu sabia exatamente o que Aidan diria no meu ouvido quando decidisse tirá-lo.

Deito na cama tomada pelo desânimo, sabendo muito bem que talvez essa fantasia nunca se realize.

Depois da conversa caótica que tivemos hoje, finalmente fui capaz de enxergar o que nós dois não tínhamos tido oportunidade de perceber antes: Passamos tanto tempo tentando descobrir como ficar juntos que esquecemos completamente do que acontece depois disso.

Nenhum casal é perfeito, isso é fato. Pessoas cometem erros, pessoas possuem traumas, pessoas sentem medo e se auto sabotam quando o relacionamento fica real demais.

Pessoas podem se amar incondicionalmente e mesmo assim não dar certo.

Solto um suspiro, sentido-me exausta e considerando a possibilidade de não comparecer ao leilão hoje.

Tudo que eu preciso agora é ficar sozinha. Minha mente ainda está uma bagunça e o fato de que não consigo pensar em uma resolução para esse impasse idiota está roubando toda a minha paz... Por que talvez simplesmente não exista resolução.

Guilherme para no corredor e bate na porta do meu quarto só para se fazer presente.

— Toc toc.

Eu dedico apenas um olhar sem forças para ele.

— Sim?

— Eu só vim avisar que... Lena, você está bem? O que aconteceu?

Respiro fundo e forço um sorriso, levantando-me da cama como se pudesse sacudir a tristeza para longe.

— Estou bem, estou bem! Estava só terminando de me arrumar para o evento beneficente da Alice. Como estou? O que acha do vestido?

— Você está lindíssima, como sempre.

— Obrigada! — Olho para a mala de mão que o meu irmão está segurando. — Pensei que só iria amanhã.

— Eu adiantei a passagem, estou indo hoje à noite.

Volto minha atenção para o espelho, um pouco decepcionada.

MORDE E ASSOPRAWhere stories live. Discover now